domingo, 24 de maio de 2009

Solenidade da Ascensão do Senhor


Depois de quarenta dias da Páscoa, a Igreja celebra a Ascensão do Senhor ao céu: “Jesus foi levado ao céu à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não podiam mais vê-lo” (Atos 1, 9). Antes disto, Jesus passou quarenta dias com seus discípulos fazendo-os acreditar na ressurreição. Devido às limitações inerentes a todo ser humano, os discípulos não compreendiam nem acreditavam na ressurreição, apesar das recomendações de Jesus antes de morrer crucificado.

São Paulo, quando escreve aos Efésios, pede: “Que ele abra o vosso coração à sua luz, para que saibais qual a esperança que o seu chamamento vos dá, qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos...” (1, 18). Com esta prece, o Apóstolo ensina-nos que é a luz de Deus que nos revela a viva esperança a que somos chamados. Enquanto esperamos a última vinda do Cristo, devemos viver esta esperança, que consiste na espera paciente e alegre da libertação integral do ser humano, que se dará na parusia do Senhor. O mesmo Apóstolo nos fala ainda da glória que nos é reservada depois de nosso peregrinar na face deste mundo, de uma herança reservada a todos que creram no Filho do Homem e agiram conforme sua vontade.

O texto evangélico deste Domingo se inicia com o mandato do anúncio: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15). Este é o pedido de Jesus: “Ide e anunciai”. A Igreja, instrumento de salvação no mundo deve obedecer a este mandato e cumpri-lo até a parusia do Senhor. Os Doze observaram fielmente o mandato de Jesus e anunciaram com o testemunho de suas vidas o Evangelho. E esta fidelidade ao que Jesus mandou fazer, levou o Cristo a confirmá-los na missão: “O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio de sinais que o acompanhavam” (16, 20). Os Apóstolos não estavam sozinhos. Jesus estava presente na vida e na missão exercida por eles. Não faltava aos Apóstolos o poder necessário para a pregação da Palavra. Eles nada podiam e quase nada sabiam, mas o Espírito de Deus e a presença constante e fiel de Jesus os fizeram autênticos missionários por meio da palavra e dos sinais que a acompanhavam.

Assim, nos dias de hoje, mais do que em outros tempos, nossas Igrejas precisam observar o mandato de Jesus. Nossas Igrejas precisam renunciar à falta de unidade que se dá na competição e na intolerância religiosa, e se unirem no anúncio da Boa Nova. A humanidade dá plenas provas de que esquece cada vez mais o mandamento do amor e a missão do Cristianismo é recordar à humanidade inteira, de que fora do amor não existe saída para as tragédias que estão ocorrendo no mundo. A crise de humanidade dos homens é fruto da falta de amor nos corações, nas ações e relações humanas. Precisamos parar de “olhar para o céu”, sair de nossa estagnação e partirmos para o mundo, para dentro dele, e manifestarmos a ação poderosa de Deus por meio do amor. O mundo espera dos cristãos um testemunho vivo do amor vivido e anunciado por Jesus. Este clamor é urgente em nosso tempo, pois estamos sucumbindo nas trevas da ignorância e do fechamento ao amor gratuito de Deus.

Celebrar a subida de Jesus ao céu é crer que o crucificado é o ressuscitado, que vencendo a morte deu-nos a vida. E crendo nisto, a vitória de Jesus também é nossa vitória. Recordemos sempre que quando se fala em vitória é porque houve luta e se há luta, não podemos fugir dela, pois é na luta cotidiana da vida que vamos construindo o Reino de Deus que será consolidado com a vinda gloriosa de Jesus. Recordemo-nos da indagação dos dois homens vestidos de branco feita aos Apóstolos: “Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu?” (Atos 1, 11). E a Igreja, está parada, olhando para o céu? E cada um de nós, estamos parados, olhando para o céu?... Olhemos a realidade e pensemos naquilo que fazemos e podemos fazer.


Tiago de França

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