quarta-feira, 29 de abril de 2009

Construir a paz é compromisso de todos


Há pessoas que pensam que a segurança pública é dever do Estado, através das forças militares. É verdade que o Estado tem o dever de responder pela Segurança Pública. Todos os brasileiros pagam impostos e têm direito à segurança pública. Com a onda de violência a que estamos assistindo nos últimos anos parece que a Justiça não está trabalhando. Afirmar categoricamente que a Justiça não funciona não é justo nem coerente. Afinal, o que está acontecendo?...

A partir do ensinamento de Jesus, a paz não é fruto do mundo, ou seja, o mundo não pode conceber a paz. Jesus foi apresentado pelo profeta Isaías como o Príncipe da Paz. As primeiras palavras de Jesus ao aparecer a seus discípulos após a Ressurreição foram: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19). Jesus sabia do medo dos discípulos diante das ameaças das autoridades dos judeus. Viviam de portas fechadas. Sabendo Jesus que o medo imobiliza a pessoa, ele deseja a paz aos seus. Esta paz reanima-os e os encoraja.

A paz é fruto da justiça (cf. Is 32,17). Jesus sabia e entendia muito bem as palavras do profeta Isaías, pois o mesmo Jesus diz: “Se a vossa justiça não superar a dos doutores da lei e fariseus, não entrareis no Reino do Céu” (Mt 5,16). Jesus sabia que a prática da justiça dos fariseus era falsa. Os fariseus não eram justos, porque julgavam a vida do próximo, aniquilando-a. Toda lei que não promove a vida nem a dignidade da pessoa humana é inválida diante de Deus.

Então, agora sabemos por que o mundo não tem paz. Agora compreendemos que, enquanto o homem não observar a justiça de Deus, o mundo não terá paz. Enquanto as injustiças forem gritantes, a violência se acentuará e não teremos paz. Não adianta apelar para Deus por meio de súplicas e orações, se não se pratica a justiça. Sem justiça não há paz. A tendência atual caminha para pioras, pois a cada dia assistimos injustiças cada vez mais alarmantes. A capacidade destrutiva da ação humana parece infinita. É de levar-nos a uma séria reflexão a atitude autodestrutiva do homem.

Todos somos responsáveis pela paz. Não adianta ficarmos acusando-nos uns aos outros. Cada instância da sociedade: Estado, Família, Igreja entre outras, têm responsabilidade na construção da missão. Quando nos omitimos diante das injustiças estamos contribuindo para a “cultura de morte” que reina entre nós. Não há influência de Deus na onda de genocídio humano a que assistimos. Tudo é fruto da ação humana. O homem inventou sistemas autodestrutivos e Deus não tem nada que ver com isso.

Pode-se afirmar que Deus somente assiste passivamente a desgraça da humanidade? Claro que não! Deus é amor e justiça. Ele está presente e trabalha conosco na libertação cotidiana da humanidade. O Deus e Pai de Jesus, nosso Irmão e Salvador, não é um espectador estático, mas presença operante no meio de nós. Deus quer a vida de seu povo e cada crente é chamado a construir a vida no mundo. Deus não criou o mundo no estado em que se encontra. Tudo o que Deus criou foi bom e muito bom (cf. Gn 1,31).

Não importa o tamanho de nossas ações, por menores e mais insignificantes que pareçam ser, precisamos agir com justiça, pois somente agindo justamente na vida é que poderemos gozar a tão almejada paz de que tanto precisamos para viver dignamente.


Tiago de França

Nenhum comentário: