Fico, muitas vezes, observando
as pessoas, não para julgá-las, mas para entendê-las. Simplesmente me coloco
diante delas. Como filósofo, cultivo o olhar contemplativo. Observo-as no
ônibus coletivo, nas ruas e praças, na universidade e na escola, no comércio
etc. Escuto suas falas e atenho-me aos semblantes.
A contemplação da realidade
me revela muitas coisas. Hoje, quero falar de uma delas: o cansaço existencial.
Em inúmeras pessoas enxergo um cansaço de viver. As pessoas não tem coragem de
morrer, então suportam viver. O olhar delas me fala de um cansaço de existir. A
todo momento, elas falam: “Ah, se eu pudesse morrer!”
Consciente ou inconsciente,
fogem da vida porque a vida que levam parece não ter sentido algum. Este
cansaço existencial é acompanhado por uma profunda angústia. Rostos abatidos,
olhares distantes, corpos tomados por uma indisposição que não é preguiça.
Quando percebem que estão sendo observadas e descobertas em suas angústias,
fogem; sentem-se intimidadas.
Algumas pedem para descer do
trem da vida sem ter chegado o lugar de destino; outras, colocam o fone de
ouvido e desviam o olhar. Elas até queriam falar de si mesmas, mas não
conseguem porque lhes faltam palavras. Estão emudecidas. Há um silêncio que
esconde um tormento espiritual avassalador. Não é silêncio de paz, de leveza,
de estar diante de si mesmo.
Há uma infinidade de almas
vagantes no mundo; espécie de corpos animados somente pelo biológico, de um
psiquismo confuso, obscuro, enfadonho, triste. Estas almas vivem se perguntando:
o que a vida tem de importante? Por que minha vida é assim? Por que estou vivo?
Minha vida tem sentido, ou vivo mergulhado numa ilusão sem fim?...
E você, leitor, que chegou
até este parágrafo que agora lê com certa curiosidade e, talvez, com semelhante
inquietação: o que, na sua vida, há de importante? O que você tem feito de sua
vida? Com o que tem gastado o tempo de sua vida? Você sabia que o tempo está
passando e não volta mais?...
Algumas pessoas já não tem a
mesma chance que você está tendo. A chance de poder dar um sentido à vida, pois
já não existem. Desperte! Sua vida não se repete neste mundo. Ela pode não ser
tão longa como talvez imagine que seja. Saia de si, olhe para o lado, respire e
ponha-se a caminho. Sinta que está vivo. Perceba-se. Acorde. Qual a sua opção:
viver, ou passar pela vida?...
Tiago de França
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