sábado, 13 de dezembro de 2014

João Batista: testemunha da Luz

“Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’, conforme disse o profeta Isaías” (Jo 1, 23).

            Deus enviou João Batista como testemunha para dar testemunho da luz, “para que todos chegassem à fé por meio dele”. Na qualidade de enviado de Deus, João não falava em nome próprio, mas em Nome daquele que o enviou. Mensageiro divino, foi enviado para testemunhar Aquele que já lhe era conhecido: Jesus de Nazaré, a Luz do mundo. Experimentado no deserto, considerado por Jesus como o maior de todos os profetas.

            “Quem és, afinal?”: eis a pergunta que lhe foi dirigida pelos sacerdotes e levitas, enviados pelos judeus de Jerusalém. Sua resposta corresponde ao cumprimento da profecia de Isaías: “Eu sou a voz que grita no deserto: ‘Aplainai o caminho do Senhor’, conforme disse o profeta Isaías”. João é uma voz que grita no deserto. A voz do profeta incomoda porque grita o chamado à conversão do coração.

            Aplainar é preparar o coração para acolher o Messias, Jesus de Nazaré, a Luz do mundo. Abandonar o coração de pedra, que gera a indiferença e destrói a fraternidade. Abandonar a mera satisfação dos próprios interesses em vista do bem comum. Libertar-se da cegueira para enxergar e construir um mundo novo. Isto significa ter um coração de carne, coração convertido a Jesus.

            Chegar à fé significa responder a este chamado de conversão do coração. Quem não tem um coração contrito e humilde, na verdade, não tem fé. Pode ter outra coisa, menos fé. A fé autêntica é aquela que conduz o crente ao caminho do Senhor, e este caminho é feito de amor. Quem não ama está fora do caminho, não está na verdade, não tem fé. Colocar-se no caminho do Senhor pela conversão do coração é como que o conteúdo autêntico da fé em Jesus. Fora disso há aparência de seguimento e aparência de fé.

            Preparar o caminho de Jesus para que Ele venha definitivamente para realizar a Visita definitiva é deixar-se impregnar por esta fé. O Cristo já está no meio de nós, mas onde? Nós o conhecemos e o amamos? Como está nossa acolhida em relação a ele? Disse João aos sacerdotes e levitas: “no meio de vós está aquele que vós não conheceis”. Quem não tem um coração convertido é incapaz de enxergar Jesus na vida. Pode-se até prestar-lhe um belíssimo culto na sinagoga e no Templo, mas sem conhecê-lo.

            Muita gente pensa que conhece Jesus, mas somente com os lábios, mantendo longe dele o coração. Crentes insensíveis, frios, indiferentes, egoístas, calculistas, mesquinhos, desonestos, sanguinários, rancorosos, ambiciosos, maliciosos, mentirosos, fraudulentos, corruptos e corruptores, diabólicos e desumanos, fechados ao perdão e à solidariedade: eis as qualidades das mulheres e homens, que se fechando à ação de Deus em suas vidas, deixam-se dominar pelo mal, alimentando um coração de pedra. Muitos deles estão cultuando Jesus em nossos templos, mas cultuam um Cristo que não aceitam no coração.

            Estamos a caminho da celebração do Natal, solenidade da encarnação de Jesus, o Verbo de Deus. Como estamos preparando esta solenidade? Como iremos celebrá-la: com comidas, bebidas, presentes, muita festa? Será mais um feriado, momento para comermos o peru da Sadia? E Jesus, há algum espaço para ele? O grito do profeta João Batista preparou a primeira vinda de Jesus, mas seu grito permanece vivo e atual, pois estamos aguardando a segunda e última vinda deste mesmo Jesus, que pode chegar a qualquer momento. Preparemo-nos com a conversão do coração, única forma de acolhê-lo. E assim, a festa vai ser linda de viver!...


Tiago de França

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