sábado, 6 de setembro de 2008

O amor e a liberdade


A segunda leitura da liturgia deste domingo, 23º do Tempo Comum, tem como tema central o amor mútuo. O Apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos diz: “...quem ama o próximo está cumprindo a lei” (Rm 13,8). O amor faz com que as pessoas jamais se ofendam umas às outras. As crianças da favela do Recife cantavam para Dom Hélder Câmara escutar: “Só o amor constrói”. Quem verdadeiramente ama o próximo está incapacitado de fazer o mal, porque o amor nos cumula de uma força e de um poder que nos impede de fazermos o mal. O mal está fora do amor. Sendo Deus amor, o mal não provém de Deus. O mal é invenção nossa. O mal é a falta do amor no coração das pessoas. Quando a pessoa não ama, termina por fazer o mal. Jesus não fazia o mal porque vivia impulsionado pelo amor, que é o próprio Deus. Quando o livro do Gênesis afirma que somos imagem e semelhança de Deus, dessa forma afirma também que somos imagem e semelhança do amor. É por isso que podemos afirma sem medo de ser feliz: fomos criados para amar. Deus é amor e nos criou para amá-lo. Ele nos ama e quer que nós O amemos. Quando o poder do amor toma conta das pessoas, tudo se transforma e o Reino de Deus se realiza em cada pessoa amada. O Reino de Deus não é outra coisa senão a humanidade amando-se e amando a Deus. Voltar-se para Deus significa voltar-se para o irmão e amá-lo do jeito que ele é, sem indiferenças nem hipocrisias. Quem ama cumpre a lei porque jamais pode transgredi-la. O amor gera em nós uma obediência a Deus, que é bom e fiel. Paulo finaliza o texto deste domingo afirmando categoricamente: “Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei” (v. 10). Quem ama está cumprindo toda a lei. O grande Santo Agostinho também afirmou: “Ama e faz o queres”. Só o amor pode libertar integralmente o ser humano. Fora do amor o ser humano não é e nem pode ser livre nem se libertar. O amor é tudo na vida de quem segue a Jesus. Foi o amor incondicional pelo ser humano que fez Deus dar seu único e amado Filho para a redenção da humanidade (Cf. Jo 3, 16). Não houve e nem haverá prova de amor maior que a do próprio Deus por cada pessoa que nasce neste mundo. Deus nos ama e nos quer bem e a partir da vivência desta certeza é que somos felizes, porque seremos capaz de amor e sermos amados.
Também neste domingo celebra-se o Dia da Pátria, a festa da Independência do Brasil, que no calendário civil está registrado no dia 7 de setembro de 1822. A verdade é que não somos um país livre, mas que estamos trabalhando para a conquista da liberdade. Conquistar a liberdade é um processo histórico lento, que se dá na medida em que cada brasileiro toma consciência de seu papel como cidadão. O Brasil vai se libertando a partir do momento em que cada brasileiro vai se conscientizando de seus direitos e deveres. A libertação sempre foi um desejo ardente de cada ser humano em seu processo histórico neste mundo. Todos almejam a liberdade. Ninguém aceita ser escravo de ninguém. Todos nascem para a liberdade, apesar dos condicionamentos que a vida nos impõe. O fato de o Brasil ser um país em que a maioria do povo professa a fé cristã pode ajudar no processo de libertação. Mas pode também atrapalhar, caso a fé não seja essencialmente vivida e direcionada para a vivência da liberdade. Crer na democracia significa crer que se pode construir um país livre e soberano. A realidade mostra um grande retrocesso na vida política, em que a corrupção está gritando mais forte. Isto não significa que o país está perdido. A solução está no resgate dos verdadeiros valores democráticos e este resgate se dá no pleno exercício da cidadania, por meio do voto direto e das reivindicações e lutas pelos direitos humanos. Pode-se afirmar que os políticos representam o povo brasileiro, e se alguns não “prestam” é porque teve uma parcela da população que não soube votar conscientemente. Mas, apesar dos pesares da conjuntura política de nosso país, o Brasil ainda tem jeito!

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