sábado, 31 de maio de 2008

Deus: justiça e misericórdia


Os cristãos professam que o Deus Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é Justo e Misicordioso. O Pe. Cicero do Jazeiro afirmava: "Deus é justiça reta, quem fez menos paga menos, quem fez mais paga mais". Realmente, Deus ver e conhece todas as coisas. Só Ele é capaz disso. Só Deus é onisciente, onipresente e onipotente. Mas, apesar de ter estas três qualidades, Deus concedeu ao homem a liberdade. O homem é livre para fazer o bem e para fazer o mal. Baseando-se na Carta ao Romanos, o Documento do Vaticano II Gaudium et Spes, afirma: "O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe, e por ela é que será julgado" (GS n.16). O homem tem no coração a lei de Deus. A dginidade do homem está na obediência à lei de Deus. E esta lei que irá julgá-lo. Aí está a justiça de Deus. O mesmo n.16 mais a frente afirma: "Pela fidelidade à voz da consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social". A consciência é o tribunal onde o homem julga o que é certo e o que é errado (discernimento). O agir humano precisa está submetido à sua consciência. Creio que o homem erra menos quando obedece à sua consciência, porque por natureza, ela sabe o que é bom e o que é nocivo ao homem. O homem livre auxiliado pela graça de Deus chega à perfeição, confirme o pedido de Jesus no Evangelho:"Portanto, sede perfeitos, assim como vosso pai celeste é perfeito"(Mt 5, 48). Sem a ajuda da graça divina é impossível atender a este convite de Jesus. Jesus nos convida e nos capacita a sermos santos em seu amor. Num diálogo filial e orante com Deus, Jesus reza: "Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste" (Jo 17,25). Deus é Justo. Ele faz justiça aos injustiçados. Não é necessário recorrer ao desespero, mas confiar na justiça de Deus é necessário á vida de fé. Ter fé em Deus é confiar que ele faz justiça diante das injustiça sofridas. O homem que entende e crer nesta verdade, dificilmente perde o sentido da fé e da vida quando é provado nas dificuldades e sofrimentos. Além de Justo, Deus é misericordioso. No Evangelho Jesus cita três preceitos considerados mais importantes na Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade (Mt 23,23). Em outras palavras, obedecer à lei de Deus é ser justo, misericordioso e fiel para com o próximo. Em Mt 5, 7 está escrito: "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia". Jesus nos ensina a sermos misericordiosos com nossos irmãos e irmãs. Ser misericordioso é ser caridoso com as pessoas que precisam de nosso auxílio. Ser misericordioso é compreender a fragilidade que se encontra no ser humano. Todos os homens e mulheres são pecadores. Ninguém está isento do pecado. Não há puro nem imaculado! Todos são limitados, logo precisamos ser misericordiosos com os outros, para que Deus tenha misericórdia de nós. Jesus nos diz:"...com a mesma medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos" (Mt 7,2). Não nos é permitido julgar a conduta de nosso semelhante. Somos convidados a corrigir fraternalmente (Mt 18,17), mas jamais podemos julgar. O cristão precisa aprender a olhar os outros com os outros de Deus, com um olhar misericordioso. Somos tentamos a olhar o outro com os olhos de juiz. Não podemos julgar nosso semelhante, porque também iremos nos submeter ao tribunal da justiça divina. Quando olhamos o próximo com os outros de Deus a convivência torna-se mais harmoniosa e pacífica. Quando penso que Deus só vai me perdoar quando eu pedoar meu irmão, então perco a ousadia de lhe negar o perdão. Quando nos recusamos a olhar o próximo com desconfiança, a paz inunda nosso ser e temos grande alegria! Deus se faz presente nas relações fraternas pautadas na alegria e na misericórdia. Que o Deus da justiça e da misericórdia jamais se esqueça das pessoas que sobrevivem às injustiças de nossa sociedade, que estão com fome e sede de amor e paz.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Abra a porta...


Ninguém é melhor
do que ninguém
todo mundo está
caminhando.
Ninguém é o mestre
de ninguém
todo mundo está
aprendendo.
Ninguém é Senhor
de ninguém
todo mundo está
pra dar, pra servir
e amar na liberdade.

O jeito melhor de caminhar é de mãos dadas.
O jeito melhor de aprender é saber ouvir.
O jeito melhor de servir é amar na liberdade.

sábado, 24 de maio de 2008

O senador Jefferson Péres

Eu não costumo defender a imagem dos políticos de nosso país, porque a maioria deles envergonham a política brasileira. É verdade que não são todos corruptos. Em meio à nuvem escura da corrupção, há sempre sinais de luz. A meu ver, o senador Jefferson Péres era um pequeno facho de luz em meio às trevas da política brasileiro. Falar do senador Jefferson Péres é falar de honestidade e ética no campo político, pois foi um homem que buscou e viveu a integridade exigida de um homem público. Com certeza, honrou os compromissos assumidos em campanha eleitora, destacou-se na defesa da vida da Amazônia. Infelizmente, homens como eles são raros na vida pública. Homens que zelam pelos verdadeiros valores morais e democráticos, que lutam pela justiça e pela paz social. Foi embora o homem e ficou sua memória a ser lembrada pelas futuras gerações. Quem aspira fazer parte do Poder Legislativo ou político neste país tem o nobre senador Jefferson Péres como um exemplo a ser lembrado e seguido. Que o Deus da vida o recompense pelo bem que fez à nação e de modo especial em benefício do povo da Amazônia que cotidianamente clama por justiça.

sábado, 17 de maio de 2008

Santíssima Trindade: comunidade de amor

Neste Domingo (18 de maio), a Igreja está celebrando a Solenidade da Santíssima Trindade. O que é a Santíssima Trindade? É um mistério insondável, mas ao mesmo tempo revelado. A Trindade é a união do Pai, do Filho e do Espírito Santo. É uma unidade de amor. Deus é amor. Esse amor é Uno e Trino. Não podemos afirmar que são três deuses, mas há um só Deus verdadeiro nas três pessoas. Não há explicação lógica nem linguagem humana que possa exprimir ou descobrir tal mistério. É o Deus que se revelou como o Pai Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis, revelou-se posteriormente em Jesus Salvador e Redentor do gênero humano e que desceu sobre Jesus no batismo de Jesus na forma de pomba, o Espírito Santo Iluminador e Revelador. Os três estão desde sempre e para sempre em plena comunhão de amor. Pode-se afirmar que o nosso bom Deus é uma Comunidade de Amor. Santo Agostinho, bispo e doutor da Igreja, reservou vários momentos de sua vida para o estudo enigmático da Trindade Santa. Estudeou exaustivamente tal mistério e chegou a conclusão de que não nos é possível desvendar tal mistério devido a mente humana ser limitada. Santo Agostinho afirmou só ser possível conhecer e compreender plenamente tal mistério quando nos encontrarmos com Deus e o contemplá-lo na eternidade. Eu poderia escrever muitas coisas a respeito da Trindade, mas sabendo que outros já o fizeram e não conseguiram esgotar tal conhecimento, também eu, sinto-me limitado a escrever sobre este inefável mistério. Assim sendo, digo que Deus é amor e que este amor permanece presente nos corações de todas as pessoas, porque todos somos filhos desse amor. Quando os homens e mulheres deste mundo decidem vivenciar o amor gratuito acontece a humanização da humanidade. Esta humanização pode ser entendida como uma força misteriosa que toma conta dos corações humanos e estes ficam incapacitados de praticar o mal. Com isso, constatamos que o nosso mundo atual é carente de amor, porque a violência contra o ser humano e à natureza cada vez mais se generaliza. Neste santo domingo, em que o Apóstolo vai dizer que "Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer mas tenha a vida eterna" (Jo 3,16), peçamos a este AMOR que nos liberte das forças da morte e nos transforme em luz e força na vida daquelas pessoas que precisam de socorro para viver.
- Gloria Patri et Fílio et Spiritui Sancto.
- Sicut erat in principio et nunc et semper, et in saecula saeculorum. Amen.

domingo, 11 de maio de 2008

Pentecostes - Solenidade do Espírito Santo


A Igreja está celebrando neste domingo (11/05)a Solenidade do Espírito Santo. Este, por sua vez, é a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Trata-se do Advogado, do Consolador, do Paráclito, da força que conhece todas as coisas e que sonda até as profundezas de Deus. Quando somos batizados, recebemos o Espírito. O Paráclito nos confirma como filhos de Deus e nos faz afir de acordo com a vontade de Deus. Só podemos afirmar que Jesus é o Salvador se formos inspirados pelo Espírito. Ele está unido a nós e nos impulsiona na desafiante missão de ser Igreja no novo milênio. o Espírito está presente na humanidade e dentro de cada ser humano. Ele age misteriosamente, gerando vida sobre a terra. E o Espírito que encoraja os discípulos de Jesus na contrução do Reino de Deus. O Espírito de Deus é livre e trabalha a liberdade do gênero humano. O Apóstolo Paulo ao escrever para a comunidade de Corinto afirma: "O Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhhor, aí há liberdade" (2 Cor 3, 17). Em toda e qualquer ação boa e livre, aí está agindo a força e o poder do Espírito de Deus. O ser humano só pode realizar-se no exercício e na vivência da liberdade. O Espírito é aquele que impulsiona as pessoas a viverem e enfrentarem os desafios da vida. Na Carta aos Romanos ensina-nos o mesmo Apóstolo: "...o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado"(Rm 5,5). A lei de Jesus, que é o amor, é derramado em nossos corações por meio do Espírito Santo. E é este amor que transforma qualquer ser humano, para que este possa cumprir a vocação de amar a Deus e ao próximo. O nosso mundo atual é carente de amor, pois as destruições a que estamos assistindo sçao fruto da falta de amor nos corações humanos. Pois, quando o homem não ama, inconscientemente age conforme os instintos egoístas. Os que vivem segundo a carne nasceram da carne e os que vivem segundo o Espírito nasceram do Espírito. Na mesma Carta o Apóstolo Paulo nos diz: "Se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus habita em vós, ele, que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos, também dará a vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós" (Rm 8,11). O mesmo Espírito que ressuscitou Jesus é o que habita em nós e nos dá vida plena. É os Espírito que nos torna e nos confirma como filhos de Deus (cf.Rm 8,14). Isso significa que nossa filiação divina vem do Espírito que está conosco. O nosso pecado não expulsa de nós a presença vivificante do Espírito. O Espírito santo é livre e está além de toda e qualquer estrutura. Ninguém é dono do Espírito ou a ele ordena alguma coisa. Ele age na liberdade e para a liberdade. Ele não confirma as ações ou projetos contrários à vontade de Deus. Com o surgimento do neo-pentecostalismo o Espírito Santo tem sido muito presente nas reflexões teológicas e no culto cristão. Mas, é preciso fazer uma séria reciclagem nesse "barulho" a que estamos assistindo em nossos dias. Afirma-se que, ungidos pelo Espírito, homens e mulheres têm fundado Igrejas e inventados ideologias distorcidas no culto a Jesus. Como bem citou o teólogo comblin em seu livro O Caminho, ensaio sobre o seguimento a Jesus, "a maioria de nossas Igrejas está vivenciando a fé como religião de satisfação de desejos". O Espírito Santo é invocado como uma força podereosa que existe somente para curar as pessoas e oferecer-lhes prosperidade na vida financeira e afetiva. Esta idéia e maneira de ver o Espírito de Deus é falsa e não nos convém concordar com tais experiência. Estas experiências geram um crianismo descomprometido com a situação catastrófica do planeta em que vivemos. Que o Espírito nos dê vida e liberdade para que possamos construir com audácia profética o Reino de Deus.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

O pão do povo (Brecht)

A justiça é o pão do povo.

Às vezes bastante, às vezes pouca.

Às vezes de bom gosto, às vezes de gosto ruim.

Quando o pão é pouco, há fome.

Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!

Cozida sem sabor, amassada sem sabor!

A justiça sem sabor, cuja casca é cinzenta!

A justiça de ontem, que chega tarde demais!

Quando o pão é bom e bastante

o resto da refeição pode ser perdoado.

Não pode haver tudo logo em abundância.

Como é necessário o pão diário,

é necessária a justiça diária.

Sim, mesmo várias vezes ao dia.

De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.

No trabalho que é prazer.

Nos tempos duros e felizes.

O povo necessita do pão diário

da justiça, bastante e saudável.

Sendo o pão da justiça tão importante, quem amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?

Assim como o pão, deve o pão da justiça

ser preparado pelo povo.