segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

A flor do outro lado do rio

Encostado na cadeira, alegre, numa reunião de pessoas
Olhares, calor, passa-tempo
Palavras jogadas ao vento
Olhares atentos

De lado uma pequena flor, deslumbrante e simples
Despida, convidada, sorridente
Sentada à frente
Meiga

Medo, tensão
Indecisão
Sussurros ao pé do ouvido, risos
Quem poderia adivinhar?...

Um abraço apertado, lágrimas
Muitas lágrimas, muitas lágrimas, colo, cafuné...
E as palavras,
Multiplicam-se, infindam-se, esvaem-se, cansam...

Reencontro, gozo
Desaparecem-se as palavras, o olhar é o fio condutor
Da comunicação amorosa
Gostosa

Telepatia de sentimentos
Te conheço, por que essa voz?
Essa respiração, essa ansiedade,
Essa pressa

Um no outro, sintonia
Mais lágrimas, mais aperto
Mais...
De repente a serpente, toda ela venenosa

Fotografia dada de presente
Despedida, abril
Maio, junho, julho, agosto, desgosto
Treze, catorze, quinze, outubro, onze...

E quem amou, odiou também?
Egoísmo? Apego? Solidão? Desilusão?
Não
Talvez, quem sabe! Silêncio, negação

Tentativas, falta de chuva
Terra seca, má notícia
Beira do rio, pés na água e pedrinhas na mão
Bem lá no outro lado, na distância da travessia, de um rio caudaloso

Correnteza instransponível
Tempo ruim
Não, não, não...
Anoiteceu, o vinho acabou, chegou a escuridão

Hora de voltar pra casa,
Aquecer o coração
Tudo longe, tudo incerto, tudo líquido
E a flor crescerá do outro lado. Há frio, passou a fome e o calor. O vinho? Acabou.

Tiago de França

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