quinta-feira, 25 de junho de 2009

Fazer a vontade de Deus


“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no reino dos céus, mas o que põe em prática a vontade do Pai que está nos céus” (Mt 7, 21). Estas palavras de Jesus são muito sérias. Colocar em prática a vontade de Deus, eis o desafio. Mas quem é Deus e qual é sua vontade? Para correspondermos à exigência de Jesus se faz necessário conhecermos a Deus e sua vontade. O Apóstolo João ajuda-nos a conhecermos a Deus quando diz: “E sabemos que o conhecemos por isto: se guardamos os seus mandamentos. Aquele que diz: ‘Eu o conheço’, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele” (1Jo 2, 3 – 4). Na medida em que obedecermos aos mandamentos, então conhecemos a Deus. O conhecimento de Deus não é um conhecimento pronto e elaborado, mas um processo, uma relação. É na obediência à vontade de Deus que O conhecemos.

E qual é a vontade de Deus? O mesmo Apóstolo responde: “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus” (1Jo 4, 7). A vontade de Deus é que amemo-nos uns aos outros e neste amor Ele está presente, porque Ele é o amor por excelência (cf. 1Jo 4, 8). O ensinamento é claro e fácil de ser compreendido, mas para muitas pessoas, isto é impossível. No diálogo com Maria, a serva do Senhor, diz o Anjo: “Para Deus, com efeito, nada é impossível” (Lc 1, 37), mas nós não somos deuses, e sim seres humanos, limitados. Será que Deus iria nos pedir algo que nós não poderíamos realizar?... Penso que não! Ao mesmo tempo penso que, confiando no poder e na graça de Deus, todos podemos cumprir seus mandamentos; também creio que nossas limitações não permitem um cumprimento pleno de sua vontade. Que dilema! Para entendermos melhor, vejamos o que nos disse o Apóstolo Paulo: “Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto” (Rm 7, 15). Creio que somente Jesus Cristo guardou plenamente os mandamentos de Deus e o obedeceu fielmente (cf. Jo 15, 10).

Sabemos que somos imperfeitos e limitados, logo ninguém nos pode exigir perfeição, apesar de Jesus nos ter pedido isto (cf. Mt 5, 48); da mesma forma, não podemos exigir que os outros sejam perfeitos. Somente o Deus Uno e Trino é perfeito. O seguidor de Jesus caminha para a perfeição, mas sua condição é limitada. Por isso que acreditamos no que diz o salmista: “Tu Senhor, Deus de piedade e compaixão, lento para a cólera, cheio de amor e fidelidade” (Sl 86, 15). Não podemos acreditar que Deus seja vingativo, que se aproveita de nossos erros para nos castigar; pois quem suportaria um deus desses?... O Pai de Jesus e nosso Pai nos conhece muito mais do que nós mesmos nos conhecemos. Ele não exige o que não podemos realizar, porque assim Ele não seria justo. É verdade que não podemos usar de nossa condição para não procurarmos fazer a vontade divina, pois seria injusto de nossa parte. É Deus que nos auxilia com sua graça no cumprimento da vontade divina, porque sem a graça de Deus não podemos amar a Deus e ao nosso semelhante como Jesus pediu.

Pode parecer utópico e para alguns, ultrapassado; mas o amor é a única saída que temos para nos libertarmos da crise de humanidade à que a humanidade está sujeita. A Igreja nunca deve cansar de ensinar ao mundo, que é o amor que humaniza o homem e o faz encontrar-se com a verdadeira vida e felicidade. Em um mundo tomado pelo ódio e pela vingança, que geram a intolerância e as guerras entre países, a mensagem cristã do amor é atual e necessária. Quem ama faz a vontade de Deus, conhece a Deus e permanece em Deus. Quando os homens são iniciados no amor e amam de verdade, o mundo melhora e a felicidade começa a existir; do contrário, quando tomados pelo ódio e pela vingança, a espécie humana é totalmente ameaçada, porque o ódio e a vingança geram a destruição e a morte. Assim pensava Santo Agostinho: “Ama e faz o que quiseres. Se calares, calarás com amor; se gritares, gritarás com amor; se corrigires, corrigirás com amor; se perdoares, perdoarás com amor. Se tiveres o amor enraizado em ti, nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos”. Precisamos acreditar no amor e, apesar de tudo, vivenciá-lo.


Tiago de França

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