Os cristãos devem participar
da vida política do País. Como deve ser esta participação? Aqui se encontra o
problema atual da relação entre o Cristianismo e a política no Brasil. Infelizmente,
os que tem se destacado na mídia constituem o que denominam de “bancada
evangélica”: líderes “evangélicos” na Câmara dos deputados e no Senado Federal.
A análise de seus discursos é de causar vergonha, pois em nome de Deus defendem
ideias absurdas. Na política, a mencionada bancada parlamentar é o que há de
pior na representatividade cristã na política. O Cristianismo está pessimamente
representado. Por que afirmamos isso? Vamos às razões.
Primeira: Os membros
da bancada evangélica desconhecem o evangelho de Jesus de Nazaré. Deputados
como Marco Feliciano, Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro e tantos outros do mundo
neopentecostal que formam a mencionada bancada, nunca conheceram Jesus. Não são
seguidores de Jesus. Para eles, Jesus não passa de um ídolo a ser adorado. Pronunciam
e invocam o nome de Jesus, mas não praticam o mandamento da Lei de Deus, que
consiste no amor ao próximo. Utilizam a Bíblia, mas desconhecem o seu conteúdo.
São como os fariseus e mestres da lei: Mentirosos e cheios de podridão.
Segunda: Os membros da bancada
evangélica não são religiosos, mas manipuladores da religião cristã. A manipulação
religiosa tem uma única finalidade: Usar o nome de Deus para adquirir e manter
privilégios. Nas campanhas eleitorais, os líderes evangélicos prometem
favorecer aos mais pobres; prometem lutar pela implementação e manutenção dos
valores morais, éticos e cristãos; prometem combater as forças diabólicas que
dominam a política etc. Estas são as suas promessas. Fazem uso de um discurso
religioso para enganar as pessoas. Na verdade, o que procuram são os salários,
as regalias, as propinas e todas as vantagens lícitas e ilícitas em vista de
uma vida luxuosa. E para esconder toda essa podridão, durante o exercício do
mandato, dirigem e participam de cultos religiosos com o único objetivo de
manter a aparência de “bons” religiosos.
Terceira: Os membros
da bancada evangélica defendem uma religião contrária ao evangelho de Jesus.
No evangelho, encontramos a Lei Maior da religião cristã: O amor a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Este amor é incondicional: Não
exige nada em troca nem impõe fardo algum às pessoas. Somente exige entrega
gratuita, alegre e generosa. Não julga, não condena, não exclui, não trata com
indiferença, mas vence todas estas coisas. A análise dos discursos dos
parlamentares da mencionada bancada demonstra, claramente, o oposto do
evangelho: Seus discursos são condenatórios e exclusivistas, discursos que estão
em plena sintonia com a mentalidade dos fariseus e dos mestres da lei, inimigos
de Jesus de Nazaré.
Quarta: Os membros da
bancada evangélica resgatam e reforçam o que há de pior na política: O
distanciamento da população e a ausência do bem comum. Neste sentido, em
nada se diferenciam dos demais políticos corruptos de ambas as Casas
legislativas. O mesmo ocorre nas demais assembleias legislativas do País. Salvo
raras exceções, os evangélicos que assumem postos na política são ultraconservadores
e procuram, em primeiro lugar, beneficiar as suas denominações religiosas e o
enriquecimento ilícito. Mesmo antes do ingresso na política profissional,
muitos já praticam o enriquecimento ilícito em suas denominações religiosas,
desviando o dinheiro dos dízimos e das ofertas dadas pelos fiéis. Isto não
constitui novidade para ninguém.
Quinta: Os membros da
bancada evangélica são um retrato de um Cristianismo que precisa ser revisto à
luz da verdadeira fé em Jesus. Nenhum político aparece do nada. Não existe
político no vácuo. Todos foram eleitos, lítica ou ilicitamente. Isto significa
que os eleitores de figuras como Eduardo Cunha, Marco Feliciano e tantos outros
precisam, urgentemente, aprender o verdadeiro significado da política. Precisam
também aprender a ler e compreender o evangelho. Somente assim, conseguirão se
libertar das mentiras e das distorções dos discursos destes políticos. No interior
das Igrejas cristãs há inúmeros líderes mercenários, aproveitadores da fé ingênua
das pessoas. Por isso, uma fé esclarecida se faz necessário. As pessoas
precisam aprender a ler as Escrituras Sagradas, compreendendo-a integralmente,
sem se deixar alienar pelo discurso falacioso de líderes religiosos que
selecionam capítulos e versículos bíblicos para acobertar abusos e adquirir
privilégios.
Por fim,
as pessoas precisam aprender a verdadeira dimensão política da fé cristã. Nada impede
que um cristão assuma postos políticos. A atuação partidária é necessária, e os
cristãos precisam levar para a política os autênticos princípios cristãos que
não são contrários aos princípios democráticos. O amor vivido e ensinado por
Jesus está em plena sintonia com a os princípios políticos e democráticos do
bem comum, da igualdade, da justiça social etc. Na política, os políticos que
assumem verdadeiramente a sua fé devem ser os melhores políticos: Aqueles que
se colocam a serviço do bem comum, da defesa e promoção da dignidade humana.
O que
denunciamos neste breve artigo é justamente o contrário: Denunciamos políticos
que se afirmam cristãos, mas, na verdade, não passam de hipócritas,
antirreligiosos, antievangélicos, antiéticos, inimigos do bem comum,
mercenários, usurpadores, falaciosos, violentos, homofóbicos, misóginos,
inimigos dos pobres, desonestos, portanto, corruptos.
Teologicamente falando, estes políticos são
inimigos do Reino de Deus, pois estão a serviço das forças do anti-Reino; são
opressores dos pobres e, consequentemente, são inimigos de Deus. São merecedores
de nosso repúdio; precisam ser denunciados, punidos e expulsos dos postos
políticos, definitivamente. O parlamento brasileiro não pode se transformar em
um balcão de negócios de líderes religiosos, que assaltam os cofres públicos em
nome de Deus; que em nome deste mesmo Deus julgam e condenam as pessoas,
impondo uma religião falsa em detrimento do verdadeiro Cristianismo. O
verdadeiro Cristianismo tem suas raízes na experiência missionária de Jesus de
Nazaré, que é, essencialmente, libertadora. Os falsos políticos apontados neste
artigo são inimigos da liberdade.
Tiago
de França
Nenhum comentário:
Postar um comentário