segunda-feira, 11 de maio de 2009

Fernando Lugo, ex-Bispo e Presidente


O caso do Presidente de Paraguai, Fernando Lugo, está sendo bem visado na mídia nacional e internacional. Faço três observações, que me inquietam desde o primeiro dia em que Fernando Lugo caiu na opinião pública:

Primeiro, antes de Presidente, ele era diácono, padre e bispo da Igreja Católica. Pelo que se sabe no Paraguai e na Conferência dos Bispos deste país, ele era um homem muito dedicado aos pobres e, segundo dizem, adepto da Teologia da Libertação. Quando a mídia paraguaia e, principalmente a brasileira, citam Fernando Lugo, antes de seu nome vem a expressão “ex-Bispo”. Enfatiza-se mais o fato de ele ter sido Bispo católico. A mídia sensacionalista quando encontra um Bispo, homem comum e sujeito à falhas, exposto à fraquezas e assumindo publicamente sua dimensão humana e pecadora, vítima da realidade afetiva-sexual-histórica de seu país, aproveita-se para denegrir a imagem da Igreja, que por si mesma já está bastante denegrida na opinião pública. Há certa intenção subjetiva de desmoralizar publicamente a Igreja e levá-la ao total descrédito no Paraguai, onde ainda é bastante forte, e além-fronteiras;

Segundo, o Papa sabe que esta não é uma realidade do Paraguai, mas de toda a Igreja. A novidade do caso Fernando Lugo é que ele não um mero padre, mas um Bispo renomado da Igreja no Paraguai, tão renomado que quando se candidatou à Presidência da República foi eleito de imediato. O caso Fernando Lugo é uma oportunidade de a Igreja rever o celibato com lei disciplinar obrigatória. Pela História da Igreja, principalmente a partir da Cristandade, sabe-se que o celibato nunca deu certo e até hoje os escândalos se acentuaram e se acentuam cada vez mais. Os jovens dos tempos pós-modernos, recusando-se à adesão ao ministério ordenado na Igreja, dão plenas provas de quem não estão nem um pouco convencidos nem motivados de serem padres tendo o celibato como valor espiritual imposto. Na verdade, valor espiritual algum pode ser imposto, pois na medida em que a imposição está presente, já deixa de ser coisa de Deus. Desta forma, ou fazem uma revisão da questão do celibato ou haverá de surgir e se insurgir outros casos para o escândalo da fé dos pobres pecadores. Mas, que fique bem claro, o ex-Bispo não pecou contra Deus, mas foi infiel à lei imposta pela Igreja. Agora, se isso é pecado, não sei!...;

Terceiro, há sem dúvida alguma, para quem já sabe como trabalha a oposição paraguaia, um forte movimento politiqueiro com o intuito de desmoralizar o Presidente utilizando-se de sua vida particular, que não tem muita ligação com a vida política, pois o fato de Fernando Lugo ter tido um ou mais casos afetivos com mulheres, não o tornará um político infiel ou desumano. É claro que se espera de um político integridade e idoneidade. Mas creio ser desmoralizante um deputado ter um castelo de 20 milhões de reais e ser corregedor da Câmara dos Deputados aqui no Brasil, do que um homem ter tido um filho durante a função episcopal da Igreja, que não tem nada a ver com política partidária.

Assim, caro leitor, pode continuar assistindo ao Jornal Nacional, pois novas notícias virão da parte do Paraguai, mas seja inteligente e não escute notícias interesseiras, seja crítico e use a razão, pois pensar liberta o homem e faz bem para a saúde mental.


José da Silva

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