terça-feira, 13 de setembro de 2011

A cruz de Jesus


“Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, do mesmo modo é preciso que o Filho do Homem seja levantado. Assim, todo aquele que nele acreditar, nele terá a vida eterna”. (Jo 3, 14 – 15)

No dia 14 de setembro de cada ano, a Igreja celebra a festa da exaltação da Cruz de Cristo. Qual o significado desta festa? Ainda tem sentido falar de cruz após as Cruzadas realizadas pela Igreja? Por que falar de cruz após a presença de tal símbolo religioso ter sido questionada nas repartições públicas da Europa secularizada? Quem são hoje os crucificados da história? Vamos pensar a respeito do sentido da cruz na vida cristã.

Sem Jesus, a cruz perde seu sentido. Ela era sinal de maldição, mas Cristo a tornou sinal de liberdade, de vida, de salvação. O Crucificado é a expressão máxima do amor de Deus. Na cruz, Jesus assumiu sua missão até as últimas conseqüências. A cruz é também sinal da obediência de Jesus à vontade de seu Pai: entendeu e viveu sua vocação.

A vocação de Jesus se expressa no amor, amor que se manifesta na doação da própria vida; doação plena, livre e libertadora. Na cruz, Jesus participou misericordiosamente da sorte dos injustiçados deste mundo, a sorte dos pecadores públicos e das vítimas do Império Romano. Os judeus ficaram escandalizados diante do Crucificado, não o aceitaram como o Messias prometido. Eles pensavam: Como pode o Messias ser um fracassado na cruz, um maldito, motivo de vergonha pública?...

Na cruz, quis Deus entregar-se pela vida do mundo. Para entrar em comunhão com o sofrimento dos empobrecidos, Jesus entregou-se à morte na cruz. Assim, o Crucificado é também expressão da opção de Deus pelos empobrecidos e sofredores. Durante toda a história, os poderosos deste mundo crucificaram e crucificam muitas pessoas do povo de Deus. Por isso, o Crucificado entrou não somente em comunhão com estas pessoas, como também foi solidário.

Numa passagem do seu Evangelho, Jesus afirma que toda pessoa que quiser segui-lo terá que tomar a cruz. Não há seguimento sem cruz. A participação na cruz é exigência fundamental no seguimento de Cristo Jesus. Tal participação passa pela comunhão com os empobrecidos e sofridos, ou seja, somente quando estamos em comunhão de amor com toda pessoa atribulada pelo sofrimento é que estamos, de fato, em comunhão com a cruz de Cristo Jesus.

Na história da Igreja encontramos os profetas e os mártires, mulheres e homens que participaram dos sofrimentos de Cristo através da comunhão com os injustiçados deste mundo. O Espírito continua soprando e inspirando muitas pessoas dentro e fora da Igreja. No silêncio do anonimato há muitas testemunhas da cruz de Cristo: pessoas que lutam incansavelmente para que haja mais liberdade e vida no mundo. Estas pessoas não querem nem podem aparecer. Elas sabem que a profecia é ação, nunca estrelismo.

Essas testemunhas da cruz de Cristo não são bem vistas pela mídia, pelos governantes, por religiosos fariseus, pelas corporações que exploram e matam, por quem gosta da mentira e da falsidade e por tantos outros agentes das forças do anti-Reino que atuam neste mundo. São sal e luz do mundo, por isso, perseguidas, odiadas e, muitas vezes, assassinadas. Essas testemunhas anunciam a Palavra de Deus, nunca ideologia humana. A Palavra dói na consciência dos que se entregam à iniqüidade.

Anunciar esta Palavra pressupõe arrancar e destruir as forças do anti-Reino, sem medo, sem recuos, sem hipocrisia, com mansidão, com perseverança e com verdade. Esta Palavra é a única riqueza, é o sentido da vida, é o bem maior, é a última palavra sobre a vida terrena das testemunhas. Os inimigos da cruz de Cristo riem dos corpos ensangüentados das testemunhas que tombaram na luta incansável pela vida sem entender que elas ressuscitam com Cristo porque foram fiéis a ele até o fim, até as últimas conseqüências.

A pessoa que se recusa a assumir a cruz de Cristo não pode dizer que segue Jesus, não pode dizer que é cristã. Os que não são testemunhas da morte e da ressurreição de Jesus costumam se aproveitar do nome de cristão e da condição religiosa para ser alguma coisa neste mundo: são pessoas que querem ganhar a própria vida, vivendo no conforto, numa vida tranqüila, sem a mínima preocupação com a vida sofrida do próximo. Infelizmente, não é pequeno o número destas pessoas, tanto na Igreja quanto fora dela. Muito facilmente estas pessoas também se tornam inimigas da cruz de Cristo.


Tiago de França

Um comentário:

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