terça-feira, 9 de junho de 2009

A misericórdia de Deus


No discurso religioso e em nossa vida de fé costumamos falar muito da misericórdia de Deus. No evangelho segundo Lucas está escrito: “Sede misericordiosos como vosso Pai do céu é misericordioso” (6, 36), estas são palavras de Jesus. Ele pede-nos para sermos misericordiosos a exemplo de Deus Pai. Isso significa que aprendemos com o Pai a sermos misericordiosos. Mas como se dá a misericórdia de Deus?

A compreensão da misericórdia de Deus está ligada com o conceito de bondade. Deus é eternamente bom e porque é bom, é misericordioso. Sumamente perfeito, Deus conhece as imperfeições humanas e vem ao encontro do homem, auxiliando-o com a sua graça. Deus tem misericórdia do homem porque Ele o ama. É no amor de Deus que se revela a sua misericórdia para conosco, e é na misericórdia de Deus que se manifesta o amor de Deus por cada um de nós.

Sobre a misericórdia de Deus, disse São Vicente de Paulo: “O segredo mais íntimo de Deus é a Misericórdia. A liturgia indica-a como própria de Deus, que se deixa inspirar para tal. Que Deus se conceda dar-nos estes sentimentos de misericórdia e de compaixão, em abundância, e a mantê-los sempre vivos em nós” (XI, 341). Quando suplicamos e clamamos a misericórdia divina, Deus não nos abandona nem nega-nos seu perdão. Somos acolhidos pela misericórdia de Deus. A maior prova de que Deus é misericordioso é a vinda de Jesus para a nossa remissão e salvação. Deus, infinitamente santo e bom, compadeceu-se de nossas faltas, enviando-nos Jesus. A vinda de Jesus a este mundo, sua paixão, morte e ressurreição são a maior prova de amor de Deus por cada homem e cada mulher.

A Igreja é convidada a ser um sinal de misericórdia no meio do mundo. Ela não pode ser a juíza da humanidade, pois esta não é a sua missão. A missão da Igreja é levar as pessoas a construírem o Reino de Deus no exercício cotidiano do amor e da misericórdia. No cap. VII, n. 13 da Encíclica Dives in misericórdia está escrito: “A Igreja professa a misericórdia de Deus, a Igreja vive dela na sua vasta experiência de fé e também no seu ensino, contemplando constantemente a Cristo, concentrando-se n’Ele, na sua vida e no seu Evangelho, na sua Cruz e Ressurreição, enfim, em todo o seu mistério”. A história da Igreja não deixa mentir e nos ensina que, quando a mesma se esqueceu de viver a misericórdia divina oprimiu e extinguiu a vida de muitas pessoas. Não cabe à Igreja julgar e condenar o homem e a sociedade, mas apontar-lhes o caminho de Jesus, que é o caminho do amor e da justiça.

Em nossas relações interpessoais precisamos aprender a sermos misericordiosos. Se quisermos que Deus continue tendo misericórdia de nós, então precisamos aprender a sermos misericordiosos com os outros, pois como nos ensinou Francisco de Assis: “... é dando que se recebe, é perdoando que se é perdoado...” A misericórdia não pode ficar no campo do discurso e do conceito, mas na prática cotidiana de quem segue a Jesus. O seguimento de Jesus exige a vivência da misericórdia e da compaixão. Talvez, se as pessoas fossem mais misericordiosas e compassivas, o nosso mundo seria melhor e o homem fosse mais humano. Não permitamos que a insensibilidade e o ódio tomem conta de nossos corações e de nossas relações, pois somos chamados a amar, misericordiosamente.


Tiago de França da Silva

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns Tiago, continue sempre firme na sua caminhada que estarei torcendo por voce. Suas palavras são muito esclarecedoras.

um abraço,

Lucas Moura.
Resgatai-GSV

Tiago de França disse...

Caro Lucas,
obrigado pelas palavras. Conto com sua amizade e oração.

Abraços!