sábado, 30 de abril de 2011
João Paulo II, beato
Insistentes pessoas
Me pedem: fala para nós
É digno de beatitude, João Paulo II?
E eu, que não sou João nem Paulo nem II,
Não sou diácono,
Nem padre,
Nem bispo. Quem sou, senão um batizado pecador?
Apelo para a poesia:
Emaranhado de palavras soltas,
Livres,
Às Vezes, desconcertantes.
A prudência, o respeito
A autoridade,
A ameaça e o perigo:
Tudo isso está misturado e, muitas vezes, confundido com evangelização.
Artigos,
Críticas claras e profeticamente elaboradas,
Pensadas e escritas por gente de estola e por alguns de mitra imponente,
Deixo-as para os idosos:
Que já não lêem mais cartilhas nem falam mais latim.
A mim, cabe apenas dirigi uma prece
Àquele que passou pelo mundo fazendo o bem:
Despojado de poder, porque humilde,
Despojado de prestígio, porque simples,
Despojado de riqueza, porque pobre:
Ó Jesus, dileto amigo e irmão,
Tu não inventaste nada, só amaste e ensinaste amando a amar.
Amando, ensinaste o segredo da verdadeira santidade:
É santa a pessoa que usa a tolha na cintura
E serve lavando os pés dos irmãos.
A pessoa de avental não censura,
Não persegue,
Não silencia,
Não discrimina,
O outramente outro.
Eu sei Jesus
Que a perfeição se encontra em Ti,
Mas sei também,
Que para ser santo é preciso ser pobre,
Pobremente servidor.
Teu Evangelho ensina
Que ninguém faz ninguém santo:
Nem pessoa, nem Lei nem instituição.
Santidade é liberdade no amor.
Abre Jesus,
Os olhos dos cegos.
Toca Jesus,
No coração dos endurecidos,
A fim de que reconheçam que a santidade não vem cima, mas se constrói a partir de baixo.
Se constrói nos porões da humanidade:
Na simplicidade do homem do campo,
Na aflição da mãe chorosa,
No grito do faminto,
No sorriso da criança inocente.
Jesus, tu ensinaste aos teus que a santidade não se constrói:
No luxo dos palácios,
No autoritarismo opressor,
Nas tradições alienantes,
Nas espúrias negociações financeiras em nome de Deus.
Por fim, amado e dileto irmão,
Peço-te só mais uma coisa,
Talvez a mais importante de todas:
Conserva-nos em teu caminho,
Caminho de vida e de liberdade,
Porque somente assim,
Seremos santos e salvos.
Amém,
Jesus.
Tiago de França
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