Hoje, 8 de março, é o Dia
Internacional da Mulher. Em um país marcado pelo machismo e pelo
conservadorismo, as mulheres não tem muito o que comemorar. Causa repugnância a
forma como as mulheres são tratadas no Brasil: são desrespeitadas em sua
dignidade. Este desrespeito é constituído por inúmeras formas de violência
contra a mulher.
A situação
é tão grave e vergonhosa, que foi necessária a criação de uma lei para proteger
a mulher da violência de inúmeros indivíduos que pensam ser homens. Apesar disso,
a Lei Maria da Penha não consegue erradicar a violência contra a mulher, e os
fatores são inúmeros.
Para milhões de indivíduos que pensam ser homens, a mulher é
propriedade particular, uma coisa, um objeto de uso, que pode ser utilizado e
descartado. Para eles, a mulher serve para ser um depósito de espermatozoides,
para lavar e passar roupas, lavar louça e fazer comida, cuidar de crianças e
arrumar a casa, enfim, ser a empregada do lar. A mulher é a bela, recatada e do
lar. Por isso, trata-se de um ser inferior, que pode ser desrespeitado sem que
isso seja considerado um problema.
Na sociedade, as que conseguem os postos de trabalho até
então ocupados pelos homens, não recebem os mesmos salários. As estatísticas
mostram que a mulher trabalha mais e ganha menos. O homem trabalha menos que a
mulher. E não há nenhum projeto efetivo nem vontade política para mudar isso. A
situação se normalizou. Se a mulher é inferior ao homem, então deve ter
salários menores: esta é a ideologia dominante.
Estes mesmos indivíduos defendem, ainda,
o absurdo de que a mulher deve sofrer calada. Assédio, agressões, piadas
indecentes, olhares, estupros, chantagem emocional, enfim, ela deve sofrer tudo
isso calada. Eles defendem o silêncio forçado, a mordaça. No parlamento
brasileiro, formado por 90% de homens, a mulher não tem vez nem voz.
Uma boa
parcela de parlamentares, constituída por hipócritas e adúlteros, trabalha tão somente
para barrar a conquista dos direitos das mulheres. Infelizmente, milhões de
mulheres elegeram seus próprios inimigos na política. Quanto mais o político se
mostra violento e indecente em relação às mulheres, maior é a sua popularidade.
É assim porque parte do povo se identifica com a violência contra a mulher. Trata-se
de uma parcela grande de gente ignorante e criminosa.
Na religião
cristã, a situação não é muito diferente. Apesar de Jesus ter ensinado a fraternidade
e, consequentemente, a igualdade entre mulheres e homens, inúmeros líderes
religiosos pregam a subserviência; ensinam que a mulher deve obedecer ao homem,
sendo-lhe submissa. Para isso, procuram versículos bíblicos para legitimar seu
desejo de dominação.
Sem a
mulher, o Cristianismo desaparece, mas esta verdade não é considerada. Na Igreja
Católica, a mulher não participa da hierarquia nem preside a Eucaristia. Também
em muitas outras Igrejas e religiões, a mulher é excluída de alguns ofícios,
que somente podem ser desempenhados por homens, exclusivamente.
Este exclusivismo
contraria o evangelho, mas os conservadores não estão preocupados com o
evangelho, mas querem continuar exercendo o poder, sem a interferência e
participação da mulher. O poder de decisão é do homem. A mulher está para o
serviço, especialmente os serviços de ornamentação e limpeza.
Por estes e tantos outros motivos, não
resta à mulher outra alternativa senão ir à luta, permanecendo firme na
conquista de seus direitos. Precisa ocupar o seu espaço com dignidade. A mulher
necessita, também, aprender cada vez mais a usar a palavra e aproveitar as
oportunidades que surgem, sem aderir ao autoritarismo de muitos indivíduos.
Sem perder
a ternura, posicionar-se com coragem e firmeza. O mundo carece cada vez mais de
mulheres audaciosas, conscientes de seu papel na sociedade, amorosas, livres e
libertadoras. O que seria do mundo sem a ternura das mulheres?...
Avante, mulheres!
Tiago
de França
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