quinta-feira, 28 de abril de 2016

Detalhes do golpe em marcha

Na Câmara, o relator foi o deputado Jovair Arantes, processado por crime eleitoral na justiça de Goiás. Não deu em nada, pois é rico e apadrinhado. No Senado, o relator é Antônio Anastasia, afilhado do Aécio Neves, que vai elaborar relatório favorável ao impeachment (e não poderia ser o contrário, pois o dito cujo é do PSDB). Vai confirmar, no relatório, a mesma tese da peça acusatória: pedaladas fiscais, pois sabe que não há outra desculpa para derrubar a Presidenta da República. 

Inclusive, quando de sua gestão no governo de Minas, ele também realizou as mesmas manobras. Pedaladas fiscais só constituem crime no caso da Presidenta Dilma. Nos demais casos, não. Puro casuísmo. Vejam abaixo o histórico do senador relator. Não tem autoridade moral nenhuma para ocupar a função, mas como a moralidade política está ausente do processo de impeachment, então ele permanecerá, e seu relatório será aprovado.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Se tiverdes amor

“Eu vos dou um novo mandamento: amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 34 – 35).

            Jesus estabelceu uma condição para que as pessoas o seguissem: Se tiverdes amor uns aos outros. Quem é o discípulo de Jesus? Aquele que tiver amor aos outros. No amor não há meio termo: Ou amamos, ou não amamos. Neste ponto Jesus é radical. Sem o amor não há discípulo nem missionário. Não há fé cristã nem Cristianismo. Tudo pode estar organizado e disciplinado. Todas as normas podem ser cumpridas, rigorosamente. Sem amor, o Cristianismo não passa de religião falsa e opressora. O amor é o núcleo fundamental da fé em Jesus. Quem não ama não pode dizer que tem fé em Jesus, pois a fé conduz ao amor.

            Qual é a nossa atual situação? Dentro e fora dos ambientes religiosos, encontramos rivalidade e ódio. Há uma cultura da eliminação do outro em nome de Deus. Com discursos religiosos há muitas acusações, julgamentos e condenações. Utilizando-se dos dicursos religiosos, muitos que se dizem cristãos envergonham o Cristianismo. Reinam a hipocrisia religiosa, a intolerância, a perseguição e a demonização de pessoas, grupos e instituições.

Recentemente, dezenas de deputados federais se uniram para envergonharem o Cristianismo no parlamento brasileiro: Deram um show de hipocrisia para todo o país assistir. Invocaram o nome de Deus em vão para esconder crimes e pecados de todo tipo: desvios de dinheiro público, sonegação fiscal, assassinatos, peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa, apologia ao crime, ódio, mentira, adultérios, casamentos mal vividos etc. Todas as pessoas de bom senso, dentro e fora do País, ficaram estarrecidas com o baixo nível dos “representantes” do povo brasileiro. Pareciam lobos ferozes, inimigos da ética e da moralidade política. O mais vergonhoso é termos que admitir que inúmeros brasileiros aplaudiram de pé um dos momentos mais terríveis e vergonhosos da política nacional brasileira.

Falta o amor na vida política de inúmeros parlamentares que se dizem cristãos. Na verdade, o que existe é um número assustador de falsos cristãos, ladrões dos cofres públicos. Por isso, desconhecem o mandamento maior da Lei de Deus, que consiste no amor ao próximo. Amar o próximo na vida política significa trabalhar pelo bem comum. O Brasil seria muito diferente se os parlamentares que se dizem cristãos praticassem o mandamento do amor na política. Infelizmente, assistimos ao oposto do amor: a maioria dos políticos da bancada que se diz “evangélica” é corrupta, e tenta se esconder por trás de um discurso religioso conservador e intolerante; discurso que se coloca na contramão dos direitos humanos fundamentais, sem nenhum embasamento bíblico e teológico.

Falta o amor nas comunidades cristãs. Ainda há muita gente excluída: Pessoas que são julgadas e condenadas por causa de seu estilo de vida, jeito de pensar e modo de ser. Aponta-se muito o dedo na direção do outro, condenando-o em nome de Deus. Há muita acepção de pessoas. Os mais pobres continuam sendo mal vistos. Ainda há muita exploração financeira, principalmente no meio neopentecostal: Inúmeros líderes religiosos abusando da boa-fé das pessoas, enriquecendo-se, ilicitamente. Arrecadam-se e acumulam-se fortunas em nome de Deus. Líderes religiosos com patrimônios milionários constituem um escândalo no Cristianismo. Neste contexto, o amor não pode existir nem sobreviver, pois quando se busca o dinheiro em nome de Deus, não há espaço para o amor. Fala-se em amor, mas não acontece nada além do discurso sobre o amor.

Na sociedade e na relação entre as pessoas também vislumbramos a falta de amor. Aumenta cada vez mais o egoísmo. As pessoas procuram o sucesso, o dinheiro e o poder. Gastam todas as energias e o tempo de que dispõem para alcançar tais coisas. Estão convencidas de que a felicidade que procuram está nestas coisas. Umas estudam dia e noite; outras trabalham sem cessar. A meta é uma só: Querem viver tranquilamente, no conforto e no gozo desenfreado dos prazeres da vida. Algumas conseguem e vivem propagando a própria “felicidade” nas redes sociais. Outras, nada conseguem e se frustram, deprimem-se. Algumas chegam ao suicídio. Em meio a tudo isso não há paz porque não há amor. O que podemos ver é um vazio, oriundo de uma gravíssima falta de sentido. Mesmo assim, vivendo atormentadas, inúmeras pessoas insistem trilhar neste caminho, caminho que as levará à morte, à morte do corpo e da alma.

Quem escolhe o caminho do isolamento e da falta de amor é como um cadáver ambulante: Pode até sorrir, se enfeitar e se divertir, mas não se separará da morte. Pelas ruas e avenidas tenho encontrado a morte estampada no semblante de muitas pessoas. Quando olho no fundo dos seus olhos não enxergo o brilho da vida, mas uma profunda tristeza. Percebo que a todo momento elas fogem de si mesmas. Elas evitam admitir que já estão sepultadas. E quanto mais fogem, mais percebem que estão mortas por dentro... Algumas delas tentam fugir através de festas, viagens, ilusões, relacionamentos amorosos sem compromisso, bebidas, drogas, atividades para passar o tempo etc., mas quando o efeito momentâneo de tais coisas passam, lá estão elas sozinhas e tristes, mergulhadas no tédio e no vazio, mortas.

Estas pessoas precisam, urgentemente, encontrar-se com o amor. Algumas já o experimentaram, mas resolveram abandoná-lo. Não deram conta das exigências do amor. Acharam mais fácil se entregar às paixões, que são, por si mesmas, passageiras. Outras, ainda não o conhecem. Estas pessoas tem medo do amor porque sabem que ele exige deslocamento, saída de si na direção do outro. O amor exige alteridade. É impossível amar o outro sem se importar com ele, sem viver a dimensão do cuidado. Pessoas irresponsáveis não amam. Irresponsáveis são egoístas, não ligam para os outros. Por fim, há outros, ainda, que pensam que estão amando, quando, na verdade, vivem apegados a outras pessoas. Onde não há liberdade não há amor. Se me aproximo do outro para que este satisfaça meus desejos e necessidades, isto não é amor, é apego. As pessoas se apegam umas às outras e pensam que, dessa forma, se amam. Na verdade, vivem na ilusão. Não são livres e, por isso mesmo, desconhecem o amor.

Somente o amor é capaz de nos libertar da falta de amor. Quem não se entregar à aventura do amor jamais conseguirá se libertar do egoísmo. Para muitas pessoas, essa entrega acontece lentamente. O mundo que nos rodeia nos convida para o egoísmo, mas toda pessoa é chamada a viver a sua verdadeira vocação, que consiste em amar sem medida e sem condições.

Não pode existir realização e felicidade sem o amor. Há quem tenha todos os bens materiais necessários e supérfluos, mas sem o amor são infelizes. Por isso, no evangelho, Jesus recomenda: Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será acrescentado. Em outras palavras, na vida deve-se buscar em primeiro lugar o amor, e tudo o mais nos será acrescentado. Nada falta à pessoa que ama. À pessoa que não ama, falta tudo.

A vida nos coloca dois caminhos: O que leva à plenitude, alicerçado no amor; e o que leva à morte, alicerçado na falta de amor, no egoísmo. Devemos fazer a escolha. Quem não escolher o amor, já está morto. E não há alegria no mundo que possa libertar a pessoa da tristeza e da sensação de morte ocasionadas pela falta de amor. Por que isso ocorre? Porque a verdadeira alegria se encontra no amor, jamais fora dele. E o mundo, com toda a sua riqueza e conforto que desta decorre, não consegue oferecer a verdadeira alegria. O amor vem de Deus e nos é dado gratuitamente. Quem não tem esse dom, é infeliz e já está sepultado. Só ressuscita para a vida eterna quem ama. Portanto, amemos.


Tiago de França

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Partir

Partir é, antes e tudo, sair de si.
Romper a crosta de egoísmo que tende a
aprisionar-nos no próprio eu.

Partir é não rodar, permanentemente,
em torno de si, numa atitude de quem,
na prática, se constitui centro do Mundo
e da vida.

Partir é não rodar apenas em volta
dos problemas das instituições
a que pertence.

Por mais importantes que elas sejam,
maior é a humanidade
a quem nos cabe servir.

Partir, mais do que devorar estradas,
cruzar mares ou atingir velocidades supersônicas,
é abrir-se aos outros, descobri-los,
ir-lhes ao encontro.

Abrir-se às ideias,
inclusive contrárias às próprias,
demonstra fôlego de bom caminheiro.

Feliz de quem entende e vive este pensamento:
”Se discordas de mim, tu me enriqueces”.

Ter ao próprio lado quem só sabe dizer amém,
quem concorda sempre, de antemão e
incondicionalmente, não é ter um companheiro,
mas sim uma sombra de si mesmo.

Desde que a discordância não seja sistemática
e proposital, que seja fruto de visão diferente,
a partir de ângulos novos,
importa de fato em enriquecimento.

É possível caminhar sozinho.
Mas, o bom viajante sabe que
a grande caminhada é a vida
e esta supõe companheiros.

Companheiro, etimologicamente,
é quem come o mesmo pão.

O bom caminheiro preocupa-se
com os companheiros desencorajados,
sem ânimo, sem esperança…
Advinha o instante em que se acham
a um palmo do desespero.

Apanha-os onde se encontram.
Deixa que desabafem e, com inteligência,
com habilidade, sobretudo, com amor,
leva-os a recobrar o ânimo e
voltar a ter gosto na caminhada.

Marchar por marchar não é ainda
verdadeiramente caminhar.

Para as minorias Abraâmicas, partir,
caminhar significa mover-se e ajudar muitos outros
a moverem-se no sentido de tudo fazer
por um mundo mais justo e mais humano.

Dom Helder Câmara
profeta dos pobres

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Manobras a favor do réu Eduardo Cunha

O deputado Eduardo Cunha, após ter conseguido aprovar na Câmara, juntamente com a oposição, o parecer favorável ao impeachment da Presidenta Dilma, agora pressiona o Senado Federal. Não quer perder tempo, pois sabe que vai se beneficiar com a chegada do Michel Temer ao poder.

Enquanto isso, o vice-Presidente da Câmara resolve ajudá-lo, tentando interferir em seu processo no Conselho de Ética. O PMDB, a todo custo, quer salvar a pele do Eduardo Cunha, e não está perdendo tempo. As articulações são muitas. Não conseguem mexer no processo que tramita contra ele no STF porque se trata de outro Poder, e lá eles não conseguem influenciar com a mesma facilidade.

Apesar das nítidas manobras e articulações, o STF não agiliza julgar o pedido da Procuradoria Geral da União, que em 16 de dezembro do ano passado, solicitou seu afastamento da Presidência da Câmara. Diante da omissão da justiça, Eduardo Cunha ganha tempo e preside 'tranquilamente' a Casa, como se fosse um político idôneo, fiel cumpridor do seu dever constitucional. Tempos sombrios.


Tiago de França

domingo, 17 de abril de 2016

Sobre a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da continuidade do processo de impedimento da Presidenta Dilma

Após horas de votação, a Câmara dos Deputados aprovou o parecer do deputado Jovair Arantes, parecer favorável ao impeachment da Presidenta Dilma, autorizando, dessa forma, o processamento pelo Senado Federal.

Sessão longa e vergonhosa, marcada pelo ódio e pelo espírito do golpismo. Ficou clara para todos os brasileiros, a índole de nossos deputados federais: maioria conservadora, ignorante, retrógrada, mentirosa, falsa, deturpadora dos valores cristãos e éticos, injusta e inimiga dos direitos humanos.

Essa sessão deveria ter sido assistida por todos os brasileiros eleitores, para que conhecessem melhor seus deputados, a fim de poderem evitar uma futura legislatura tão vergonhosa como esta.

Creio que a Advocacia Geral da União precisa, urgentemente, encaminhar ao Supremo Tribunal Federal, um pedido de análise do objeto da denúncia: Pedir ao Supremo que se pronuncie a respeito da legalidade das pedaladas fiscais, se estas constituem ou não crime de responsabilidade.

Se o STF se pronunciar pela legalidade das pedaladas fiscais, a oposição golpista terá que inventar outro crime de responsabilidade; do contrário, caberá ao Senado Federal resolver a questão: acolhendo ou não a denúncia, para o seu processamento ou não.

Na qualidade de brasileiro, cidadão e professor, após horas acompanhando a votação na Câmara, termino meu dia com a plena convicção de que estamos correndo um grande perigo, considerando o nível e a qualidade de nossos deputados. Como se diz no nordeste, minha terra natal, se comportaram como 'urubus na carniça', devorando a esperança dos pobres.

Apesar disso, creio em dias melhores, e recomendo aos opositores que não cantem vitória antes do tempo. O que aconteceu hoje foi apenas a aprovação de uma autorização ao Senado da República. Aguardemos os próximos capítulos, na esperança de que esta injustiça seja contida para o bem do povo brasileiro, especialmente os pobres, as maiores vítimas da insanidade de políticos que somente pensam em si mesmos, em detrimento do bem comum.

Tiago de França

terça-feira, 12 de abril de 2016

Reencontrar-se com a ilusão vivida

A vida
Em meio às dores,
Alegrias,
Dúvidas e perseguições

Ganha sentido quando
Reencontrando
A esperança
Dos vencidos vivos

Que no porvir
Da existência procuram
Um ar lento
Lento ar que se adentra aos pulmões.

Esperar
Mesmo crendo derrotado,
Mas ressurgindo de uma ilusão
De sentimentos cálidos vividos...

Crer na certeza
Vivendo a incerteza.
Apostando-se
Onde tudo está perdido.

É crer que a vida
Revivida
Faz o homem renascer em meio às cinzas
E crer que o amor é possível...

Onde encontrei a pessoa,
Hoje revivi sua presença,
Amanhã não sei
O que será de minha existência...

Um pingo de ilusão
É sempre bom.
Quando se tem lembranças a recordar.
Lembranças recordadas e iludidas...

O devir da minha vida
Afugenta-me,
Pois o tempo passa e não espera,
Não espera, o tempo passa...

Imortalizado
Sei que sou, este é meu consolo e esperança
Vida almejo sempre ter,
Para reviver a esperança...

Boas lembranças,
Sentimentos bons,
Ah, como é bom

Viver!...

Tiago de França
Poema escrito em Fortaleza - CE, em 12 de maio de 2009.

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Impeachment da Presidenta Dilma: Um processo contaminado por contradições e nulidades

Tanto a Presidenta quanto seu Vice assinaram decretos, autorizando os empréstimos aos bancos públicos (as denominadas pedaladas fiscais). O dinheiro dos empréstimos não foram parar em contas bancárias nem de um nem de outro. Portanto, não houve desvio de dinheiro público (até que se prove o contrário!). Boa parcela da oposição, processada por corrupção, acha o seguinte: Os decretos assinados pela Presidenta constituem crime de responsabilidade; os decretos assinados pelo Vice não constituem. Interessante, não?! Outro detalhe um tanto curioso: O pedido de impeachment da Presidenta, fundamentado nas tais pedaladas fiscais, foi aceito pelo deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara. O pedido de impeachment do Vice, com a mesma fundamentação, foi rejeitado pelo mencionado deputado. Diante disso, pergunta-se: Por parte do deputado Eduardo Cunha, a aceitação do pedido de impeachment contra a Presidenta, foi ou não por vingança?... Outra pergunta reveladora: Por quais motivos, Eduardo Cunha e a oposição não aceitam o pedido de impeachment contra o Vice, Michel Temer? Creio que não preciso responder a tais indagações, dada a evidência de suas respostas.

Tiago de França

sábado, 2 de abril de 2016

Somente o amor

Somente
O amor
Manifesta
Em nós aquilo que temos de mais profundamente humano
Nos 
Transforma
Em criaturas capazes de amar

O amor

Acima de todo e qualquer sentimento
Mais forte que a morte
Opera
Reconciliação

Pacifica-nos. Não é mero
Otimismo passeiro, mas algo que vem de
Dentro, das entranhas, do aqui e do agora, do
Eterno

Nossa vida perde 
O que há de mais nobre e belo
Se não nos entregarmos, sem medo, ao amor

Sem amor, tudo é escuridão, vazio
Amargura e inquietação. A
Liberdade nos vem por meio do amor.
Vale a pena crer e praticar, pois somente o
Amor pode nos libertar de todas as coisas que nos prendem, fazendo-nos pessoas
Reconciliadas consigo mesmas e, consequentemente, com toda as coisas. Livres.

Tiago de França