quinta-feira, 14 de julho de 2016

Pausa. Pensamentos (XIV)

A vida é feita de pausas. Hoje, tudo acontece na correria e na falta de pensamento. Há o risco de passarmos pela vida, sem vivê-la. Pensar na vida é uma das atividades mais nobres que há. Pensar exige silêncio, exige pausa.

Pensar é, antes de mais nada, voltar-se para si mesmo. Como estou? Para onde estou indo? Com quem caminho? O que me motiva a viver? O que procuro alcançar? Minha vida tem sentido? Com o que tenho me ocupado? Que tipo de pensamentos tenho?...

Estudos, trabalho, redes sociais, barulho, preocupações, más notícias, energias ruins, conflitos... Todas estas coisas tendem a nos controlar e a tirar a nossa paz. A gente vai se distanciando de nosso eixo central. Toma-nos a impaciência, o desassossego, o tédio.

A pausa para pensar e contemplar a vida é como aquela chuva caindo sobre a terra seca e empoeirada. Em pouco tempo, tudo fica úmido e verde, retomamos a tranquilidade e a paz. A pausa silenciosa também nos abre os olhos para enxergarmos o que o olhar apressado esconde.

Os antigos monges cristãos diziam que a pausa significa retirar-se para o deserto para o encontro restaurador com os nossos demônios interiores. O deserto silencioso é o lugar da revelação. Sem cairmos na tentação das fugas, a gente se conhece melhor.

E este conhecimento de si mesmo nos desperta para o essencial. Tudo aquilo que é secundário perde a sua importância porque o essencial passa a ocupar o centro. Tudo o que tira a paz e que não constitui o essencial se esvai, evapora-se... É aqui que as paixões silenciam e se diluem no imenso oceano do esquecimento.

Esta é a mística das pausas de nossa existência, sem as quais a nossa vida perde facilmente o sentido. Vida sem sentido não é vida, pois não passa de mero existir: pleno vazio. Morte.


Tiago de França

Com esta reflexão, o autor deste blogue comunica aos leitores que retomaremos com nossas publicações a partir do início do próximo mês. Pausa.

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