“Eu
sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’, conforme disse
o profeta Isaías” (Jo 1, 23).
Deus enviou João Batista como testemunha para dar
testemunho da luz, “para que todos
chegassem à fé por meio dele”. Na qualidade de enviado de Deus, João não
falava em nome próprio, mas em Nome daquele que o enviou. Mensageiro divino,
foi enviado para testemunhar Aquele que já lhe era conhecido: Jesus de Nazaré,
a Luz do mundo. Experimentado no deserto, considerado por Jesus como o maior de
todos os profetas.
“Quem és, afinal?”:
eis a pergunta que lhe foi dirigida pelos sacerdotes e levitas, enviados pelos
judeus de Jerusalém. Sua resposta corresponde ao cumprimento da profecia de
Isaías: “Eu sou a voz que grita no
deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’, conforme disse o profeta Isaías”. João
é uma voz que grita no deserto. A voz do profeta incomoda porque grita o chamado
à conversão do coração.
Aplainar é preparar o coração para acolher o Messias,
Jesus de Nazaré, a Luz do mundo. Abandonar o coração de pedra, que gera a
indiferença e destrói a fraternidade. Abandonar a mera satisfação dos próprios
interesses em vista do bem comum. Libertar-se da cegueira para enxergar e
construir um mundo novo. Isto significa ter um coração de carne, coração
convertido a Jesus.
Chegar à fé significa responder a este chamado de
conversão do coração. Quem não tem um coração contrito e humilde, na verdade,
não tem fé. Pode ter outra coisa, menos fé. A fé autêntica é aquela que conduz
o crente ao caminho do Senhor, e este caminho é feito de amor. Quem não ama
está fora do caminho, não está na verdade, não tem fé. Colocar-se no caminho do
Senhor pela conversão do coração é como que o conteúdo autêntico da fé em
Jesus. Fora disso há aparência de seguimento e aparência de fé.
Preparar o caminho de Jesus para que Ele venha definitivamente
para realizar a Visita definitiva é deixar-se impregnar por esta fé. O Cristo
já está no meio de nós, mas onde? Nós o conhecemos e o amamos? Como está nossa
acolhida em relação a ele? Disse João aos sacerdotes e levitas: “no meio de vós está aquele que vós não
conheceis”. Quem não tem um coração convertido é incapaz de enxergar Jesus
na vida. Pode-se até prestar-lhe um belíssimo culto na sinagoga e no Templo,
mas sem conhecê-lo.
Muita gente pensa que conhece Jesus, mas somente com os
lábios, mantendo longe dele o coração. Crentes insensíveis, frios,
indiferentes, egoístas, calculistas, mesquinhos, desonestos, sanguinários,
rancorosos, ambiciosos, maliciosos, mentirosos, fraudulentos, corruptos e
corruptores, diabólicos e desumanos, fechados ao perdão e à solidariedade: eis
as qualidades das mulheres e homens, que se fechando à ação de Deus em suas
vidas, deixam-se dominar pelo mal, alimentando um coração de pedra. Muitos deles
estão cultuando Jesus em nossos templos, mas cultuam um Cristo que não aceitam
no coração.
Estamos a caminho da celebração do Natal, solenidade da
encarnação de Jesus, o Verbo de Deus. Como estamos preparando esta solenidade? Como
iremos celebrá-la: com comidas, bebidas, presentes, muita festa? Será mais um
feriado, momento para comermos o peru da Sadia? E Jesus, há algum espaço para
ele? O grito do profeta João Batista preparou a primeira vinda de Jesus, mas
seu grito permanece vivo e atual, pois estamos aguardando a segunda e última
vinda deste mesmo Jesus, que pode chegar a qualquer momento. Preparemo-nos com
a conversão do coração, única forma de acolhê-lo. E assim, a festa vai ser
linda de viver!...
Tiago de França
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