sexta-feira, 5 de agosto de 2016

O segredo para uma vida feliz. Pensamentos (XV)

A vida é feita de muitas coisas, e a mais importante constitui o essencial. Há quem passe pela vida sem conhecê-lo. Aliás, mais do que desconhecê-lo, há quem não vive o essencial. Geralmente, as pessoas gastam toda a sua vida com aquilo que é secundário. O apego às coisas secundárias gera sofrimento. Aqui e acolá o apego permite pequenos momentos de prazer, mas não passam de momentos.

Toda pessoa nasce para a plenitude, para a felicidade. Não há predestinação à infelicidade. A felicidade chega a ser considerada um direito. Mas felicidade não se encerra nos momentos de felicidade. Quando as pessoas afirmam que ontem foram felizes e hoje já não são, na verdade, elas nunca foram felizes. Confunde-se muito felicidade com fugacidade.

Na fugacidade está a liquidez de todas as coisas. As pessoas tentam transformar o que é líquido – passageiro – em eterno, mas isto não lhes é possível. O homem nada cria de eterno. Como dizia Heráclito, filósofo da antiguidade clássica: Tudo flui! A liquidez não pede licença, ela se impõe. Não é abstração, é realidade. Não depende da vontade humana. Até a vontade flui: ora a gente quer, ora não queremos mais.

Não adianta lutar contra esta realidade. Apega-se ao dinheiro, de repente, ele não mais existe. E quando nos acompanha até nossa morte, ele já não continua conosco além da sepultura. E é assim em todos os aspectos da vida: pessoas, lugares, circunstâncias boas ou ruins, sucesso, poder, títulos e honras, a sabedoria humana... Tudo flui! De repente, nada mais existe. Tudo é transitório.

Somente o essencial não é transitório. E é assim porque constitui a essência da existência. Não é adereço nem superficialidade; não se adquire no mercado nem na universidade; não é como uma conquista de um prêmio após todo um esforço humano. O essencial está em todas as pessoas. Nenhuma está excluída. Todas são capazes do essencial. Basta descobri-lo, aceitá-lo e experimentá-lo. O essencial é simples, leve e gera autenticidade.

O essencial é o amor. Não a ideia de amor, pois o essencial não é uma ideia nem mero sentimento passageiro nem declarações vazias. O essencial é o amor: única força capaz de revelar a verdadeira identidade de cada pessoa que nasce no mundo. É no amor que as pessoas se descobrem, se aceitam, se amam e conhecem o verdadeiro sentido da felicidade. Como encontrar o amor? Onde ele está? Quais as características de quem o descobriu e o transformou no tesouro de sua vida?...

Muito se pode falar a respeito, mas pensemos em alguns aspectos que podem “resumir” o essencial: Encontra o essencial a pessoa que encontra a si mesma. O amor está em nós. Somos amor. Não precisamos transformar o que está fora de nós em amor. O amor não é adquirido. Ele está em nós. Quando o descobrimos no mais profundo de nosso ser, então nos tornamos pessoas amáveis.

Amável é a pessoa que descobrindo-se e aceitando-se naquilo que é, encontrou a leveza e a alegria de viver, encontrou o amor, o essencial. A pessoa amável é alegre, disponível, compreensiva, compassiva, leve, serena, companheira, grata, satisfeita, integrada. A pessoa amável enxerga o mundo, as pessoas e a vida com um olhar amoroso. Ela bebe, permanentemente, do próprio poço. Há nela uma energia forte e inesgotável, que irradia vida, harmonia e graça.

No mundo temos muitas pessoas que encontraram o essencial da vida. São pessoas geradoras da humanidade. São elas que tornam este mundo menos sombrio. Segundo a espiritualidade cristã, estas pessoas são vocacionadas do Amor maior, fonte eterna de vida. Não há força de morte que consiga desviá-las do essencial. Elas tem os olhos fixos no Amor maior. São habitadas por Ele; vivem neste mundo, experimentando a verdadeira alegria, uma experiência indescritível. São imperturbáveis porque nada lhes falta. Estão acordadas.

Estes são os pensamentos que nos perseguem desde a descoberta desta inquietação, tão antiga e tão nova, que se faz presente no mundo. E são estas impressões que nos empurram para a frente. É mistério de amor. É a maior riqueza que alguém pode experimentar. Uma riqueza que se manifesta na fraqueza, naquilo que, aos olhos do mundo, é insignificante.

Assim, concluímos estes pensamentos, lançando ao leitor o desafio: Procure em si mesmo o essencial e seja feliz. Este é o segredo de uma vida feliz.

Tiago de França

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