sábado, 6 de novembro de 2010

O caminho que conduz à santidade


“Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7, 14).

Há um caminho que conduz à santidade. Este caminho não está fora deste mundo. Muita gente o procura numa outra dimensão, mas frustra-se na procura. Há pessoas, ainda, que morrem sem ter encontrado o caminho. E o pior é que muitas destas pessoas são muito religiosas. O caminho não pode ser confundido com a religião nem com suas leis e tradições. Estas, às vezes, desviam as pessoas do caminho. Tal desvio ocorre, sutil e piedosamente. As leis e tradições dão segurança aos crentes, mas no caminho da santidade tal segurança não existe.

Só pode ser considerada santa, a pessoa que se colocou no caminho da santidade, do contrário, só há desejo, engano, confusão e frustração. A coragem e a ousadia fazem parte da vida da pessoa santa, porque esta se arrisca num caminho incerto, inseguro, estreito e pedregoso. Neste caminho, a pessoa não sabe de onde veio nem para onde vai. Sem seguranças, a pessoa é orientada pelo Espírito Santo. Este está acima das leis e tradições e as ultrapassa. Somente o Espírito Santo é quem guia a vida de quem se coloca no caminho. Este mesmo Espírito nunca revela, plenamente, o que vai fazer. Sua dinâmica é inesperada, sua inspiração é sempre nova. O Espírito gera o novo no caminho.

O caminho que conduz à santidade é feito de coisas novas, de novidades. A pessoa que se encontra neste caminho nunca envelhece. Trata-se de uma pessoa sempre nova, rejuvenescida e livre. Livre porque somente o que é novo liberta, entusiasma e empurra para frente. Conduzida pelo Espírito, a pessoa é lançada no mundo. Não há fuga nem medo do mundo. Uma das novidades do caminho é que a pessoa se santifica no mundo e para o mundo. Somos alma e corpo, somos espíritos encarnados. Uma das condições para que se permaneça no caminho é manter-se na carne. O Espírito faz brotar a vida na carne. Esta, na pessoa que se coloca no caminho, não é sinônimo de maldição ou pecado.

O Espírito foi enviado para santificar a vida do mundo e a do povo de Deus. Trata-se da presença criadora e renovadora de Deus, presença que cria e renova na e para a liberdade. Ser santo e/ou santa é ser livre. Somente o Espírito é quem pode promover esta liberdade. Esta, plenamente, destituída de adjetivos que a condicionam. A liberdade promovida pelo Espírito transforma, interiormente, a pessoa. Esta transformação está para a transformação do mundo. A pessoa é transformada para falar e agir no mundo. Quando fala, não fala de si nem para si, mas para a edificação das pessoas, despertando nelas a esperança. Quando age, não age segundo seus próprios interesses, mas tendo em vista a construção do Reino de Deus.

Não existe santidade sem referência com o Reino de Deus, pois o caminho que conduz à santidade leva ao Reino. A pessoa se santifica construindo o Reino. Assim, se as práticas da lei e das tradições não convergem para o Reino, seguramente, não santificam a pessoa. Tais práticas não fazem parte do caminho e podem, sem nenhum dano à pessoa, serem evitadas. Por mais sagradas que pareçam as práticas, mas se não existem em função do Reino de Deus, não servem para nada. Há pessoas que pensam que obedecendo a tais práticas estão se santificando. Pura ilusão!...

Muita gente pensa que os santos foram aquelas pessoas que obedeceram, fiel e inquestionavelmente, às leis, tradições e às práticas religiosas. Quem assim pensa exclui, totalmente, da vocação à santidade as pessoas que não praticam tal obediência. Na Igreja tivemos e temos muitas pessoas santas que viveram e que vivem tal obediência, ma esta não é o caminho da santidade. Antigamente, a Igreja pensava que era assim: Somente os consagrados e ordenados (Padres, Bispos, Monges e Monjas etc.) é quem podem ser santos, porque eram considerados os ungidos do Senhor. A vocação à santidade não era universal, porque somente os ungidos eram os possuidores das devidas condições para a observância fiel dos preceitos divinos e eclesiásticos.

Quando descobriram que o Espírito Santo sopra onde e em quem ele quer, então proclamaram a vocação universal à santidade. Muita gente, na hierarquia da Igreja e fora dela, ainda está descobrindo e tentando aceitar tal vocação. A história mostra que tentaram aprisionar o Espírito, mas não conseguiram e jamais vão conseguir, pois o Espírito é livre e libertador. O Espírito não está nas estruturas nem nas leis, não está preso a uma Igreja ou denominação, mas está presente no mundo e nas pessoas. O Espírito legitima e confirma o que ele quer, não o que os homens querem ou desejam. Ninguém domina o Espírito nem o manipula.

Os santos são guiados por este mesmo Espírito. Eles estão dentro e fora das Igrejas e das religiões. Os santos procuram viver segundo a vontade de Deus até as ultimas conseqüências. Eles vivem numa inquietação constante, porque nunca se acomodam nem se satisfazem com o mundo. Ninguém consegue enquadrá-los nos moldes deste mundo, porque são cidadãos da pátria futura, cidadãos do Reino de Deus. Neste, os moldes e os valores são outros, não existem governantes nem governados. No Reino de Deus, a justiça e a paz igualarão os homens e os farão, plenamente, felizes.

O caminho que conduz à santidade é o caminho de Jesus de Nazaré. Somente a pessoa que se colocar neste caminho é quem pode ser considerada santa. Não se trata de um caminho de perfeição, pois esta pertence a Deus, mas de um caminho de virtudes e de pecados. São muitas as pessoas que derramaram e derramam o sangue ao trilhar o caminho de Jesus. A experiência dos mártires nos ensina que se trata de um caminho perigoso. Quem se deixa dominar pelo medo da morte não pode trilhá-lo. Quem se coloca neste caminho perde o medo da morte, não procura ganhar a própria vida, mas perde-a para ganhá-la, plena e verdadeiramente.

As pessoas que não têm coragem de trilhar o caminho de Jesus procuram se refugiar nas seguranças oferecidas pelo mundo e pela religião. Assim, tivemos, temos e teremos pessoas de vasta cultura, dotadas de poder, prestígio e riquezas, que vivem à margem do caminho de Jesus. Algumas destas pessoas têm até uma vida íntegra, pautada na obediência aos preceitos e práticas religiosas, mas o núcleo do seguimento de Jesus de Nazaré não se encontra aí, não consiste na busca incessante da vida pessoal íntegra. Tais pessoas não correm nenhum risco, não incomodam ninguém com suas palavras e posturas.

Os verdadeiros seguidores de Jesus, os santos, conseguem ter uma vida íntegra sem viverem submetidos à lei. O Espírito os torna íntegros sem precisar que vivam preocupados com a lei. Dizia um Padre do deserto: “Dizem que obedeço cegamente à lei, mas confesso que não a conheço. A lei que conheço é a lei do Espírito: a liberdade”. O Espírito nos santifica na liberdade dos filhos e filhas de Deus e nos faz construtores do mundo futuro que há de vir.


Tiago de França

4 comentários:

Anônimo disse...

Penso que o caminho à santidade consiste justamente nesta direção mesmo.Há muitas pessoas que confunde o verdadeiro sentido ou o que vemnha a ser santidade. a pessoa de jesus de Nazaré de fato, foi e sempre será o exemplo mais significativo desde modelo de caminho, ou melhor ele é este caminho.
Parabenizo, vc Tiago por nos ajudar fazer esta reflexão.
Que Só tem a nos ajudar.

Tiago de França disse...

Caro leitor,
obrigado pela apreciação.
Abraços!

Tina disse...

Eu estava estudando as cartas de João e nelas, e também em hebreus, Pedro, gálatas e outros, mas hoje especialmente estas cartas me chamaram atenção e nelas fica claro que Jesus é que conduz à santidade. Não o cumprimento da lei. A lei não conduz a Cristo. Cristo, conduz a santidade. A lei não pode santificar. Cristo santifica. Através do novo nascimento o Espírito dá Vida=Jesus. O que a lei não pôde fazer, Jesus através do Espírito de Deus conduz. Eu vim para a internet a fim de pesquisar sobre o assunto e encontrei esse estudo ungido, cheio de revelações de Deus. Copiei para poder estudá-lo. Deus te conserve assim, na Luz.

Tina disse...

Eu tenho certeza que você têm pedido a Deus, revelação, discernimento, sabedoria para o pleno conhecimento de Jesus como Paulo orava em Efésios capítulo 1. Ou então como teria chegado a esse entendimento tão cheio de de revelação?
Eu gostaria que você falasse como é sua vida com Deus, para que outras pessoas imitem e também recebam.