quarta-feira, 8 de julho de 2009

Festa de Nossa Senhora do Carmo


De 07 a 16 de julho do corrente ano ocorre em Colônia Leopoldina – AL, minha terra natal onde me encontro no momento, a Festa de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da Comunidade Paroquial. O tema da Festa deste ano é “Nossa Senhora do Carmo, discípula e missionária de Cristo”. O tema está ligado ao Documento de Aparecida. Brevemente, podemos dizer que a devoção à N. Sra. do Carmo iniciou-se com São Simão Stock, nascido em 1165 no castelo de Harford, na Inglaterra, filho de família rica ligada à família imperial inglesa da época. Crescido no seio de uma família muito piedosa, o menino Simão Stock foi consagrado à Virgem Maria antes mesmo de ter nascido. Foi educado no famoso Colégio de Oxford e já aos sete anos de idade foi iniciado nos estudos das Belas Artes, surpreendendo aos professores e sendo admirado por todos pela inteligência que tinha. Teve sérios problemas de relacionamentos com o irmão mais velho, e aos doze anos de idade, devido à inveja doentia do mesmo, o menino Simão Stock saiu de casa e refugiou-se numa floresta, onde viveu em estado penitencial durante 20 anos. No silêncio e na prática da ascese orante na floresta, foi revelado a Simão Stock que ele deveria juntar-se aos monges que viriam do Monte Carmelo, na Palestina, à Inglaterra. Obediente à revelação da Virgem Mãe de Deus, ele juntou-se aos monges carmelitas, estudou Teologia e recebeu as sagradas ordens, tornando-se exímio pregador do Evangelho. Em 1213, Simão Stock recebeu o hábito da Ordem do Carmelo, em Aylesford. Devido à fama de santidade que tinha, foi eleito, em 1226, Vigário-Geral de todas as províncias da Ordem na Europa. E em 1245, depois de ter participado do Capítulo Geral da Ordem na Terra Santa, foi eleito 6° Prior-Geral dos Carmelitas. No dia 16 de julho de 1251, em meio à fervorosas orações, N. Sra. do Carmo lhe apareceu, tendo na mão o hábito da Ordem e lhe disse:

“Recebe, diletíssimo filho, este Escapulário de tua Ordem como sinal distintivo e a marca do privilégio que eu obtive para ti e para todos os filhos do Carmelo; é um sinal de salvação, uma salvaguarda nos perigos, aliança de paz e de uma proteção sempiterna. Quem morrer revestido com ele será preservado do fogo eterno.”

Desde esta data, os Carmelitas divulgam e semeiam em todo o mundo a devoção ao Escapulário da Virgem do Carmelo. Em 1265, depois de ter atingindo extrema idade e verdadeiro odor de santidade, sendo reconhecido por todos, pelos milagres operados em vida, São Simão Stock morreu no dia 16 de maio, mês mariano.

A Igreja tem uma veneração especial pela Virgem Maria, a Mãe do Filho de Deus. Durante a história, a Igreja lhe conferiu títulos e honras especiais por ela ser um modelo de discípula e missionária de Jesus Cristo. Com o seu “sim”, Maria aceitou colaborar com a salvação da humanidade, concedendo o seu ventre como morada do Verbo de Deus. Ela teve a graça de carregar em seu saio a segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Sábia em seu ensinamento, a Igreja não poderia tê-la como uma “mulher qualquer”, como muitos pensam, mas elevou-a a dignidade de Mãe de Deus e Mãe da Igreja. A história das aparições devidamente reconhecidas prova que a Virgem Maria goza de certa aproximação junto a Deus. É verdade que não podemos tê-la como salvadora, pois isto ela não foi, não é nem nunca será. Mas a seu exemplo, de humildade e obediência à vontade divina, o cristão católico é chamado a seguir Jesus, aderir seu projeto por meio de um SIM generoso e decidido, como o de Maria, e se tornar um servo bom e fiel na vinha do Senhor.

Celebrar Nossa Senhora do Carmo na comunidade paroquial é, antes de qualquer coisa, reconhecer o sim que ela deu a Deus e buscar comprometer-se com aquilo que ela disse nas bodas de Caná da Galiléia: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2, 5). Vivemos num mundo em que as pessoas estão se esquecendo da vontade de Deus. Procuram a todo custo fazer as próprias vontades, em detrimento da de Deus. Conformar a nossa vontade a Deus é um desafio possível que nos garante a felicidade neste e no mundo que há de vir. Conformar nossa vontade a de Deus não significa negar a si mesmo e viver somente para Deus, como pensam os neopentecostais. A negação de si não é sinônimo de cumprimento da vontade de Deus. O compromisso com Jesus é buscar viver conforme Jesus. Como Jesus viveu? Ele não foi um ser anormal, enigmático, mágico, extramundano etc., mas um homem comum, que procurou fazer a vontade de Deus inaugurando o Reino de Deus, pautado na justiça e no amor. Creio que a Virgem Maria ficará muito feliz se nós, seus filhos adotivos em Jesus Cristo, vivermos nossa vida no amor e na justiça. Amor e justiça, eis o remédio que o mundo de hoje precisa. Que a Festa de Nossa Senhora do Carmo anime a fé do povo fiel na luta por libertação e que a cidade de Colônia Leopoldina progrida no amor e na justiça!


Tiago de França

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