terça-feira, 8 de março de 2016

Mulheres

             
           O dia 8 de março é uma excelente oportunidade para homenagearmos as mulheres. Claro que elas podem ser reverenciadas o ano todo, mas o dia de hoje tem um tom especial. Trata-se de uma data para reivindicarmos a igualdade entre mulheres e homens, assegurada tanto nas leis humanas quanto na lei divina.

            À luz da Bíblia, no livro do Gênesis, Deus criou a mulher para ser companheira e não para ser concorrente ou inimiga do homem. Ser companheira não significa ser auxiliar ou serva do homem. Essa é uma interpretação falsa do texto bíblico, pois Deus não criou uma escrava para o homem.

            Companheirismo é sinônimo de igualdade e liberdade. Em relação ao homem, a mulher deve ser tratada como pessoa livre, e não como objeto de satisfação de desejos. O machismo que se enraizou nas culturas pelo mundo afora continua sendo algo tão forte que muitas mulheres, infelizmente, terminaram assimilando o sentimento de submissão, transformando-se em objeto nas mãos de muitos homens.

            Somente na modernidade tardia, a partir do século passado, é que a mulher resolveu ousar ocupar o espaço público. A mulher sempre foi considerada “coisa” do lar. Reservaram para ela os afazeres domésticos e a criação da prole. O mercado de trabalho e o mundo da política foram pensados para os homens. As rodas de conversa sobre política, trabalho e economia só contavam com a participação dos homens. As mulheres viviam na cozinha, conversando sobre assuntos que somente eram delas.

            “Senhor meu marido”: esta era a forma de tratamento das mulheres em relação aos seus donos. O homem era o senhor, e a este se deve o respeito e a obediência; e esta postura não era recíproca. O homem se sentia no direito de agredir, física e verbalmente, caso a mulher não o respeitasse e obedecesse. Nesta época profundamente patriarcal, a religião confirmava essa violência, ensinando as mulheres a serem servas obedientes, senhoras honradas do lar. Nas Igrejas, os líderes religiosos liam a Bíblia ao pé da letra, impondo às mulheres o fardo da servidão. Até hoje, muitos pastores continuam lendo a Bíblia dessa forma.

            Tratar a mulher com inferioridade não é somente um grave equívoco cultural, mas é, sobretudo, alimentar uma falsa visão de si mesmo. Quando o homem enxerga a mulher como um ser inferior, isto é um sinal evidente de que não tem uma imagem positiva de si mesmo. Quem inferioriza o outro tem algo desajustado em si mesmo. Homem e mulher são categorias da cultura que estão muito além do macho e fêmea. Com a evolução da humanidade, homem e mulher precisam rever os conceitos que criaram para designar seu papel no mundo. Quem são e como devem se relacionar? Esta é uma questão que precisa ser revista à luz da situação das vítimas.

            A desigualdade de gênero não é criação divina, não é fruto do acaso ou da falta de sorte, mas é criação da forma distorcida como o homem concebeu a sociedade e as relações interpessoais ao longo da história. Por isso, é uma situação que pode e deve ser corrigida, e esta correção passa, necessariamente, pela participação da mulher. É esta que deve dizer o que deseja ser e fazer. Não é o homem que deve abrir algumas brechas na sociedade para que a mulher faça alguma coisa. Não! A mulher precisa conquistar o seu espaço, de forma pacífica, humilde e perseverante.

            O feminismo extremado afirma que o momento atual constitui “a vez das mulheres”. Facilmente, encontramos mulheres afirmando que agora é a vez da mulher dominar. Isto é um erro gravíssimo. Não representa nenhuma superação e evolução social a mulher deixar de ser serva e tornar-se senhora do homem, passando de uma situação de dominada para dominadora. Isto é um retrocesso.  

Neste contexto, não temos promoção da igualdade entre os gêneros, mas uma guerra inútil, que somente gera sofrimento tanto para o homem quanto para a mulher. E o pior é que na competição irracional entre mulheres e homens, estes se mostram mais violentos. Por instinto, se mostram capazes de absurdos que a história não nos deixa mentir. No mundo inteiro, todas as formas de violência são, predominantemente, praticadas pelos homens.

            Atualmente, tem algo que nos causa preocupação e que precisamos, antes de concluir o presente artigo, mencionar com pesar. Infelizmente, muitas mulheres não contribuem com o próprio processo de emancipação, cedendo ao machismo. São mulheres que se entregam nas mãos de homens que as exploram, impiedosamente. O hedonismo de nossos dias transforma inúmeras mulheres em objetos de satisfação sexual, e, por não terem consciência do próprio valor, ocorre uma vergonhosa exposição do corpo feminino, que passa a ser praticamente vendido aos homens; apresentado como mercadoria a ser usada e descartada.  

Neste sentido, muitas mulheres não cuidam do corpo, mas o embelezam e, artificialmente, o modificam (silicones, plásticas etc.) em função de poder satisfazer o desejo sexual do homem. Estas mulheres não se importam consigo mesmas, mas vivem em função de despertar o desejo sexual do homem. Muitas, expõem-se ao ridículo, e chegam ao ponto de serem tão artificiais que já não mais se reconhecem. Este fenômeno pós-moderno tem um nome: Coisificação do corpo feminino. Para justificarem-se diante da crítica, elas respondem: “O que importa é ser feliz, e ser feliz é sentir-se bem!” Visivelmente, percebe-se a falta de conhecimento daquilo que se fala, ou seja, falam de uma felicidade que verdadeiramente desconhecem. Tal postura não contribui em nada na emancipação feminina, mas somente reforça o machismo da sociedade patriarcal.

Toda mulher é capaz de trilhar o caminho da liberdade. Para que isto ocorra são necessários alguns valores e posturas fundamentais: Respeito a si mesma; andar de cabeça erguida; cultivar a solidariedade; não se sentir inferior ao homem; adquirir um senso aguçado de justiça para reclamar os direitos que a lei assegura às mulheres; ter coragem de denunciar os abusos cometidos pelos homens; ter cuidado para não perder a sensibilidade e a ternura, marcas profundamente femininas; conscientizar-se da necessidade de avançar na conquista do espaço público, em todas as esferas sociais, especialmente no trabalho e na política; não enxergar o homem como inimigo, mas como amigo e companheiro; criar os filhos, juntamente com o companheiro e/ou companheira na perspectiva da igualdade de gênero; enfim, ser protagonista da própria história, tendo a vida na palma das próprias mãos.

Desejamos a todas as mulheres, saúde, discernimento, coragem e muita força! O mundo certamente seria insuportável sem a ternura das mulheres. O calor feminino certamente torna a vida mais forte e feliz.

FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER!

Tiago de França

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