“Como
sois medrosos! Ainda não tendes fé?” (Mc 4, 40).
Jesus estava com seus discípulos no lago de Genesaré. Era
noite e, de repente, veio uma tempestade. Eles iam para o outro lado, na
direção das populações estrangeiras, de cultura grega. O barco estava se enchendo
d’água e os discípulos se apavoraram. Tiveram medo de morrer. Jesus estava com
eles, dormindo sobre um travesseiro. Dormia tranquilamente. Chama-nos sempre a
atenção o medo dos discípulos de Jesus. Diante da fúria da natureza, mesmo
estando Jesus com eles, mesmo assim, apavoram-se. Parece que a presença de seu
mestre não é suficiente. Aqui está o problema: Jesus não abandona seus
discípulos, mas estes não confiam na sua presença.
As tempestades da vida são inúmeras e violentas. Elas parecem
nos sufocar, tirando-nos a visão e a audição, a atenção e o discernimento. Tempestades
causam aflição, e pessoas aflitas não raciocinam, mas são tomadas pela
dispersão e pelo desespero. Se olharmos para o mundo atual, neste ano, principalmente,
veremos que praticamente tudo está em chamas: Uma criança de onze anos é
apedrejada na cabeça por causa de sua religião (Candomblé), um jovem entra em uma
igreja metodista nos EUA e mata nove pessoas pelo fato de serem negras,
cristãos católicos e evangélicos se agridem nas redes sociais por causa de um
transexual que se utiliza da cruz, e terminam crucificando-o... Tempestades
violentas.
Hoje, os seguidores de Jesus confiam no seu mestre? Conseguem
enxergar sua presença no barco? Ou estão como ovelhas dispersas que não
conseguem identificar a voz do seu pastor? O que nossas Igrejas estão fazendo
para que as pessoas consigam saber onde está Jesus? Será que procuram por ele
no lugar certo? É verdade que ele não se esconde de ninguém, pois permanece
presente. Basta identificá-lo. Basta entrar em comunhão com ele. Somente Jesus
é a segurança dos seus discípulos. É seu porto seguro. O interessante é que
Jesus não livra seus discípulos das tempestades, mas quando unidos a ele,
ninguém fica abandonado.
Interessante, ainda, a constatação de Jesus: “Como sois medrosos!” O medo é um dos
piores inimigos dos discípulos porque é capaz de paralisá-los. Quando dominada
pelo medo, a pessoa não consegue sair do lugar, não assume os riscos inerentes
à missão. Fechado em si mesmo e acorrentado pelo medo, ninguém consegue seguir
Jesus. Para libertar do medo, ele oferece seu amor. Só o amor liberta do medo
que paralisa. Ele também propõe a fé: “Ainda
não tendes fé?” Confiar e esperar nele. Esperar não como se espera um
ônibus, mas esperar no agir confiante. Hoje, mais do que em outras épocas, os
cristãos precisam entrar na escola da ação alicerçada na confiança em Jesus.
Por fim, Jesus acalma a tempestade: “Silêncio! Cala-te!” Diante da violência dos gritos ensurdecedores
de dor, Jesus ordena o silêncio. Às mulheres e homens de nosso tempo, marcados
pelas aflições causadas pelos inúmeros problemas da vida moderna, diz Jesus:
Cala-te! Silêncio! E quando as tempestades passarem, como tudo na vida, permaneçamos
em silêncio diante de Jesus, em oração, e nos perguntemos: O que realmente
aconteceu? O que causou tal tempestade? E com o coração humilde, sincero e
contrito, na escuta do coração de Jesus, como discípulos missionários amados,
digamos:
Obrigado, Jesus!
Eu sei que Tu estás em
mim. És minha força e meu canto.
Não permitas que me
afaste de Ti. Rogo-te, meu Irmão maior: Que as tempestades não me façam
perecer.
Concede-me o dom da fé. Dá-me
aquela confiança que brota do coração. Que meus braços permaneçam estendidos na
direção de meus irmãos.
Não me abandones em alto
mar. Que tua serenidade me tranquilize e me dê paz. Amém, Jesus!
Tiago de França
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