sexta-feira, 26 de junho de 2009

O jogo da política


Recordo-me bem que quando o Presidente Lula era apenas um sindicalista e metalúrgico, homem da luta e da discussão acirrada, ele condenava muito as oligarquias das famílias de Antônio Carlos Magalhães, na Bahia e de José Sarney, no Maranhão. Todos sabemos do estilo de governo destas famílias, principalmente a família Sarney, que até hoje impera no Maranhão. Diante das denúncias contra o Presidente do Senado Federal, senador José Sarney (PMDB – AP), o Presidente Lula vem falar de integridade política do senador José Sarney. Admiro o Presidente Lula pela sua história e acertos políticos, mas neste ponto, seu eu pudesse falar com ele, diria que ficasse calado diante de tal situação, pois se há “atos secretos”, há crime! Isto é indiscutível. E agora aparece uma série de denúncias contra o senador José Sarney.

Eu até entendo a atitude do Presidente Lula, pois além do senador José Sarney fazer parte do partido da base aliada do Governo, também é Presidente do Senado Federal e, quer queira, quer não, trata-se de uma autoridade constituída e um apoio político muito forte. O Presidente Lula sabe que, dentre outros motivos, foi graças à falta de apoio do Congresso Nacional que o então Presidente Fernando Collor de Melo foi derrubado do poder. No mundo da política, certas alianças superam o poder da lei e das denúncias de corrupção. Está claro e evidente que o Congresso Nacional brasileiro está desgastado demais, e mais do que nunca, o discurso ético é quase que impossível dentro de Brasília. Fico pasmo com a situação, pois quando penso que as denúncias vão cessar, aparecem outras mais graves ainda.

A incompetência e a falta de ética na política brasileira são fruto de uma nação que não tem consciência política. Já ouvi alguém dizer que “o Congresso Nacional é a cara dos brasileiros”. É verdade que tal situação não se apresenta como novidade para a nação, mas não podemos nos conformar diante de tantas injustiças, porque é o dinheiro público que está sendo desviado dos cofres públicos. Enquanto os políticos brasileiros forem julgados por eles mesmos, esta situação não mudará. O tal do foro privilegiado é um benefício inconstitucional, levando em consideração que a Carta Magna da Nação afirma que todo cidadão é igual perante a Lei. Onde está esta igualdade? O ladrão de galinha rouba e vai preso; o político desvia milhões e quando não responde em liberdade, é absolvido. Até quando assistiremos a esta situação?... O sociólogo Betinho afirmava sabiamente e com muita razão, a respeito do surgimento de um novo país, mais justo e humano para todos, quando disse: “Para nascer um novo Brasil, humano, solidário, democrático, é fundamental que uma nova cultura se estabeleça, que uma nova economia se implante e que um novo poder expresse a sociedade democrática e a democracia no Estado”, e diante dos falsos políticos de sua época, ele afirmava sem medo que no “no Brasil não existe filantropia, o que existe é pilantropia”.


Tiago de França

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