segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Dilma Vana Rousseff, Presidente da República Federativa do Brasil


Há pessoas que colocam a suas energias e inteligência a serviço do que podemos chamar de profecia da desgraça e devem ser chamadas de profetisas da desgraça. O que fazem e quem são essas pessoas? Quem conhece a Bíblia, livro sagrado dos judeus e dos cristãos, encontrará os profetas da Corte e os profetas de Javé. Os da Corte são aqueles que viviam a serviço do rei e da legitimação de seu poder opressor. Os falsos oráculos destes profetas serviam para levar as pessoas a acreditarem no rei, divinizando-o. O poder opressor era legitimado pelos deuses, e os profetas da Corte eram como que pontífices, pontes que faziam a ligação entre o rei e os deuses.

Por outro lado, temos os profetas de Javé, perseguidos pela Corte. O motivo das perseguições é fácil de entender: Os profetas de Javé alimentavam e despertavam a esperança do povo oprimido. Javé, o Deus único e verdadeiro escolheu ficar do lado dos oprimidos, promovendo a sua libertação integral, e se serviu de mulheres e homens que se tornaram profetas da esperança. Estes profetas e profetisas viviam no meio do povo, na labuta cotidiana dos oprimidos, anunciando a Palavra de Javé e denunciando os crimes cometidos pelos reis e seus aliados criminosos. Já os profetas da desgraça formavam uma casta sacerdotal, uma elite de religiosos, que sustentados pela Corte, nesta viviam, afortunadamente.

Até os dias de hoje, podemos encontrar os profetas da desgraça e os da esperança. Os primeiros desejam, ardentemente, a morte do povo; os últimos, a vida plena. Os profetas da desgraça fundamentam a sua ação na mentira, no ódio, na violência, na desunião, na alienação e numa falsa aparência religiosa. Eles gostam de símbolos religiosos e valorizam, exacerbadamente, o discurso fervoroso. Os profetas da esperança optam pela discrição, pela verdade, pela coragem e ousadia, são destemidos e estão em plena comunhão com os sofrimentos e anseios dos marginalizados. Eles esperam por dias melhores numa luta incansável, até as últimas conseqüências.

Outro aspecto que precisamos salientar refere-se ao novo que surge. Os profetas da esperança inauguram o novo, a novidade no mundo. O ser humano, geralmente, é desconfiado com o novo, pois se apega com facilidade aquilo que é velho; mesmo que o que se apresenta como velho não esteja ajudando mais em nada. O apego ao passado e aquilo que é vencido se deve, muitas vezes, ao fato de que seja mais cômodo. A estagnação é o caminho percorrido pelas pessoas que não tem coragem de sair do lugar. Muita gente encontra na estagnação certa segurança. Os profetas da desgraça vêm sustentar esta estagnação impondo medo nas pessoas. Conduzidos pelo Espírito do Senhor, os profetas da esperança tem o olhar no horizonte. Eles acreditam que somente a partir do novo é que pode surgir um mundo melhor.

Jesus de Nazaré foi o maior exemplo de profeta da esperança. Antes de ser reconhecido como o Filho de Deus, as pessoas o reconheciam como o grande profeta enviado a este mundo. Todo o Evangelho mostra, claramente, a missão de Jesus: Despertar e alimentar a esperança dos empobrecidos. Ele levou esta missão até as últimas conseqüências, até a morte na cruz. Esta morte não ocorreu por premeditação, mas foi conseqüência de sua opção pelos empobrecidos. Jesus enfrentou, corajosa e profeticamente, as elites opressoras e seus profetas, desmascarando suas mentiras e denunciando seus crimes. Seguramente, fariseus e doutores da Lei podem ser intitulados profetas da desgraça, portanto, profetas a serviço da Corte.

Em outubro de 2002 ocorreu uma grande novidade no Brasil: um operário foi eleito Presidente da República. Por que foi uma novidade? Quem tem conhecimento da história republicana do Brasil não precisa de muitas explicações. Depois dos marechais vieram os coronéis e depois destes os militares tomaram o poder no Brasil. Depois destes foi a vez dos neoliberais. Mas a novidade surge somente em 2002, com Luís Inácio LULA da Silva. Um homem com nome, rosto e história da gente pobre, um homem que tem a sensibilidade de chorar ao lembrar-se das origens e ao ver o sofrimento do povo pobre de seu país, o Presidente que transformou o Palácio do Planalto em casa comum dos brasileiros.

Os profetas da desgraça diziam: É amigo de Fidel Castro, o comunismo vai ser implantado no Brasil; é amigo dos sem-terra, estes invadirão todas as propriedades privadas e o país vai se transformar numa desordem total; é um analfabeto, não vai saber governar, não vai terminar nem o primeiro mandato etc. etc. etc. Frustraram-se, completamente, os profetas da desgraça com suas desprezíveis previsões. O Presidente LULA conclui seu mandato com os maiores índices de aprovação da história e o povo brasileiro está vivendo cada vez melhor.

Dentre as conquistas do Governo LULA destacam-se as seguintes: 31 milhões de pessoas entraram para a classe média e 28 milhões saíram da pobreza absoluta; 530 reais, valor salário mínimo (291, 31 dólares); inflação de 4, 49%; juros de 10, 75%; 12, 6 milhões de família no Bolsa Família; 30 mil equipes no Saúde da Família; 1.347 cidades com o SAMU 192; 214 Escolas Técnicas Federais; 14 Universidades e 117 novas extensões (esta é uma das maiores conquistas, pois no Governo FHC só foi criada 1 Universidade, em função da criação do Estado do Tocantins); 400 mil famílias com dinheiro na mão para comprar a casa própria, pagamento da dívida com o Fundo Monetário Internacional.

A vitória de Dilma Vana Rousseff no dia 31 de outubro do corrente ano deve-se às conquistas do Governo LULA. Ela foi a candidata de LULA, mulher de sua inteira confiança e uma das responsáveis pelas conquistas acima mencionadas. Neste ano de 2010 surge mais uma novidade na história do Brasil: Uma mulher eleita Presidente da República. Esta novidade tem um detalhe emocionante: Além de ser a primeira mulher eleita Presidente, tal eleição é o resultado da confiança do povo brasileiro na pessoa do Presidente LULA. Uma mulher sucede um operário. Esta novidade já entrou na história e os estudantes das Escolas e Universidades tomarão conhecimento deste histórico e feliz acontecimento.

A vitória de Dilma Vana Rousseff confirma a palavra insistente do Presidente LULA: “A democracia está se consolidando neste país”. O verbo no gerúndio é sinal de que estamos no caminho certo, de que muita coisa ainda se tem para realizar, mas para que tais projetos e sonhos sejam realizados é necessário que tenhamos governantes empenhados com o autêntico sonho de todos os brasileiros: um país melhor para todos, mais justo e menos desigual. Os mais de 55 milhões de brasileiros e brasileiras, que votaram em Dilma Vana Rousseff, compreenderam que se deve caminhar para o futuro, sem ilusões, com pé no chão e mangas arregaçadas.

A maioria do povo brasileiro não acreditou nas mentiras e falácias dos profetas da desgraça. Durante a campanha eleitoral eles se mostraram mais vivos e ousados do que em 2002 e 2006. Mais uma vez, eles semearam mentiras das mais venenosas que já tomamos conhecimento. Recebi e-mails absurdos com conteúdos a respeito de Dilma Vana Rousseff. Eles acusavam-na de ser abortista, terrorista, assaltante de banco, assassina, atéia, lésbica, comunista, autoritária, ambiciosa, orgulhosa, prepotente e tantas outras coisas horríveis. A Internet se tornou um dos instrumentos mais eficientes de calúnias e difamações de toda espécie, mas a maioria do povo não acreditou nelas.

Quando os temas aborto e casamento gay foram intrometidos por membros do clero católico e de outras Igrejas, a situação piorou. Tal intromissão revelou que os profetas da desgraça não estão somente nos diversos setores da sociedade e na mídia, mas também e, sobretudo, nas Igrejas. Mesmo sabendo que o Estado é laico, os profetas da desgraça não se intimidaram: Usaram o nome de Deus e a opção evangélica pela defesa e promoção da vida para posicionarem-se, partidariamente. Quando o candidato José Serra percebeu o apoio explícito de tais profetas, aproveitou-se para demonstrar, farisaicamente, a sua religiosidade: Declarou-se a si mesmo como homem do bem, da justiça e da integridade moral. O candidato chegou a apelar para a leitura e meditação da Bíblia em pleno horário político eleitoral, mas o povo não se deixou enganar pela falsa e oportunista religiosidade.

O mapa das eleições revela que Dilma Vana Rousseff não terá muitas dificuldades para governar, pois tem a maioria no Congresso Nacional (Câmara e Senado) e a maioria dos Governadores. Além desse apoio político necessário, a amizade e a orientação do Presidente LULA e sua própria competência profissional (formada em Economia) serão elementos imprescindíveis. Com isto, os profetas da desgraça não terão muito que fazer, a não ser, se utilizarem da reserva de ódio e vingança que possuem e viverem a sua triste vocação: torcer para que tudo dê errado. O mapa também mostra, nitidamente, que a vitória da candidata do Presidente LULA representa a vitória da maioria empobrecida do país. Isto é perceptível no resultado das eleições no nordeste brasileiro, onde se encontra a maioria dos empobrecidos.

Concluo esta reflexão com a firme esperança de que o Brasil continuará crescendo. Acredito que as desigualdades, aos poucos, serão superadas. Tudo é processual e gradativo, nada se resolve do dia para a noite. Torçamos, pois, a fim de que a primeira mulher eleita Presidente do Brasil possa desenvolver um bom Governo, tendo em vista o bem comum da nação. Nosso país tem futuro e o povo brasileiro manifestou nas urnas a sua crença esperançosa neste futuro. Peço ao Deus da vida e dos empobrecidos que abençoe a nossa Presidente eleita e a todo o povo brasileiro. A este povo manifesto os meus parabéns pela maturidade manifestada na escolha livre e consciente.


Tiago de França da Silva
Belo Horizonte – MG, 1º de novembro de 2010.

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