Há uma cegueira do coração a ser enfrentada pelas pessoas no mundo atual. Esta
cegueira se manifesta na falta se sensibilidade. Esta sensibilidade nos faz
sentir a presença do outro. Este outro existe e está diante de nós. E nós não
podemos ignorá-lo. A presença do outro requer visão, tato e ação. Precisamos recuperar
o hábito sadio de olhar na pupila dos olhos do outro, dilatada pelos medos,
pelas angústias, pelas tristezas, pelo assombro...
No mundo das
artificialidades, do transitório, das evasões, das fugas, do descartável, das
futilidades, do brilhantismo, da liquidez, da ausência de compaixão, da
banalidade do mal, das incertezas, da total desorientação oriunda da ausência
de discernimento, da multiplicação infinita das inúmeras formas de sofrimentos;
neste mundo, precisamos recuperar a virtude da aproximação, do interessar-se
pelas circunstâncias que compõem a vida do outro, suas histórias, seus desafios,
seus sonhos...
O que será de cada um de nós
se passarmos, sempre, a nos estranharmos e a nos ignoramos, reciprocamente?...
Como sobreviveremos sobre a face da terra se não nos reconhecermos como membros
de uma mesma família, a família humana?... O que há dentro do nosso interior
que nos impede de olhar para os olhos apelativos do outro?... Como podemos ser
felizes, entregando-nos à frieza e à indiferença?... Por que não combatemos
essa mania diabólica, desumana e suicida de procurarmos somente o nosso bem em
detrimento do outro?... Por que não buscamos nos libertar da vida segundo as
aparências para vivermos uma vida autêntica e plena de sentido?...
“Conhecereis
a verdade e a verdade vos tornará livres”, afirmou Jesus de
Nazaré em seu Evangelho. A mentira nos torna prisioneiros de uma vida medíocre.
Estamos vivos, cuidemos, portanto, em trilhar o caminho da verdade. Ainda temos
tempo. Nunca é tarde para descobrirmos em nós a verdadeira felicidade. E somente
há felicidade quando aceitamos a verdade. Qual verdade? A verdade daquilo que
realmente somos, a verdade do outro, a verdade da realidade que nos cerca, sem
ilusões, sem fugas, sem desculpas. Tudo é muito simples. A verdade é simples e
humilde, é caminho para ser feliz.
Tiago
de França
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