quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Por que os ricos querem Bolsonaro na Presidência da República?


Sabemos que a desigualdade social é uma das características marcantes do Brasil. Estamos entre os países mais desiguais do mundo. Entre ricos e pobres há um abismo escandaloso. Esta não é uma novidade, pois desde a chegada dos portugueses em terras brasileiras, o País é marcado pela escravidão. Esta explica a desigualdade presente no Brasil.

Hoje, podemos dizer que há quatro classes de pessoas no Brasil: os miseráveis, que vivem abaixo da linha da pobreza; os pobres; a classe média, que pensa ser rica; e os ricos. Miseráveis, pobres e classe média são os que sentem os efeitos da crise econômica que assola o País. Os ricos só conhecem a crise pelas páginas dos jornais. A classe média, em relação aos miseráveis e aos pobres, sente menos a crise, mas não está excluída do número dos que sentem seus efeitos.

A classe média pretende aparecer como os ricos, mas não adianta: o pessoal da classe média não é rico. Há duas características que mostram isso: primeiro, trabalham para viver. Ricos não trabalham, porque são donos dos meios de produção. Assim como os pobres, a classe média trabalha para os ricos. Segundo, porque os membros da classe média constituem o grupo social produtor da cultura, tendo em vista servir melhor os ricos. Os intelectuais, de modo geral, são da classe média. São os produtores das ideologias que legitimam o poder econômico controlado pelos ricos.

Os ricos são os grandes empresários, os banqueiros e todos aqueles que possuem capital suficiente para manipular e controlar o mercado financeiro. Entre os ricos há os super-ricos, que, do ponto de vista financeiro, são as pessoas mais ricas do mundo. No Brasil há alguns que figuram na lista dos mais ricos do mundo. São pessoas metidas no mundo dos negócios, que fazem o dinheiro se multiplicar com muita facilidade. Estes afortunados do capitalismo selvagem estão livres de impostos e, geralmente, não se sujeitam às leis.

No Brasil, os ricos tem muito interesse na política. Além de exercerem o controle do mercado financeiro, também querem dominar o Estado. Isso explica as grandes somas de dinheiro que investem nas campanhas eleitorais de muitos candidatos. Não são doações, mas empréstimos a serem pagos de alguma forma. Os ricos lutam para eleger o maior número de membros no Legislativo e no Executivo, para que estes mantenham seus privilégios. Dentre os vários privilégios está o não pagamento, ou o pagamento de valor irrisório de tributos, principalmente impostos.

Este é o motivo de o Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF), previsto na Constituição (artigo 153, inciso VII), nunca ter sido regulamentado. Só existe na Constituição, mas na realidade, os afortunados não pagam nenhum imposto sobre suas grandes fortunas. O mesmo ocorre com os dividendos (lucros) das empresas: não há um imposto sobre os lucros empresariais. A carga tributária brasileira está concentrada no consumo e na renda. Os ricos consomem, mas proporcionalmente pagam menos impostos. Eles não são assalariados, então não pagam imposto de renda na condição de empregados.

Isso explica a preferência dos ricos por Bolsonaro. Este candidato pretende continuar livrando os ricos dos impostos que deveriam pagar. A reforma tributária do Paulo Guedes, o guru de Bolsonaro, prevê a manutenção do peso da carga tributária sobre as costas dos pobres e da classe média.

Por isso, todas as pesquisas de intenção de votos mostram que Bolsonaro é o candidato dos ricos, que representa muito bem os interesses dos que tem muito dinheiro, e que desejam ter cada vez mais à custa do suor e lágrimas dos pobres e da classe média.

E você, que acabou de ler este artigo: é pobre, pertence à classe média, ou é membro da classe dos ricos e afortunados? Se você é pobre ou da classe média, por que quer votar em Bolsonaro? Ou você ainda não entendeu que o plano de governo deste candidato não contempla a sua vida? Reflita, e não seja masoquista. Um pouco de amor próprio e ao País faz muito bem.

Você sabia que uma das propostas do Fernando Haddad é taxar os ricos? Ele não tem medo de anunciar isso, pois sabe que o pobre e a classe média estão cansados de pagar impostos. Dê uma lida no plano de governo de Haddad, e compare com o plano do Bolsonaro, principalmente no quesito Imposto de Renda. Eleitor consciente é eleitor bem informado. Informe-se. Não se deixe enganar.

Tiago de França


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