sexta-feira, 15 de maio de 2009

Anjos e demônios (comentário sobre o filme)


Estréia hoje nos cinemas brasileiros o filme “Anjos e demônios”, que é uma segunda adaptação para o cinema de um livro do escritor norte-americano Dan Brown, após o sucesso do filme “O Código da Vinci” do mesmo autor. Estes filmes têm provocado reações por parte da Igreja Católica no Vaticano e nos EUA, onde o mesmo foi produzido.

Para levantarmos uma crítica a estes filmes é preciso descobrirmos a intenção do autor. A primeira delas é ganhar dinheiro. O filme “O Código da Vinci” arrecadou 758 milhões de dólares. É muito dinheiro. Mas para que um filme tenha tanto sucesso no mundo atual, precisa ser bem feito e direcionar uma crítica para alguma coisa. O escritor Dan Brown, que é íntimo da biografia e invenções de Leonardo da Vinci, pois é formado em História da Arte na Universidade de Servilha, Espanha, e leitor da História da Igreja; com inteligência e audácia juntou ficção científica e imaginação e reproduziu o que temos hoje em seus livros.

Os livros de Dan Brown pregam duas coisas: liberdade e misticismo. A sociedade pós-moderna é carente dessas duas coisas. Basta olharmos para a efervescência de sentimentos religiosos a que assistimos nos dias de hoje. O autor sabe muito bem que a população mundial passa por sérias crises e o misticismo, assim como o apocaliptismo são muito oportunos. O escritor é um autor oportunista. Ele conhece o vazio existencial e espiritual que toma conta da grande maioria das pessoas em todo o mundo. A sede pelo mistério e pelo enigmático leva as pessoas a irem ao encontro de lugares sagrados, a leitura de livros e histórias misteriosas e enigmáticas. A cultura oriental, agora pregada pela rede Globo na novela “Caminhos das Índias” é um exemplo disso. O ibope é altíssimo.

O cinema é uma arte. O homem precisa da arte para viver. A arte trabalha o sentimento e o bem-estar espiritual do homem, equilibrando-o. O cinema, a música, o teatro, a dança etc. levam as pessoas a se encontrarem e a trabalharem seus sentimentos. Cabe às obras de Dan Brown uma frase de Goethe que diz: “A obra de arte pode ter um efeito moral, mas exigir uma finalidade moral do artista é fazê-lo arruinar a sua obra”. O filme “Anjos e demônios” não expressa uma verdade sobre a fé e sobre a Igreja. Pode ser uma crítica ao conclave (eleição papal), mas não tem nenhuma ligação com o que é um conclave papal em si. Pode ser uma crítica à Igreja, enquanto instituição de influência e que exerce certo poder no mundo, mas não tem nenhuma fundamentação lógica ou verdadeira.

Dessa forma, pessoalmente não vejo nenhum problema os católicos assistirem ao filme. O filme é uma produção cinematográfica divertida. É fruto da ideologia dos filmes norte-americanos: sexo, poder, dinheiro, sucesso, drama. É uma obra de arte. E como a arte e a curiosidade mexem com o ser humano que o produz, então as seções de cinemas ficarão lotadas. Quanto mais o Vaticano condenar o filme, mais ele será assistido. “Se você acha que o filme vai atacar a sua fé, simplesmente vão vá ao cinema. Nós imploramos, por favor, não vá”, disse o ator Tom Hanks. A Igreja sabe que não pode mais interferir decisoriamente nas produções seculares. Os católicos, como todas as demais pessoas, são livres para assistir ao filme. Quem tem maturidade e entendimento sobre sua fé e a ficção saberá discernir aquilo que é verdadeiro daquilo que é falso. Sabemos que as produções cinematográficas de Hollywood são carregadas de uma ideologia consumista e capitalista muito forte. Sabendo disso, não podemos afirmar que o filme fala uma verdade que revela o que é a Igreja. O filme é ótimo para aquelas pessoas que, depois de uma semana puxada de estudos e trabalhos, desejam descansar e se divertir um pouco; assim como, aquelas pessoas que amam o cinema e uma boa produção cinematográfica. Ele em nada abala a nossa fé, porque não é provido de fundamentação para isso.


Tiago de França

2 comentários:

Unknown disse...

Ainda não assistir o filme, mas pelo trailer já deu pra vê que será mas um sucesso de bilheteria assim como "o codigo da vinci".
Eu acho que vc se precipita ao falar que um cara como Dan Brown juntou ficção científica e imaginação, tá certo que ele pode ter dado um 'toque' para o filme ficar mais interessante, mas daí dizer que não tem nada de verdadeiro em seus relatos, ai já é demais.
Outa coisa que eu achei interessante no seu blog, vc falou que o vaticano não condena ninguém que for assistir ao filme. E desde quando o vaticano tem o direito de condenar alguém?? Quem vc acha que o papa é?? O proprio Jesus pra saber o que é certo ou errado?? A igreja católicas tem perdido cada vez mais seus fieis por insistir em se meter em coisas que não tem nada a vê com ela, e também por se meter em um escandalo atras do outro, isso sem falar nas declarações absurdas dadas por seus representantes e até mesmo pelo o tal papa..
Quem não se lembra das declarações infelizes do arcebispo de Olinda – Dom José, no caso da menina de apenas nove anos, 36 quilos e pouco mais de 1,30m de altura vitima de ataques sexuais e estupros do padrasto que a levaram a uma gravidez precoce. Mais difícil ainda de esquecer é um representante da igreja ter a 'cara de pau' para excomungar a familia da menina e toda a equipe médica, após eles optarem pelo o aborto. É dizer que o padastro ou seja o estrupador cometeu um crime menor do que a mãe da menina e a equipe médica.. PELO AMOR DE DEUS!!! QUER ISSO??
Outra coisa quase tão "hilaria" quanto a declaração desse cidadão, é um papa ou seja, o maior representante da igreja católica, visitar um continente devastado pela aids (Africa) e combater o uso da camisinha, é... eu falei COMBATER, ele foi lá e pediu pra NÃO usarem a camisinha. Um pessoa como o papa falar isso em um continente onde 25 milhões de pessoas já morreram e outras 27 milhões estão contaminada pelo HIV... Só pode ser brincadeira!!!
E só pra completar ainda tem o caso daquele outro do bispo inglês Richard Williamson que nega o holocausto e considera “inflado” o número de judeus mortos na segunda guerra mundial.
Assim como vc meu caro tiago esse bispo também acha que é só ficção..
Na verdade a minha opinião é que a igreja católica é que é uma produção cinematográfica divertida!!!
Só deixando claro que não sou evangélico e não tô debatendo religião, apenas tô fazendo um comentário em cima daquilo que vc publicou em sua blog.

abraços..

Tiago de França disse...

Caro Fabrício,
que bom que o texto te provocou reflexão. Somos livres para concordar ou discordar, seja do filme, seja da Igreja. Mas, releia o texto e verás que eu não falei "que a Igreja não condena ninguém que for assistir o filme". Pelo contrário, quando falei em "reações" me referi à condenação da Igreja em relação às obras de Dan Brown, que pessoalmente não concordo com a Igreja e nem muito menos com as supostas verdades apresentadas por Dan Brown, que tem o objetivo de confundir a cabeça das pessoas. No mais, mantenho minhas palavras. Obrigado por ler o Blog e pelo comentário exposto.

Tiago de França