sábado, 8 de março de 2014

Mulheres

           
              Fui dormir pensando sobre o que escrever para homenagear as mulheres. Pensei em um artigo de cunho mais científico sobre o tráfico internacional de mulheres. Tema importante, que merece ser pensado. Pensei também em um poema, cheio de ternura e erotismo, mas muitos iriam se escandalizar: “Nossa, o Tiago escrevendo isso? Deve está apaixonado!” Os autores, geralmente se encontram nos seus textos. Às vezes, não. Então, resolvi fugir do estilo corriqueiro para escrever uma crônica. Talvez fuja do estilo tradicional cronista, mas fugir faz bem, às vezes. Crônica é isso.

            E agora, o que dizer? Logo cedo, antes da minha reza matutina, encontrei uma mulher na padaria, sentada e com sono. Ela atendia os clientes, recebendo o dinheiro. A moleza do corpo da mulher, devidamente casada, pois vi sua aliança no dedo, instigava o cliente a ficar olhando para ela o dia todo. Romântico, não é? Aquela mulher me dizia com seus olhos, mãos e boca: “Quero voltar para a cama, ai que vida miserável!” As mulheres realmente saíram da cozinha e foram trabalhar com os homens. Isto é muito bom, apesar de que os machistas estão preocupados. Besteira deles!

            Ao chegar em casa, olhei para minha cama, que é de casal. Gosto dela, pois sou grande – fisicamente – e nela encontro espaço. Lembrei da mulher como companheira. Acho que o leitor logo pensou em sexo, eu não. Eu pensei no acordar, no sopro quente no pé do ouvido, na prosa sobre os problemas e alegrias da vida, na quentura do corpo. Quando Deus viu Adão sozinho, procurando uma mulher em meio a tanto bicho do mato, acho que ele pensou nisso! “Vou criar da carne dele uma mulher. Pobre, coitado, tão sozinho!” Claro que o sexo também é divino e necessário, não somente para “fazer menino”, mas para alegrar-se, revigorar-se, enriquecer a relação. Não vou me aprofundar muito para não ser indecente, porque o sexo é forte, violento, terno, manso, sereno...

            De repente, recordo-me da sensibilidade das mulheres. Não há homem que tenha tal sentimento aguçado. É coisa de mulher mesmo, apesar de que muitas não “se aproveitam” disso. É de se entender, pois com o passar do tempo, a mesmice do cotidiano vai tirando a doçura do olhar, do tato, da pele de muita gente. No elevador da faculdade, ontem à noite, uma mulher conversando com a outra e ambas de olho no espelho do elevador. Retocavam a maquiagem. Mais do que o homem, a beleza parece coisa de mulher. Ela cuida mais da dimensão bela da vida. E isto é em tudo: na mesa, no jardim, na cama e na rua. O belo é para a sensibilidade.

            No ônibus coletivo, olhando o semblante de algumas mulheres, o cansaço era perceptível. Daí pensei: “Como dizer que ela é um sexo frágil?”... Talvez a fragilidade esteja na meiguice. Até o homem, quando meigo, parece frágil. E isto não tira sua masculinidade. E se tirar, o que tem? Ser homem e mulher, em matéria de dignidade é a mesma coisa. Sim, mas não fujamos. Isto é outra coisa. Quero mesmo é falar da fortaleza da mulher. Somente ela consegue ser forte na forma feminina. Óbvio, não?! Mas isto tem um quê de mistério, encantamento, que as palavras não conseguem dizer. A gente percebe olhando.

            Quero terminar esta tentativa de crônica lembrando a vocação primeira da mulher à luz da Bíblia: ser companheira. Mulher não é coisa nem objeto. Mesmo que muitas se coloquem nesta situação ou se sintam assim. Mulher é pessoa, é sentimento, aconchego, companheirismo. Na vida conjugal, penso que depois da graça de Deus, a maior riqueza do homem é a mulher. Não a mulher que ele tem, pois não se trata de posse, mas sua companheira, que se esforçando cotidianamente, é um poço profundo e fecundo de ternura. Convido as mulheres a serem na vida justamente isso: um poço profundo, inesgotável e fecundo de ternura, amor, doação, amizade, abertura e acolhida. Toda mulher tem dentro si todos os meios necessários para ser tudo isso e muito mais.

            Mulheres, um beijo no coração de vocês. Meus parabéns!


Tiago de França

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