sábado, 4 de outubro de 2008

São Francisco de Assis e a Igreja


Quando Deus quer interferir na história da Igreja e da humanidade, ele se faz presente nas circunstâncias da vida. O Deus de Jesus é um Deus presente. Os cristãos acreditam nesta presença, que é real e que também é misteriosa. É misteriosa porque nem todo cristão consegue ver a Deus nas circunstâncias da vida. A história bíblica revela que Deus se revela aos pequeninos (cf. Mt 11, 25). Esta foi a escolha de Deus: optar pelos mais fracos, pelos oprimidos, pelos desumanizados de todos os tempos e lugares. Aí está o sentido do seguimento de Jesus: fazer a mesma opção que ele fez, imitá-lo. A história da Igreja está marcada pelos testemunhos dos mártires e santos, que deram a vida por causa do Evangelho do Reino. E no grande número dos santos de Deus está Francisco de Assis, nascido no século XII. A Igreja no tempo de Francisco era a Igreja da Idade Média, voltada para a conquista do poder junto ao Estado. No discurso teológico, Deus estava no centro da reflexão (teocentrismo) e a Igreja era considerada a "dona da verdade". Foi neste contexto de Igreja que Francisco nasceu e foi educado. Inicialmente, homem rico e entregue à tudo aquilo que a riqueza poderia oferecer. A conversão do jovem Francisco deu-se no encontro com os pobres de seu tempo: leprosos marginalizados das ruas de Assis. Resolveu abraçar a Senhora Pobreza como esposa por toda a vida. Tornou-se um pobre entre os pobres. E neste despojamento de tudo que era material, iniciou seu novo projeto de vida: seguir Jesus no espírito de pobreza, na simplicidade e humildade. São Francisco fundou a Ordem dos Frades Menores, em 1209 e teve a aprovação da regra pelo Papa Inocêncio III. Qual a regra da Ordem fundada por ele? Viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo. Toda a vida de São Francisco de Assis muito questiona a vivência dos atuais cristãos em todo o Cristianismo. São Francisco faz lembrar a Igreja, já no século XII, que a Igreja deve estar do lado dos pobres, sendo pobre como os pobres. Quando Deus responde a Francisco: "Vai e reconstrói a minha Igreja", está apontando justamente nesta direação: Jesus deseja que a Igreja seja mais humilde, mais simples, mais humana, mais missionária. Ao mesmo tempo em que era um místico estigmatizado, São Francisco de Assis era o homem da ação huamana entre os humanos. Ele renunciou ao mundo vivendo humanamente no mundo, pois vivia simples e humildemente no meio dos pobres e em plena comunhão com a Mãe Natureza. Para ele toda a Criação é Irmã do homem e a missão deste é justamente viver em plena sintonia com esta natureza. Qual o legado que São Francisco deixa para a Igreja e para a humanidade? Resumidamente, podem-se dizer que são dois: o amor misericordioso pelo próximo e o cuidado com a natureza. As atitudes dele revelavam um homem que quis reconstruir a Igreja por meio do amor, porque sabia que só o amor é que converte o ser humano. Ele sabia que não eram as leis nem os dogmas da religião que convertiam as pessoas, mas o amor de Deus vivido na relação fraterna. Morreu em 03 de outubro de 1226 e em 1228 foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Tornou-se patrono da ecologia e padroeiro da Europa e um dos santos mais populares da Igreja em todo o mundo. Dom Hélder Câmara, que era devoto dele, disse: "Há homens que, vivendo profundamente a problemática do seu tempo e de seu povo, são tão humanos que permanecem como inspiração para todos os tempos e todos os povos. Francisco de Assis é um desses homens raros que, ao longo dos séculos, das latitudes e longitudes, interpelam, questionam, desinstalam".
- São Francisco, modelo de missionário do Pai,
rogai por nós!

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