sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

As músicas do Padre Fábio de Melo


Em todos os lugares por onde passo, quando visito as famílias, sempre escuto músicas do Padre Fábio de Melo. As rádios católicas costumam tocar músicas dele. Algumas pessoas têm me perguntado sobre o que penso do Padre Fábio de Melo e de suas músicas. E já que tenho um Blog na Internet e costumo escrever algumas linhas sobre vários temas, então resolvi escrever sobre as músicas do Padre Fábio de Melo. Inicialmente, quero que fique bem claro, que não irei escrever contra a pessoa do Padre, mas irei avaliar o conjunto de sua obra musical à luz da Palavra de Deus e da missão da Igreja no mundo. Certamente, os fãs do Padre não irão gostar de minha avaliação, pois pelo que vejo nas comunidades, a maioria se deixa levar pelo rítimo e pela sonoridade da voz do cantor e, muitas vezes, até pela sua beleza física!

Depois de ter escutado algumas músicas do cantor e de ter lido algumas letras cheguei a algumas conclusões, que ouso partilhar com o devido respeito que se deve ter a um padre católico e ao conjunto de sua obra. Percebo certo romantismo nas músicas, apesar das letras serem de teor religioso. Como é este romantismo? A maneira como as músicas são cantadas e o conteúdo da letra transmite o que chamo de romantismo religioso, ou seja, uma maneira apaixonada de falar de Deus. O Padre consegue cantar o Deus de amor que se revela em Jesus. Trata-se de um romantismo envolvente que vai ao encontro da multidão carente de fiéis, que vivendo num mundo angustiante e depressivo, encontra na música do cantor um alívio momentâneo. Este alívio pode ser traduzido por uma dose de êxtase que se recebe na escuta atenta e envolvente da música. Segundo os que as escutam constantemente, as músicas tocam a alma e tranqüiliza o espírito perturbado pelos problemas cotidianos.

Este espírito tranqüilizador das músicas do cantor é que faz o mesmo ser escutado e comprado. Numa sociedade que leva as pessoas à depressão e à falta de controle, tais músicas são bem-vindas porque anestesiam os ouvintes, levando-os a gozar a paz interior. Esteticamente, o cantor se envolve com a letra e com a melodia da música e desta forma toca os corações dos ouvintes, levando-os a crer que Deus resolve todos os problemas daqueles que confiam e crêem em seu poder. Tais músicas levam as pessoas a se entregarem sem reservas ao Deus que tudo sabe e tudo pode, intensificando uma experiência filial e amorosa com Aquele que nos ama incondicionalmente. Tudo é belo porque faz bem. A espiritualidade transmitida é a da paz sem conflitos, ou seja, aquela paz que se consegue numa relação direta com Deus, sem a interferência do outro, nem do mundo. Este precisa se abandonado.

Até aqui os fãs do cantor estão concordando plenamente, pois é assim que compreendem e sentem as músicas. Vamos responder a uma indagação inquietante que nos levará a refletir de forma mais profunda as músicas do Padre Fábio de Melo:

- Qual a ligação que existe entre as músicas e o projeto do Reino de Deus?

Em relação às músicas penso que não é necessário falar mais nada, pois elas falam por si mesmas. As linhas de pensamento que apresentei são suficientes. Falemos agora do Reino de Deus. A oração do Pai nosso diz: “... venha a nós o vosso reino...” Isto quer dizer que o Reino de Deus vem a nós. Isto significa ainda que o Reino de Deus não vai acontecer numa outra dimensão, afinal de contas não há outro mundo senão este no qual habitamos. A espiritualidade do Reino de Deus nos leva a nos comprometer com o amor, com a justiça e com a paz. O amor gera a justiça e esta gera a paz. Os fãs do cantor podem argumentar dizendo: “Mas as músicas do Padre Fábio de Melo falam do amor!” Diante desta argumentação, pergunto: A que tipo de amor ele se refere nas músicas? Se falarmos do amor que gera a justiça, precisamos levar as pessoas a praticarem o amor na prática da justiça.

O amor de palavras é diferente do amor de atos. O amor do romantismo é o amor dos enamorados. Não sou contra este tipo de amor, afinal de contas somos seres de afeto, necessitamos do amor para viver. Para me fazer entender melhor, formulo outra indagação: A que me leva o amor que sinto? Se o amor que sinto não me leva a nada, mas somente a me sentir bem, este não é o amor de Deus. Na vivência do amor de Deus a máxima “sentir-se bem é o que interessa” não tem valor algum. O amar para somente se sentir bem marginaliza a prática da justiça, porque ao me sentir bem não preciso me preocupar com a vida do outro que não está bem. No fundo, trata-se de um amor egoísta e amor egoísta não é amor, mas narcisismo.

No projeto do Reino de Deus quem ama pratica a justiça e esta prática está intimamente ligada a este mundo. Por isso, toda música que se julga cristã precisa levar as pessoas à prática da justiça e não à negação da mesma. No vocabulário e na linguagem que compõem o projeto do Reino de Deus encontramos as seguintes palavras: amor, justiça, transformação, mundo, pobres, compromisso, respeito, partilha, solidariedade etc. Convido os fãs e os ouvintes das músicas do Padre Fábio de Melo e de outros como as do Padre Marcelo Rossi, a procurarem nas letras das músicas tais palavras, logo verão que elas não fazem parte do projeto musical de tais cantores. E porque não fazem parte? Porque a preocupação não está voltada para a construção do Reino de Deus, mas para o sucesso.

Cantar o projeto do Reino de Deus não dá ibope nas emissoras de rádio e TV. Por quê? Porque elas não estão preocupadas com a situação emergente do mundo, mas em ganhar dinheiro e prestígio social. Cantar o projeto de Jesus no mundo não vende CDs e DVDs, pois se trata de uma linguagem profética que incomoda aquelas pessoas que acreditam em Jesus, mas que não tem coragem de aderir a seu projeto de amor e de justiça. Por isso, a grande maioria dos cantores católicos e evangélicos da atualidade está preocupada em ganhar dinheiro e fama, e para que isto aconteça, o cantor precisa cantar o que o ouvinte quer ouvir: músicas que não perturbem a consciência. Tais músicas não formam a consciência autenticamente ética e cristã comprometida com a transformação do mundo.

Para que o leitor não fique pensando que eu não gosto de músicas religiosas, convido-o a escutar as músicas do cantor Zé Vicente e do Padre Zezinho, scj. Este último, aos poucos, está como que “desaparecendo” do cenário da música católica, porque na opinião de muitos, suas músicas se tornaram ultrapassadas por não falar do êxtase do amor de Deus. O primeiro é conhecido nas Comunidades de Base da Igreja, pois canta a vida do povo, aquilo que o povo vive. O cantor religioso precisa cantar a realidade vivida pelo povo e não ficar pairando realidades desconhecidas ou levando as pessoas a se entregarem a sentimentos anestésicos e muitas vezes, alienantes.


Tiago de França

6 comentários:

Anônimo disse...

MEU CARO NA VERDADE VC NÃO ENTENDEU NADA DAS MÚSICAS E DO TRABALHO DE PE FÁBIO.FILOSOFOU....FILOSOFOU... E O QUE DÁ PARA PERCEBER É MTA INVEJA,DESPEITO E VONTADE DE SER, MAS INFELIZMENTE DESTA FORMA NUNCA SERÁ.SE QUISER SER MISSIONÁRIO POR PROFISSÃO(RELIGIOSO)PROCURA TER CARISMA,EMPATIA E SIMPATIA .CALA-TE BOCA E PENSE E REFLITA MAIS.QUE DEUS O ABENÇÕE E LHE DÊ SABEDORIA E DICERNIMENTO. ÍCARO TO

Tiago de França disse...

Meu caso Ícaro, és livre para concordar e discordar. Este é o meu pensamento. Quanto a calar-me, agradeço pela sugestão, mas não irei fazê-lo. Que bom que o texto inquietou tua consciência. Procure pensar mais na vida e procurar saber o verdadeiro sentido das coisas. Obrigado pela leitura e pela opinião. Sejas feliz!

Anônimo disse...

vC NÃO ENTENDEU NEM O QUE DISSE.NADA INQUIETOU MINHA CONSCIÊNCIA,POIS SOU CONCIENTE DO QUE FALO E REFLITO, E QUE OCORRE É QUE ME ABORRECI COM O COMENTÁRIO,POIS FOI O PRÓPRIO JESUS QUE PREGOU O AMOR E QDO SE TEM AMOR A DEUS TDO QUE VC ¨PREGOU¨É CONSEQUÊNCIA LÓGICA.PE FÁBIO CONSEGUE DESPERTAR ESSE AMOR INCONDICIONAL A DEUS E MOSTRA O QTO ELE É MISERICORDIOSO.NÃO POSTAREI MAIS .FIQUE COM DEUS.ÍCARO TO

Tiago de França disse...

Caro Ícaro, não te preocupes, nem te inquietes. Tu és livre para continuar gostando do cantor e de sua obra musical. Ninguém me tira o direito de escrever sobre o que eu quiser. É normal que tenhamos pontos de vista diferentes. Você precisa aprender a lidar com o diferente. Procure analisar melhor o teu gostar e teu sentir. Repito: o amor que Deus tem por nós deve nos fazer mais humanos e nos levar ao encontro daqueles que mais sofrem. E em nossa América sofrida, a Igreja entende o amor de Deus na vivência da fé e na opção preferencial pelos pobres, como você pode conferir no Documento de Aparecida. Fique a vontade para ler e comentar, afinal de contas, a boca falar daquilo que o coração está cheio, disse-nos Jesus. Sejas feliz!

Anônimo disse...

Caro amigo posições como essa demonstram a verdadeira briga que existe dentro da igreja católica, renovação carismatica x comunidade eclesial de base, isso e um fato verdadeiro que muitos falam que não existe, e que acaba no final deixando que as pessoas se afastem da igreja católica, falao isso porque acontece em minha Paróquia, puxado pelo padre que não gosta de renovação carismatica, fazer o que né, isso tudo poderia acontercer em plena harmonia, mas o HOMEM não deixa.

Tiago de França disse...

Caro Ícaro, a Igreja é formada por diversos carismas e cada carisma possui sua especificidade. Também temos na Igreja diversas correntes de pensamento. Tudo é muito enriquecedor quando todos aprendem a viver o respeito e a tolerância. A profissão de fé na Igreja não é sinal de uniformidade ou padronização.

Feliz Natal para você!