São
muitos os comentários que surgem com muita emoção e júbilo desde o anúncio da
eleição do Papa Francisco I. Vamos partilhar algumas impressões sobre o eleito.
Estas impressões não são fruto da emoção despertada pelo sensacionalismo
midiático, mas a partir do evangelho de Jesus vamos pensar a respeito do
significado e do alcance histórico da eleição de Francisco I. Todo
acontecimento tem seu lugar, significado e alcance.
Antes do
conclave
Bento XVI renunciou e sua renúncia
concedeu à Igreja o aparecimento de um novo Papa. Aos poucos, o bispo emérito
de Roma vai passando para a memória histórica. Nada mais que isso. O predecessor
de Francisco I perdeu uma grande oportunidade, a de ter tido a coragem de
reformar a Igreja. Cada um faz o que pode, o que lhe apraz. Com sua teologia e
seu prestígio, Bento XVI não conseguiu muita coisa. Escolheu o caminho da
política da manutenção, sem dar espaço ao novo que o Espírito continuamente faz
surgir nas bases da Igreja.
Após a renúncia, as especulações
foram muitas e exaustivas. A mídia forjou papáveis entre os cardeais mais
famosos e poderosos da Igreja. Todos, com raras exceções, eram homens
importantes, de renome internacional. Nenhum deles foi eleito para a tristeza e
a frustração de multidões. A Cúria Romana, controlada pelos cardeais Tarciso
Bertone e Angelo Sodano esperava mais um Papa no estilo de João Paulo II e
Bento XVI. O estilo destes papas é conhecido por todos: foram homens marcados
pela poder e pela ostentação.
A eleição
No primeiro dia, 12 de março,
fumaça preta. Nada de novo Papa. No outro dia, aparece Francisco. Um Francisco
no Vaticano! Utilizando somente o hábito papal, com gestos e sorriso simples,
acena para a multidão e fica, em silêncio, olhando para ela. Com
espontaneidade, fala resumidamente, menos de dez minutos. Francisco reza com o
povo pelo bispo emérito de Roma, Bento XVI; afirma que os irmãos do colégio de
cardeais foram buscar um Papa no fim do mundo; inclina-se para receber a oração
do povo de Deus; abençoa em seguida o povo e deseja a todos um bom descanso e
uma boa noite.
Francisco é conhecido pela sua
humildade. Recentemente, um de seus predecessores, o Papa João XXIII, era do
mesmo jeito: manso e humilde. Francisco surpreendeu toda a Igreja. Todos se
perguntam pelo significado de seu nome, de sua origem e de sua missão. Está
causando entusiasmo e despertando a esperança nos corações de milhões de
pessoas em todo o mundo. As pessoas estão acreditando que será o Papa da
reforma da Igreja, a exemplo de São Francisco de Assis, que recebeu o chamado
divino para reconstruir a Igreja de seu tempo.
Francisco é o
novo Papa
O primeiro dia de Francisco em
Roma tem causado admiração, pois ele continua andando de ônibus como fazia na
sua terra natal, Argentina. A figura do Papa foi revestida de tanto poder e
ostentação que era inconcebível um Papa andar de ônibus! A humildade de
Francisco ainda vai escandalizar e surpreender muita gente, dentro e fora da
Igreja. Francisco sabe dos desafios que a Igreja precisa enfrentar para
continuar sua missão no mundo. Ao aceitar a eleição demonstrou ser um homem
humilde e corajoso.
A humildade do novo Papa, sem
dúvida, é algo fundamental. Trata-se de uma qualidade que chama a atenção das
pessoas e as cativa. Um Papa humilde é um homem próximo das pessoas e acessível
a todos. Através dela, Francisco desarmará seus inimigos e será um promotor da
paz, assim como São Francisco de Assis. Certamente, encontrará muitas
dificuldades em manter-se na humildade residindo em um palácio. Os empregados
do palácio terão muito trabalho para lidar com Francisco, pois estavam
acostumados ao jeito totalmente oposto dos papas polonês e alemão. Tomara que o
eleito não renuncie à humildade!
Francisco e a
reforma da Igreja
Não basta que Francisco seja
humilde e simpático, mas é preciso que realize as reformas urgentemente necessárias;
reformas que não podem ser adiadas. É verdade que sozinho ele não fará nada. Em
comunhão com o povo de Deus e a partir deste povo as reformas são possíveis. Não
poderá seguir os mesmos passos de seu predecessor, que reconheceu a necessidade
de se reformar a Igreja, mas não deu passos significativos na direção da
reforma.
Francisco conhecerá mais de perto a
Cúria Romana. O santo de Assis também a conheceu e quase não foi recebido
quando quis se encontrar com o Papa da época. Quando esteve diante do Papa foi
ridicularizado, pois era um pobre que vivia da mendicância. São Francisco de Assis
foi dizer ao Papa que a regra de vida da Igreja deveria ser o evangelho de
Jesus de Nazaré. O Papa ficou admirado com sua humildade e sua coragem, mas
lamentou por não poder corresponder ao pedido do santo frade de Assis.
Após Francisco veio Lutero e após
este veio João XXIII. Agora é a vez de Francisco, não o de Assis, mas o da
Argentina, do fim do mundo, da América Latina. Francisco terá que reformar a
Cúria; do contrário, não vai suportá-la e renunciará em breve. Há duas perguntas
fundamentais a serem consideradas: Qual a contribuição que a Cúria Romana tem
dado à Igreja? Em que a Cúria tem atrapalhado a vida da Igreja? Não bastará
trocar os oficiais da Cúria, mas será necessária uma reforma estrutural; do
contrário, tudo continuará do mesmo jeito.
Além da reforma da Cúria Romana,
outras realidades emergentes precisam ser consideradas: o celibato sacerdotal
(é preciso torná-lo opcional); o lugar da mulher na Igreja (permitir que também
recebam o sacramento da Ordem); a colegialidade episcopal (reconhecer a
liberdade de pensamento e ação dos bispos); revisão da moral sexual (rever
posicionamentos tradicionais ultrapassados); autonomia e protagonismo laicais
(inserir os leigos na missão da Igreja); abertura ao mundo pós-moderno
(dialogar com espírito de igualdade e abertura); diálogo ecumênico e
inter-religioso (promover o diálogo e a paz entre as Igrejas e com outras
religiões) entre outras questões emergentes.
Se o Papa Francisco I chegar ao final
de seu pontificado sem ter tocado nestas questões e sem ter procurado,
juntamente com o povo de Deus, soluções possíveis para tais desafios, o seu
pontificado será semelhante ao do seu predecessor. Então, infelizmente, teremos
que esperar outro Papa que tenha a coragem de enfrentar tais situações. A esperança
cristã nos convida a crer que Francisco I não será um mero Papa de transição,
como o foi seu predecessor. Caso se torne mais um Papa de transição, o Espírito
que inspirou o santo de Assis tornará outro Francisco o reformador da Igreja. Francisco
I já tem 75 anos. Já estamos a 50 anos do Concílio Vaticano II. Os sinais dos
tempos e o evangelho apontam para o caminho a ser trilhado. O tempo chegou, a
hora é agora.
Tiago de França
5 comentários:
Caro blogueiro, isso que vc chama de reforma, já existe, seria o protestantismo, então quem não quiser ser católico que fique a vontade para sair, essas pseudo-reformas na verdade não passam de a criação de uma nova religião. Deus nos guarde dos lobos travestidos de ovelhas em nosso meio( se bem que as máscaras irão cair e a exemplo do blogueiro irão manifestar claramente suas heresias cada vez mais). Deus nos guarde.
Continuo orando pela sua conversão
Prezado "Anônimo", peço-lhe, humildemente, que estude a História da Igreja e reveja seu conceito de reforma. Obrigado pela leitura do meu texto, mas é preciso que você me critique de forma mais fundamentada. Abraços!
Prezado Blogueiro, creio que o comentário do "anônimo" não seja assim tão "infundado" como você tentou pintar. Aliás,pessoalmente, achei-o bem mais sucinto e fundamentado que o seu. O critério de tempo da Igreja não é, nem de longe, parecido como o do nosso tempo. Sinceramente, acho que todos nós devemos sempre estudar... Não critico você, mas suas ideias são "lugar comum". Combater a pedofilia, modernizar a Igreja, bla, bla, bla... Realmente, a fome no mundo, a questão das drogas no planeta, as guerras civis na África, a matança de cristãos no Oriente Médio são questões secundárias...
Prezado "anônimo",
a fome, as drogas, as guerras e matanças são coisas secundárias? Tudo isso ceifando milhões de vidas no mundo e você fala que são coisas secundárias?!... Está mais que provado que você não entende o evangelho de Jesus. Você deve ser um desses burgueses que tudo o que quer, não passando por nenhuma dificuldade. Não irei mais responder às suas postagens e irei deletá-las do meu Blog por não contribuírem com nada.
Meu desejo e minha prece! http://poesiapouca.blogspot.com.br/2013/03/seja-o-papa-da-america-o-papa-del-pueblo.html
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