sábado, 1 de outubro de 2016

A lição de Santa Teresinha do Menino Jesus

Como católico, tenho profunda admiração pela história de alguns santos e santas da Igreja. Uma das santas que mais me chama a atenção é Santa Teresinha do Menino Jesus. Conheci a história desta grande mulher através de um grande amigo já falecido, Pe. Cristiano Muffler, que também era devoto desta grande santa.

Sempre que disponho de tempo, retomo a leitura dos escritos espirituais de Santa Teresinha. Ela nasceu na França, em 1873, e morreu em 1897, portanto, muito jovem. Aos 15 anos de idade, Teresinha entrou no Carmelo, tornando-se carmelita. Deus a chamou à santidade, e ela sabia disso.

Respondeu ao chamado com muito amor, alegria e humildade. Na Igreja, recebeu o título de Doutora, devido ao seu testemunho de vida e à profundidade espiritual de seus escritos. É considerada mística porque viveu mergulhada no mistério de Deus. Também é a patrona universal das missões católicas.

Há um pensamento de Santa Teresinha que sempre me chamou a atenção, pela verdade e simplicidade das suas palavras, que diz: “Viver de amor é dissipar o medo e a recordação das faltas passadas”. Em sintonia com a misticismo de sua obra, ouso traduzir o significado deste seu pensamento.

O que significa viver de amor, segundo o pensamento de Santa Teresinha? Primeiro, significa dissipar o medo. Dissipar é afastar, livrar-se, libertar-se. No Evangelho, Jesus repete inúmeras vezes: “Não tenhais medo!” Santa Teresinha sabia que o medo é um grande obstáculo à fé em Jesus. A fé não convive com o medo. Este tende a paralisar a pessoa, transformando a sua vida numa experiência de morte.

Quem é dominado pelo medo já conhece a morte. No lugar do medo, Santa Teresinha propõe o amor. Ela descobriu que a sua vocação era o amor. Esta é a vocação de toda pessoa de fé. Para afastar o medo é preciso ter fé e muito amor. No amor e na fé está a confiança; uma confiança plena. Uma pessoa amorosa e de fé inabalável confia plenamente na ação amorosa de Deus.

No mundo em que vivemos, marcado pelas inúmeras formas de violência e desespero, o medo tem tomado conta das pessoas. As crises geram insegurança, ansiedade, angústia etc. As pessoas sentem medo do futuro imprevisível ao observarem a confusão do presente. Mulheres e homens que vivem de amor podem até sentir medo, mas não se deixam dominar por ele.

Em segundo lugar, viver de amor significa dissipar a recordação das faltas passadas. Recordar o passado não faz mal, quando estamos reconciliados com ele. Ficar “remoendo” o passado não faz bem à saúde da mente e do espírito.

No que se refere às faltas passadas, é necessário deixá-las no passado. Reconciliar-se com essas faltas significa assumi-las, reconhecendo-as com humildade de coração.

Manter viva a recordação destas faltas é atitude inútil, que torna a vida triste e pesarosa. Trata-se de uma recordação que não torna a vida presente leve, livre e feliz.

Por fim, consideremos uma constatação oriunda do testemunho de Santa Teresinha: quem quiser ter paz de espírito, dissipe o medo e a recordação das faltas passadas. A paz de espírito é uma riqueza sem a qual nenhum ser humano consegue viver bem.

Em um mundo cheio de gente perturbada, feliz aquele que consegue experimentar a paz de espírito; paz que o mundo não consegue dar, mas somente se pode alcançar vivendo de amor. Esta é a lição de Santa Teresinha do Menino Jesus. Uma lição sempre atual e necessária para uma vida saudável e outro mundo possível.


Tiago de França

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