terça-feira, 1 de outubro de 2013

O testemunho de Santa Terezinha do Menino Jesus

“Eu não me arrependo de ter me abandonado ao amor” (Santa Terezinha).

            Não é meu forte escrever sobre a vida das santas e santos de Deus, mas alguns deles merecem nossa atenção. Neste dia 1º de outubro, a Igreja celebra a memória de Santa Terezinha do Menino Jesus. Não quero falar dos traços biográficos da vida desta grande mulher, apenas acenar para o essencial de sua vida: seu abandono ao amor. A vida de Santa Terezinha responde a seguinte indagação: O que significa abandonar-se ao amor? Para situá-la na história, seu nome era Marie Françoise Thérèse Martin. Nasceu em Alençon, em 02 de janeiro de 1873 e faleceu em Lisieux (França), no dia 30 de setembro de 1897. Pelas datas percebemos que viveu muito pouco, faleceu aos 24 anos, acometida pela tuberculose.

            Desde pequena era uma menina frágil, necessitada de cuidados. Após ter conseguido a devida licença, devido à idade, conseguiu ingressar no Carmelo (Ordem Carmelita). A pequena Terezinha teve audiência até com o Papa Leão XIII, dada sua vontade de ingressar na vida de clausura. Ingressou na clausura aos 15 anos de idade. A história mostra que ela ingressou no tempo certo. Na clausura, Teresinha encontrou muitas dificuldades, as famosas dificuldades da vida religiosa em comunidade. Com o passar do tempo foi conquistando o respeito e a admiração de suas coirmãs e de todos quantos tinham acesso à sua amável pessoa. Gostava de pensar, rezar, pintar, escrever, contemplar.

            Após estes breves comentários sobre sua vida, que podem ser verificados nas inúmeras biografias disponíveis, vamos pensar sobre o sentido da indagação que fizemos acima: O que significa abandonar-se ao amor? Abandonar-se é sinônimo de entregar-se. Isso exige disponibilidade. Para entregar-se, a pessoa precisa estar livre, disponível. Impulsionada pelo chamado que Jesus lhe fez, Terezinha se entregou por inteira, sem reservas, ao amor. Entregue a Jesus, ela experimentou o sentido e o alcance da amizade com Deus. Terezinha se tornou uma amiga de Deus, tornou-se íntima do Amado, uniu-se definitivamente a Ele. Nela, a Trindade fez sua morada. Assim, Terezinha descobriu o sentido da vida, tornou-se participante da vida divina. Estava com Deus e Deus estava nela.

            Isto é ser místico, é ser contemplativo. Trata-se de uma experiência pessoal, indescritível. Os escritos de Terezinha mostram seu esforço em tentar traduzir o que sentia, o que via, o que experimentava (cf. Histórias de uma alma). Ela experimentou a verdadeira alegria e paz concedidas pelo Espírito. Terezinha sentiu verdadeiramente a presença de Deus em seus membros, em seu ser, no mais profundo de si; descobriu o que significa ser inundada pela graça amorosa de Deus. Jesus mostrou para ela, com toda clareza e certeza, a capacidade e a profundidade do amor de Deus, amor restaurador, libertador, santificador. Totalmente entregue a Deus, Terezinha vivia tranquila, serena, em paz. Sua alma era radiante de alegria, de doçura e de amor. As pessoas que tinham acesso a ela ficavam admiradas e tomadas por aqueles sentimentos de serenidade e pureza.

            O amor é a palavra que explicita a espiritualidade de Terezinha. Vivia tomada pelo amor. “Eu não me arrependo de ter me abandonado ao amor”, foi o que disse poucos momentos antes de morrer. Neste sentido, foi autenticamente evangélica. Tornou-se uma discípula de Jesus, pois o amor, que está acima de todas as prescrições religiosas, é o centro da espiritualidade cristã. Este amor santificou Terezinha e a transformou em um exemplo de mulher livre, serena e entregue ao Amado. Segundo ela, tudo passa, somente o amor permanece para sempre. Não podemos acrescentar nada à vida de Terezinha. Em tudo está o amor e dele ninguém escapa, porque somos chamados para viver no amor.

            Para o mundo e para a Igreja de nossos dias, marcados pela indiferença e pelo desamor, recordar o testemunho de Terezinha é recordar que o amor deve ser o centro da vida cristã. Isto significa que para ser salvo o cristão precisa experimentar esta entrega ao amor, uma entrega sem reservas, sem medo de ser feliz. Como o mundo seria diferente se as pessoas colocassem o amor no centro de suas vidas! O egoísmo e a indiferença não mais existiriam. Como a Igreja seria diferente se seus membros colocassem o amor no centro de suas vidas e de suas práticas religiosas! A hipocrisia e o farisaísmo não mais existiriam. Feliz a pessoa que se deixar conduzir pelo amor! Somente assim conhecerá o que significam a liberdade e a salvação, participando da intimidade com Deus, vivendo com Ele e n’Ele agora e por toda a eternidade.


Tiago de França

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