segunda-feira, 22 de outubro de 2018

FERNANDO HADDAD E A DEMOCRACIA

       
       Quem viveu a ditadura e escapou da morte nunca pensava que haveria sequer a hipótese daqueles anos de horrores se repetirem no Brasil. Essa quase certeza é a que sai da boca dos que sobreviveram.

        Nasci em 1984 e não me recordo da ditadura, porque um ano após ela chegou ao seu fim, oficialmente. O povo foi às ruas e reconquistou a democracia. Dizer que os militares se cansaram do poder e resolveram devolvê-lo aos civis é uma mentira mal contada. A democracia foi reconquistada à custa de muita perseguição e sangue.

        Como não vivi este período, restou-me ler bastante sobre este tempo vergonhoso da nossa história. Os militares tomaram o poder, prometendo colocar o Brasil em ordem. Diziam também que iriam promover o progresso. Quando isto já não bastava para enganar as pessoas, então inventaram a ameaça do comunismo. Em nome do combate ao comunismo muita gente foi perseguida, presa, torturada e morta. Até hoje há gente desaparecida. Ninguém sabe do paradeiro.

        A ditadura militar, período que vai de 1964 a 1985, representa uma pausa demorada e sangrenta da nossa história. Tudo pode ser devidamente estudado. O material é farto. Os livros de história registram os horrores da ditadura. Somente uma pessoa muito preguiçosa e desinteressada pela história é capaz de negar que a ditadura existiu.

        Nas eleições deste ano, temos um capitão da reserva do exército, que se aventurou no mundo da política nacional. Depois de ter sido praticamente expulso do exército, resolveu ingressar na política. A sua sorte é que encontrou um número significativo de eleitores pouco informados, que caíram na sua lábia. Este capitão virou deputado, e há 28 anos vive à custa do Estado, sem ter feito praticamente nada.

        Sempre foi um político insignificante. Na Câmara dos deputados sempre foi motivo de piada. Nunca liderou nada, nem nunca fez nada sequer pelo seu estado, o Rio de Janeiro. Simpatizante das armas e da bandeira da segurança pública, qualquer pessoa pode pesquisar sobre alguma coisa que ele tenha feito pela segurança pública, e nada encontrará. Literalmente, não fez nada.

        Quando este capitão, mal-educado e de espírito exaltado, percebeu que a maioria dos brasileiros caiu no desespero, então ele entrou em cena. Começou a pensar frases de efeito para impressionar as pessoas. Como a violência é um dos grandes problemas que afligem os brasileiros, então ele resolveu investir em frases de efeito com o tema da violência: “Bandido bom é bandido morto!”, “Lugar de bandido é na cadeia!”, “Vamos meter bala nos vagabundos!”, “O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!” etc.

        Qualquer eleitor poderá perguntar: Qual a proposta do capitão para resolver o problema da violência? Como esta proposta será implementada? A resposta é muito simples: Não há proposta, e não havendo, não se sabe como ele resolveria o problema da violência. Qualquer pessoa de bom senso sabe que não se resolve o problema da violência matando pessoas. Matar pessoas é crime tipificado na lei penal.

        O desespero aliado à ignorância de grande parcela da população são elementos que ajudam o capitão a gozar da simpatia de muitos eleitores. A alienação chegou em um grau tão acentuado, que as pessoas já não querem nem saber se ele tem ou não propostas. Ter projeto claro e bem explicado deixou de ser critério. Portanto, a candidatura do capitão é vazia de ideias e propostas, e repleta de jargões e ameaças.

        As falas e gestos do candidato do PSL são provas cabais de antidemocracia. Ele não aceita o regime democrático, mas quer ser eleito Presidente. Trata-se de uma aberração possível. Pública e explicitamente, o capitão fala que a maioria tem que se sobrepor às minorias, massacrando-as. Ele é contra a regra democrática de que o Brasil deve ser um País de todos. Defensor da ditadura militar, prega o ódio e a perseguição aos fracos e empobrecidos.

        Um Presidente da República é eleito para governar para todos e para o bem-estar de todos. Não seria o caso do capitão, porque os negros, as mulheres, os índios, os homossexuais, os pobres e os demais opositores devem ser perseguidos e excluídos. Esta é a visão do candidato Bolsonaro. Ele sempre maltratou estas pessoas. E o pior é que muitas delas se identificam com ele, e declaram que vão votar novamente nele. Essas pessoas aderiram a uma espécie de suicídio coletivo.

        Outra novidade que apareceu com força nas eleições deste ano, que favorece o capitão, é o apoio maciço de protestantes e católicos que se identificam com o discurso da violência. São pessoas que, ignorando o Evangelho de Jesus, que prega a justiça e a paz, resolveram defender a tortura praticada na ditadura militar, entre outras bandeiras contrárias ao que ensina Jesus, defendidas pelo candidato Bolsonaro. Este se declara cristão, mas os fatos comprovam que ele é cristão só de nome. A sua prática, fundamentada no discurso da eliminação dos outros é totalmente contrária aos ensinamentos bíblicos e cristãos.

        É neste sentido que Fernando Haddad representa a única saída para que a democracia continue sobrevivendo no Brasil. Haddad não é da extrema-esquerda e a sua biografia não consta de participação em circunstâncias gravemente comprometedoras como as que aparecem na biografia sombria do capitão Bolsonaro. Haddad é um democrata, conhecedor da lei e da ciência política; um advogado e professor respeitado, defensor do estado democrático de direito.

        É verdade que o Haddad integra um partido político que cometeu muitos erros. Um partido político muito perseguido pela grande mídia brasileira, por setores importantes do Judiciário e por opositores antidemocráticos. Apesar dos erros do partido, ninguém, em sã consciência, pode negar a valiosa contribuição que os governos petistas deram para o aprimoramento da democracia brasileira, e para a melhoria de vida dos mais pobres do povo brasileiro, de 2003 a 2016.

Quem conhece da lei, principalmente a Lei do Impeachment, também não nega que o PT foi expurgado do poder via golpe parlamentar. Não houve crime de responsabilidade, e desse modo o rito de impeachment, previsto na Constituição de 1988, foi covardemente transformado em golpe parlamentar. Isto está devidamente registrado em nossa história republicana recente, e ninguém mudará isso.

Nesta hora difícil da nossa história, em que as instituições democráticas estão sendo gravemente ameaçadas por uma candidatura que tem o apoio das Forças Armadas, do mercado financeiro e dos grandes empresários do País, todo brasileiro de bom senso precisa agir. Não adianta esperarmos para que o Judiciário, no cumprimento da lei e por meio da investigação rigorosa, tome providências em relação aos abusos que estão sendo cometidos nestas eleições. Não adianta esperar porque não vai ocorrer.

O bom senso pede, se quisermos preservar a democracia, que se encontra em um estado agonizante, que elejamos Haddad Presidente da República. O PT praticou muitos erros, mas nunca ousou ameaçar o estado democrático de direito. Nunca ameaçou instalar o regime comunista entre nós. Se houvesse esta pretensão, já teria feito desde 2003.

O PT respeita as regras do jogo democrático e a elas se submete. Negar isso é uma covardia. Se permitirmos que Jair Bolsonaro chegue ao poder, aí, sim, teremos que suportar um governo hostil, inimigo dos direitos humanos e do meio ambiente, covardemente agressivo e que tenderá a permanecer por muitos anos.

Eu, com minhas críticas ao PT, me recuso, terminantemente, a me omitir nesta hora, pois sou brasileiro, amo o meu País, e desejo que a liberdade continue sendo a regra de nossa convivência social, apesar de ameaçada por todos os que se colocam nas fileiras do crime. Em nome desta liberdade e do que ainda resta de democracia, caro leitor, eu lhe peço, vote 13.

Se você votar em Jair Bolsonaro, certamente será responsável pelo que ele pretende fazer com o nosso pobre e sofrido povo. Não pense somente em você. Você integra o País. Seja patriota, pense no Brasil. Seja a favor da democracia, e contra as ameaças do faço. Vote 13 para o Brasil continuar trilhando o caminho da esperança.

Ninguém merece a instauração do caos e de uma nova ditadura. Ditadura é a morte da democracia, e Jair Bolsonaro não defende outra coisa senão a violência gratuita contra os fracos e empobrecidos. Isto é sinal evidente de uma ditadura. Nós não temos o direito de nos omitir. Urgentemente, precisamos salvar a democracia em nosso País.

Prof. Tiago de França

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