O
dia 15 de outubro é dia do professor. É uma data que não pode ser esquecida. O
papel do professor na educação, no desenvolvimento do ser humano e da sociedade
é de grande valor, mas o que significa ser professor? Por que é tão
desvalorizado em nosso país? Quais os desafios da profissão? Qual a maior
virtude do professor? Vamos pensar estas e outras questões neste breve artigo
em homenagem ao dia do professor.
Ser professor é
uma questão de vocação
Quem deseja ser professor sem
pensar se tem vocação para desenvolver tão sublime missão está buscando sérios
problemas para a própria vida. Mais do que isto, não conseguirá realizar-se na
vida. A vocação do professor é belíssima porque se trata de alguém que se
identifica com a troca de saberes e com o despertar para o conhecimento. Nenhum
professor pode ousar dizer que conhece todas as coisas. A sabedoria do
professor se encontra na arte de colocar-se ao lado do aprendiz, para juntos descobrirem
e assimilarem o conhecimento. Assim, o professor não é aquele que sabe tudo,
mas aquele que se antecipou no conhecimento de algumas coisas.
Despertar nos estudantes a sede de
conhecer: eis a missão do professor e sua virtude por excelência. Neste
sentido, é bonito ver estudantes capazes de superar seus mestres, sem jamais
esquecê-los. Em uma sala de aula, o professor desperta o interesse de seus
estudantes e estes contagiados pelo ânimo e empenho de seus mestres são capazes
de superar a si mesmos e se tornarem outros grandes mestres. O processo de
ensino-aprendizagem é recíproco, processual, plural, orgânico e necessariamente
dinâmico. A relação estudante-professor é imprescindível neste processo e deve
ser pautada no respeito, na ajuda e na compreensão mútuas.
O autêntico professor é aquele que
gosta de ser professor, que se identifica com aquilo que faz, que realiza com
empenho, gosto e satisfação. Quando tal profissão é vivenciada com amor tudo se
torna menos pesado e mais feliz. A alegria do professor é sentir o interesse do
estudante pelo conhecimento. A postura do professor influencia diretamente
neste interesse. Com palavras e gestos, o professor é capaz de converter muitos
estudantes em grandes figuras na sociedade. Portanto, os grandes profissionais,
as mulheres e os homens de renome e aqueles que chegaram à realização de seus
sonhos, certamente reconhecem o lugar fundamental do professor em suas vidas.
Críticas à
realidade brasileira
Infelizmente, temos que
reconhecer que a educação nunca foi prioridade em nenhum governo da história
brasileira. Desde as origens, a educação sempre foi marginalizada. É verdade
que de uns tempos para cá, principalmente a partir do Governo Lula, assiste-se
a certo aumento nos investimentos em educação. Apareceram também várias
iniciativas, dentre as quais podemos destacar: aumento nos salários, novas
escolas e universidades, investimentos na formação continuada dos professores,
intercâmbio com universidades estrangeiras, maior acesso à universidade pública
(Prouni, Sisu, Enem) etc.; mas tudo isto ainda é quase que insignificante
diante dos inúmeros problemas que desafiam a educação.
A violência nas escolas, a falta de
respeito com o professor, as condições degradáveis de trabalho em algumas
situações, o insignificante aumento de salário, a ausência de políticas públicas
que sejam eficientes, os desvios de verba pública da educação, a carência de
professores, a mercantilização da educação e tantos outros problemas nos
indicam a gravidade da situação da educação no país. E o mais vergonhoso é
assistirmos a violência com que o Estado se utiliza para conter as
manifestações dos professores das escolas públicas, como foi o recente caso do
Rio de Janeiro. Se a educação fosse prioridade, jamais haveria tantas greves de
professores para reivindicação de melhorias e benefícios.
Uma utopia
Apesar de tudo isso, é preciso
sonhar. Outro Brasil só é possível através da educação. É por meio dela que nos
despojaremos do famoso “jeitinho brasileiro”, que legitima todas as formas de
corrupção; que o brasileiro vai aprender a votar conscientemente, elegendo
mulheres e homens idôneos; que teremos profissionais mais capacitados para o
exercício de suas funções, com honestidade e prudência; enfim, que os
brasileiros aprenderão o que significa ser cidadão e, assim, a cidadania será
uma realidade plausível e palpável.
O professor precisa continuar
acreditando nas capacidades de seus estudantes e estes precisam acreditar em
seus mestres. Onde não há credibilidade, o processo ensino-aprendizagem
dificilmente se realiza com êxito. A educação precisa ser humanizada e
transformada em ferramenta de transformação da sociedade; deve oferecer ao país
mulheres e homens comprometidos com a justiça social e, portanto, com o bem
comum. Educação não deve ser mera mercadoria, mas proposta de humanização das
pessoas em vista de outro mundo possível. Por isso, neste dia 12 de outubro,
viva a profissão mãe de todas as outras! Viva o professor!
Prof. Tiago de
França
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