domingo, 19 de junho de 2016

Ausência

Quando o frio aperta, a gente apela para o café e para a poesia, a gente escreve, a gente é breve, a gente emudece...

Ausência 

Por muito tempo achei que
a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, 
aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento 
exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade


Nenhum comentário: