sábado, 27 de maio de 2017

A presença de Jesus, o cristão e os escândalos de corrupção

“Homens da Galileia, por que ficais aqui parados, olhando para o céu? Esse Jesus que vos foi levado para o céu virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu” (Atos 1, 11).

        O relato da ascensão de Jesus aos céus pode ser uma excelente oportunidade para meditarmos sobre o mistério de sua presença entre nós. Certamente, alguns pregadores católicos enfatizarão o movimento da subida de Jesus ao céu. Na verdade, Jesus nos chama a atenção para a sua permanência entre nós, pois não nos deixou órfãos. Ele não nos abandona para ir viver confortavelmente em outra dimensão. Ascensão é, na verdade, movimento de descida para a realidade conflituosa da vida.

        Nossa tendência é justamente repetir o gesto dos discípulos de Jesus, que ficaram parados olhando para o céu. Viver parado, olhando para o céu, é a atitude do cristão acomodado, que aprendeu a adorar Jesus no silêncio da capela do Santíssimo. Para quem é católico, não discordamos da importância da adoração silenciosa numa bela capela ou templo religioso. Mas precisamos ser contemplativos na ação. Sempre há algo que pode ser feito, por mais insignificante que pareça ser. Podemos celebrar a ascensão de Jesus, fazendo-o presente na simplicidade de nossa ação.

        Muita coisa ruim anda acontecendo no mundo, especialmente no Brasil. Nesta semana que passou, em terras paraenses, dez pessoas foram assassinadas. Segundo testemunhas, as polícias civil e militar chegaram atirando: as vítimas sequer puderam reagir. Anteriormente, um segurança de uma fazenda foi assassinado. Pelo que se conhece na região, este é o resultado do poder dos fazendeiros, que matam, impiedosamente, com o apoio da polícia. Dada a impunidade que impera no País, será mais uma chacina a cair no esquecimento. Os que foram assassinados são pessoas pobres, e estes não contam para a justiça. No Brasil, a morte de um trabalhador pobre não significa nada.

        A ascensão de Jesus é um mistério que se celebra na vida destes pobres trabalhadores e suas famílias. Certamente, há mulheres e homens indignados por esta injustiça, que se repete, escandalosamente. No Pará, há os irmãos da Comissão Pastoral da Terra, da Igreja Católica, que estão denunciando este crime. Há também membros da Ordem dos Advogados do Brasil, que exigem investigações. No Judiciário, deve existir operadores preocupados com esta terrível situação. Em toda parte, há pessoas que não compactuam com o derramamento de sangue de pessoas que lutam por seus direitos. Nestas pessoas, manifesta-se o mistério da presença de Jesus.

        Além deste fato estarrecedor, que revela o quanto precisamos de um Judiciário que, de fato, funcione, também assistimos ao agravamento da crise política. Nosso atual Presidente é descarado: apesar das denúncias de corrupção, com as devidas provas oferecidas por um dos donos da JBS, insiste em se manter no cargo. O apego ao poder a qualquer custo é algo doentio e deplorável. Mesmo fazendo mal ao País, Michel Temer zomba da cara dos brasileiros, e insiste em permanecer no poder.

É tanta podridão, envolvendo também operadores do Judiciário, que este não sabe que rumo tomar. No mesmo Judiciário, os amigos do Presidente pendem para a impunidade, e já falam de indulto ao Michel Temer. Outros, apontam para o caminho da devida e necessária punição. A situação do Judiciário, de modo geral, é de total parcialidade. Em nome da amizade com corruptos, manipula-se a lei, escancaradamente. Aos inimigos, a lei; aos amigos, a impunidade.

O que um seguidor de Jesus pode fazer diante de uma situação dessas? É necessário manter viva a esperança. Mas não uma esperança passiva. O cristão é chamado a profetizar: crer na verdade e anunciá-la. E a verdade está na realidade dos fatos. Estes falam por si, independentemente de interpretação. É preciso aprender a ler os acontecimentos à luz da presença de Jesus.

No evangelho, Jesus ensina que o cristão deve permanecer do lado de quem está sendo enganado e explorado. Assim, o nosso lado é o dos pobres do povo brasileiro. Há muita gente pobre, que está sendo vítima das ditas “reformas” que o corrupto Michel Temer está fazendo. Jesus permanece presente na vida dos pobres do povo, e quem o segue deve permanecer com ele na vida de seu povo.

Esta é a opção de Jesus: os pobres sofredores do povo. Por isso, nas Igrejas e comunidades cristãs, todos aqueles que aderem aos discursos e práticas dos opressores se colocam na contramão do evangelho, e são dignos que serem chamados de inimigos do povo de Deus. Todos os corruptos são inimigos do povo de Deus, devendo ser desmascarados e punidos. São filhos do demônio, o pai da mentira e do roubo.

E por mais que ostentem amizade com padres, bispos e pastores, tanto católicos quanto protestantes, não deixam de ser discípulos e agentes de Satanás. Sabemos bem que Satanás é sinônimo de divisão, mentira e destruição, e é justamente isso que os corruptos fazem: dividem, mentem e destroem a vida, saqueando o dinheiro do povo brasileiro. Se há pastores que os abençoam, não o fazem em nome do Deus e Pai de Jesus, mas em nome de Satanás, pai da mentira e da confusão. Deus não abençoa quem rouba e mata as pessoas.

Celebrar a ascensão de Jesus é crer que ele permanece fiel, e sua fidelidade é um convite para também sermos fieis a Deus, praticando a justiça para que surja a paz. A alegria da sua presença nos transforma em missionários da justiça do Reino de Deus, incansáveis peregrinos neste mundo, firmes e fortes até às últimas consequências.

Que o Espírito de Jesus nos liberte de toda e qualquer alienação e desespero, a fim de que o Reino de Deus se torne realidade entre nós. Vamos nos manter de pé, combatendo a mentira e denunciando as forças do anti-Reino e seus agentes. Somos da parte de Deus. Ele nos envia, nos confirma e nos anima na fé, no amor e na esperança. Avante, sempre!


Tiago de França

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A gravidade da crise política brasileira

É muito grave a situação política do Brasil. Vive-se numa realidade que podemos denominar antipolítica, pois a verdadeira política é o oposto daquilo que estamos assistindo. Retrospectivamente, o que ocorreu? Em agosto de 2016, sem provas de crime de responsabilidade, derrubaram a Presidenta Dilma Rousseff.

As pedaladas fiscais, motivo alegado para a sua queda, imediatamente após o processo de impedimento, foram consideradas legais. Hoje, os chefes do poder executivo podem pedalar à vontade! O processo contra a Presidente Dilma tinha que ter um motivo, e as pedaladas constituíram, para aquela situação específica, crime de responsabilidade.

Michel Temer chega ao poder, apoiado por todos aqueles que se empenharam em derrubar Dilma Rousseff: PSDB, DEM, empresários, juristas, juízes, procuradores e tantos outros. Uma vez empossado, não perdeu tempo: anunciou “reformas” que tiveram e continuam tendo o único objetivo de reforçar o poder dos ricos e enfraquecer a força dos pobres.

Com o apoio de um segmento forte do Judiciário, a Constituição começou a ser violada, vergonhosamente. Em nome da ordem e do progresso, passou-se a ceifar os direitos adquiridos a duras penas.

No silêncio da madrugada e no sigilo dos telefonemas, e-mails e encontros, o governo e seus apoiadores continuaram fazendo o que mais sabem fazer: cometer ilícitos, faturando milhões e milhões de reais. Como todo criminoso costuma deixar rastro, nem que seja discreto e quase imperceptível, a bomba explodiu!

Além da grande Odebrecht, chegou a vez da JBS. Delatores firmaram acordos com a Justiça e resolveram dar nomes aos bois. Como era de se esperar, Michel Temer e Aécio Neves, até então intocáveis, passaram a ocupar o centro das atenções: estão sendo acusados pela Procuradoria-Geral da República de articularem meios de obstruir o trabalho da Lava Jato.

Além de obstrução de justiça, conduta grave e ilícita, os mesmos formam um trio criminoso: soma-se à periculosidade dos dois, o ex-deputado Eduardo Cunha, que se encontra preso. Amigo pessoal do ainda Presidente Temer, Eduardo Cunha não quer perder a posição: ocupa lugar central na seara da antipolítica brasileira. Temer sabe do quanto seu amigo é perigoso, caso este se torne seu inimigo.

Eduardo Cunha detém a força de derrubar dois presidentes, consecutivamente. O segundo cairá se abandoná-lo, isolando-o na prisão, sem dar-lhe a devida assistência, inclusive financeira. Centenas de políticos em Brasília estão na mira de Eduardo Cunha, que os tem na palma de suas mãos, pois com ele formaram uma das organizações criminosas mais fortes e eficientes da história recente do Brasil.

Nunca antes na história do País a justiça investigou, processou e prendeu tantos criminosos ricos como agora. As provas são robustas e inúmeras: fotos, vídeos, áudios, documentos. Mediante prova, a justiça tem que condenar. A lei processual penal dispõe de condenação mediante provas.

O judiciário tem a grande chance de se redimir perante a sociedade, considerando que é do conhecimento de todos, que o judiciário, historicamente, sempre ignorou os crimes praticados pelos ricos, em detrimento dos pobres. Parcela do judiciário está envolvida, quer na prática de crimes, quer na omissão, recusando-se a julgar os seus verdadeiros autores. Infelizmente, esta parcela de operadores do direito não arca com as consequências dos seus atos e omissões. Muito raramente um magistrado é condenado por crimes cometidos no exercício de sua função.

O que será do Brasil daqui pra frente? O que pode ocorrer? Rodrigo Maia, atual Presidente da Câmara, é o cogitado para substituir Temer na Presidência. A Constituição prevê eleições indiretas pelo parlamento. Portanto, deputados e senadores irão escolher uma pessoa devidamente alinhada aos seus interesses para ocupar o cargo de Chefe de Estado e de Governo, na Presidência da República. Considerando que a maioria dos que compõem o atual parlamento é inimiga da ética, o resultado poderá ser assustador.

O Brasil poderá ter um novo Presidente pior que Temer. Pelo andar da carruagem, o povo não vai às urnas antes do próximo ano. Indiretamente, será eleito um novo Presidente se conseguirem derrubar Temer. Este já adiantou que não renuncia. Talvez, com possíveis e novas revelações, torne-se impossível que o mesmo continue presidindo o País.

Se o Brasil fosse constituído por um povo consciente e unido, o Temer já teria renunciado. Mas ele sabe que o povo demora para enxergar e reagir. Mesmo com os jornais da Globo permanecendo, curiosamente, sugerindo a sua renúncia, o povo só assiste. É claro que existe toda uma militância política devidamente organizada, que está nas ruas do País, protestando, permanentemente.

Mas a maioria do povo permanece de braços cruzados, esperando que o milagre aconteça: espera-se que a cadeira presidencial seja ocupada por uma mulher ou homem justo, que tire a política brasileira do lamaçal vergonhoso da corrupção e liberte o País das crises política e econômica. Enquanto isso, em Brasília, deputados e senadores, bem como alguns outros agentes interessados em continuar sugando o dinheiro público, se organizam para manter a atual conjuntura intacta.

Finalizamos estas breves considerações com uma pergunta que julgamos fundamental para o momento: Até quando o povo brasileiro vai insistir em continuar elegendo pessoas que, declaradamente, não visam a promoção da verdadeira democracia, pautada na justiça social e nos princípios verdadeiramente democráticos?... Em 2018, caso tenhamos eleições gerais, o povo terá, mais uma vez, a chance de dar um basta nestes abusos, ou, pelo menos, amenizá-los. É o que esperamos.


Tiago de França

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Temer, Aécio e a Globo. Pensamentos (XLI)

A Globo está aperfeiçoando o golpe. O que ela está fazendo não tem nenhuma ligação com a democracia. Revelará em breve o que realmente quer com esta cobertura especial do escândalo envolvendo aqueles que são seus amigos. A mídia é mafiosa e jamais renunciará às suas pretensões. Atenção e discernimento são antídotos contra o veneno da serpente, que morde e mata sem piedade.

Tiago de França 

domingo, 14 de maio de 2017

O amor e o cuidado. Pensamentos (XL)

O amor exige o cuidado do outro. Sem o cuidado, somente há aparência de amor.


Tiago de França