quarta-feira, 4 de março de 2009

Fraternidade e Segurança Pública - A paz é fruto da Justiça


A realidade violenta do Brasil levou a Igreja a pensar a questão da violência na Campanha da Fraternidade (CF) deste ano. Durante a Quaresma, tempo de graça e salvação, recebemos o convite para pensarmos e rezarmos sobre a violência em nossa atual sociedade. Após o Concílio Vaticano II, a Igreja volta seu olhar para o mundo e a cada ano pensa um tema para torná-lo campanha da fraternidade. O que é a CF? É uma oportunidade de os seguidores de Jesus falar ao mundo sobre a justiça de Deus. O mundo desconhece a justiça de Deus. O que é o mundo? São os regimes opressores do sistema capitalista alienante e assassino. São homens que contrariando o projeto de Jesus, exploram os pobres sem medir conseqüências. O que é a justiça de Deus? A justiça de Deus se manifesta no amor entre as pessoas, na igualdade de direitos e no surgimento de uma sociedade de irmãos. Isso é possível? Jesus disse que é. Mas, como?

A prática da justiça é um desafio neste mundo injusto. As injustiças crescem cada vez mais. Os valores morais, éticos e humanos estão sendo esquecidos e relativizados. A desordem social é incontrolável. O homem está perdendo o sentido de sua existência. A justiça torna o homem justo, e conseqüentemente a sociedade. Grande parte das relações sociais está pautada na injustiça. O suborno e a extorsão fazem parte de muitas relações sociais, e isto torna a sociedade injusta e insuportável. Jesus ensinou à humanidade o caminho da justiça. O que é este caminho? É o amor, o perdão, a solidariedade, o diálogo, a fé no Deus da vida, a fraternidade, o respeito, a promoção da dignidade humana, etc. Sem estes valores, nenhum homem pode ser justo.

A CF deste ano quer levar as pessoas a serem construtoras da paz. Toda pessoa humana, independente da religião, da cultura ou da cor, é convidada a promover a paz. E a paz surge com o cessar das injustiças. Enquanto o Brasil estiver tomado pelas injustiças que assistimos, a paz é inviável. Um exemplo para ilustrar o sentido de injustiça a que estamos aludindo: A Ir. Doroth Stang, missionária norte-americana em terras amazônicas, foi brutalmente assassinada por pistoleiros, a mando de fazendeiros desonestos e injustos no Estado do Pará. Aqueles que efetuaram o crime foram condenados. E os mandantes foram absolvidos. Diante de Pôncio Pilatos, disse Jesus: “...quem a ti me entregou tem o maior pecado” (Jo 19, 11). Quem entregou Jesus à condenação é que teve a culpa de sua morte; a mesma sentença recai sobre a cabeça dos mandantes do assassinato da Ir. Doroth Stang, a culpa e a responsabilidade estão naqueles que pagaram e mandaram assassiná-la. E estes deveriam estar presos.

Os pobres confiam na justiça de Deus. Eles professam confiantemente: “Eu só confio na justiça de Deus, porque esta tarda, mas não falta”. Ai dos injustiçados se a justiça de Deus falhasse, pois vã era a nossa fé. Mas a Ressurreição de Jesus é a garantia plena de que Deus faz justiça aos oprimidos e a libertação do mundo está segura. Todo batizado é chamado a prática da justiça para a libertação do mundo. A felicidade é o desejo de todo homem, mas ela só é possível pela paz que é fruto da justiça. Quem não vive em paz nem promove a paz, não pode ser feliz. Quem é inimigo da justiça, é inimigo da paz; e quem é inimigo da paz, é inimigo do Príncipe da Paz, que é Jesus. Vivamos a justiça e promovamos a paz, este é o convite de Jesus e é a mensagem central da Campanha da Fraternidade deste ano de 2009.

Tiago de França da Silva
Seminarista lazarista

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