Encostado na cadeira,
alegre, numa reunião de pessoas
Olhares, calor,
passa-tempo
Palavras jogadas ao vento
Olhares atentos
De lado uma pequena flor,
deslumbrante e simples
Despida, convidada,
sorridente
Sentada à frente
Meiga
Medo, tensão
Indecisão
Sussurros ao pé do
ouvido, risos
Quem poderia
adivinhar?...
Um abraço apertado,
lágrimas
Muitas lágrimas, muitas
lágrimas, colo, cafuné...
E as palavras,
Multiplicam-se,
infindam-se, esvaem-se, cansam...
Reencontro, gozo
Desaparecem-se as
palavras, o olhar é o fio condutor
Da comunicação amorosa
Gostosa
Telepatia de sentimentos
Te conheço, por que essa
voz?
Essa respiração, essa
ansiedade,
Essa pressa
Um no outro, sintonia
Mais lágrimas, mais
aperto
Mais...
De repente a serpente,
toda ela venenosa
Fotografia dada de
presente
Despedida, abril
Maio, junho, julho,
agosto, desgosto
Treze, catorze, quinze,
outubro, onze...
E quem amou, odiou
também?
Egoísmo? Apego? Solidão? Desilusão?
Não
Talvez, quem sabe! Silêncio,
negação
Tentativas, falta de
chuva
Terra seca, má notícia
Beira do rio, pés na água
e pedrinhas na mão
Bem lá no outro lado, na
distância da travessia, de um rio caudaloso
Correnteza instransponível
Tempo ruim
Não, não, não...
Anoiteceu, o vinho
acabou, chegou a escuridão
Hora de voltar pra casa,
Aquecer o coração
Tudo longe, tudo incerto,
tudo líquido
E a flor crescerá do
outro lado. Há frio, passou a fome e o calor. O vinho? Acabou.
Tiago de França
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