quinta-feira, 18 de junho de 2009

O perdão


“De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram,
vosso Pai que está nos céus também vos perdoará.
Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará
as faltas que vós cometestes”
(Mt 6, 14 – 15).

O perdão é um dom e uma experiência de Deus. Todos os homens pecam e necessitam do perdão divino, pois somente Deus é que tem o poder de perdoar. No versículo acima, Jesus apresenta uma exigência para se receber o perdão de Deus: perdoarmos a quem nos tem ofendido. Humanamente, é um pouco difícil perdoarmos às pessoas que nos ofendem, pois toda ofensa machuca e até revolta as pessoas. Sempre somos tentados a não perdoarmos a quem nos tem ofendido, principalmente quando somos plenamente vítimas da situação. Procuramos sempre nos justificar afirmando sempre que a culpa foi do outro e que este é que deve implorar nosso perdão.

A discórdia é um mal na Igreja e na sociedade. Na Igreja, quando os cristãos não se unem e vivem a competição entre si, não aceitando o jeito de ser do outro e excluindo-o da comunidade. A discórdia na vida de Igreja gera o farisaísmo, pois pensamos estar seguindo a Jesus tendo inimizade com nosso irmão. Para sermos Igreja precisamos viver unidos, pois a unidade foi vivida e é querida por Jesus. No seguimento de Jesus precisamos aprender a vivermos unidos no amor, e o perdão é essencial neste aprendizado. O perdão aproxima e reconcilia as pessoas no mesmo ideal da fé. Não podemos seguir o mesmo Cristo trilhando o caminho da discórdia.

Há pessoas que sentem muita dificuldade em perdoar as ofensas sofridas. Escutando certos relatos vejo que são até compreensíveis certas situações, pois as pessoas encontram-se bastante tristes e abatidas, porque foram profundamente humilhadas. Quando não unimos as nossas humilhações às de Jesus, toda humilhação torna-se revoltante e gera ódio no coração e vingança nas relações. Infelizmente, as relações em nosso mundo atual estão pautadas no ódio e na vingança e isto resulta na intolerância. Esta está presente nas Igrejas (intolerância religiosa) e na sociedade. Pessoas intolerantes não suportam as fraquezas do próximo, não compreendem a si mesmas, geralmente são revoltadas e inimigas da unidade e da paz.

O perdão é um exercício constante na vida da pessoa. Antes de tudo, é preciso perdoar-se. Quem não se perdoa, não consegue perdoar o outro. O perdão está intimamente vinculado ao amor, pois somente quem verdadeiramente ama é quem está preparado para perdoar e ser perdoado. O amor cultiva em nós o dom do perdão e nos ensina a perdoar. O versículo acima deixa bem claro, que é perca de tempo implorarmos o perdão de Deus se nos recusarmos a perdoar nossos irmãos. O mesmo Deus que exige o perdão é quem dá a graça de vivenciá-lo. A Igreja e o mundo precisam de pessoas misericordiosas, pois somente quem perdoa e é perdoado pode viver em paz. Esta, além de ser fruto da justiça, também é fruto do perdão. Que o Deus da vida nos perdoe, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.


Tiago de França

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