“Que
devemos fazer?” (Lc
3, 10).
Estamos no Tempo de Avento. O que
dizer deste tempo? Precedendo o Natal do Senhor, o advento é um tempo de
esperança e de alegria; de espera e de reflexão; de leitura da palavra de Deus
e de conversão. A espiritualidade deste tempo é a da espera ansiosa da vinda do
Messias, o Libertador do povo de Deus. O texto evangélico deste III Domingo do
Advento (cf. Lc 3, 10 – 18) traz a figura do profeta João Batista, que responde
à pergunta que todos devemos fazer: Que
devemos fazer para acolher o Messias que vem?
Às multidões, o profeta responde: “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não
tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” Trata-se de um convite à
solidariedade que deve existir na comunidade cristã. Não se pode esperar o
Messias fechando os olhos e as mãos diante das necessidades do próximo. Na comunidade
eclesial é muito comum vermos isto: as pessoas querem acolher Jesus na
Eucaristia, nas espécies de vinho e pão, mas se recusam a acolhê-lo na pessoa
dos que sofrem, dos que precisam ser acolhidos em suas necessidades.
A ideologia capitalista induz à
indiferença: é a lei do salve-se quem puder! Os que não conseguem acompanhar as
exigências do sistema são excluídos, considerados incapazes, preguiçosos e sem
futuro. São exigências injustas, que existem em função da exclusão. É um modelo
de sociedade que não oferece oportunidades para que todos possam viver
dignamente. O profeta João Batista está mostrando os sem túnica e os sem
comida. Na comunidade dos seguidores e seguidoras de Jesus estes não podem ser
esquecidos.
Aos cobradores de impostos, João
Batista responde: “Não cobreis mais do
que foi estabelecido”. O profeta está denunciando um dos males que se
perpetuam na humanidade de todos os tempos: a exploração dos pequenos. O imposto
sempre foi exploração dos pequenos. Os ricos sempre pagaram poucos impostos e
quando pagam não sofrem como os pobres. Há quem viva à custa dos pequenos: quem
assim procede precisa de conversão para acolher o Cristo que vem. O evangelho
de Jesus não coaduna com a exploração dos pequenos.
Aos soldados romanos, o profeta
responde de forma semelhante: “Não tomeis
à força o dinheiro de ninguém, nem façais falsas acusações; ficai satisfeitos
com o vosso salário”. Era fato comum na época tomar à força o dinheiro dos
pobres. Estes eram constante e falsamente acusados e incriminados nos tribunais.
A ambição levava os soldados a roubar os indefesos. Por isso, o profeta pede
para que fiquem satisfeitos com o salário que recebiam. É um chamado a uma
mudança radical de vida, para que cessem as injustiças praticadas contra os
pobres da época.
Para os que pensavam que ele seria o
Messias, João Batista caracteriza o verdadeiro Messias: o forte; o que batiza
com o Espírito e com o fogo; aquele que com a pá na mão irá limpar sua eira
recolhendo o trigo e jogando a palha no fogo que não se apaga. O Messias é o
forte porque Deus é o forte, que libertou o seu povo da casa da escravidão; é
aquele que dará o Espírito para a edificação do Reino de Deus; que julgará os
pobres com justiça, consolando-os em seus sofrimentos; é o enviado de Deus para
estabelecer neste mundo um novo céu e uma nova terra.
Para acolher o Messias que vem é
preciso isto: querer viver no amor e na justiça. Estes valores do Reino não são
praticados na solidão de uma vida isolada, mas na comunidade, na fraternidade. Eles
são fundamentais na construção de novas relações, mais sadias, portanto,
gratuitas. E assim, aparecerá um mundo novo, mais humano e fraterno no qual a
indiferença sequer será lembrada. Neste novo mundo, as pessoas poderão viver
como irmãs umas das outras, serão felizes. E Deus será tudo em todos.
Tiago de França
Um comentário:
Parabéns Tiago de France escreve muito bem estou muito admirado mesmo continue assim que você vai longe!!!
Abraços fraternos Willckerty!
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