quinta-feira, 29 de setembro de 2016

A liberdade e a revelação das pessoas. Pensamentos (XXII)

Uma pessoa coagida e aprisionada não se revela. Para revelar-se, as pessoas precisam da liberdade. Quanto mais liberdade as pessoas encontram, mais elas revelam quem realmente são. Portanto, a vocação humana é vocação para a liberdade. Aprisionadas, elas somente conseguem simular sentimentos e impressões.

Há vários tipos de prisões que impedem as pessoas de serem elas mesmas, de se revelarem: imposições, medos, ameaças, excesso de timidez, preconceitos, mente fechada, angústia, ansiedade, orgulho, fobias etc. Inúmeros são os motivos que paralisam as pessoas, transformando-as em ilhas de difícil acesso.

Quando encontram brechas nas prisões que as impedem de ser felizes, algumas pessoas imitam os pássaros: ousam voar. Algumas voam para bem longe e não retornam mais para a gaiola. Apesar da segurança que esta oferece, preferem se arriscar nos espaços da liberdade. Outras, porém, saem da gaiola, voam, mas preferem retornar à gaiola. Estas pessoas se acostumaram à mediocridade de uma vida aprisionada, à vida de aparência em detrimento da essência.

As que são como pássaros que aprenderam a voar e voaram para bem longe são aquelas pessoas que encontraram o sentido da liberdade. Passaram a experimentar o quanto é gratificante levar uma vida autêntica, alicerçada na verdade e na aceitação de si mesmas. São livres porque reconciliadas, integradas, entregues ao verdadeiro amor.

Na liberdade, as pessoas perdem o medo de olhar para dentro de si mesmas, amando-se como realmente são. Renunciam toda forma de aparência que somente visa esconder a própria realidade. Descobrem que a alegria da vida se encontra na simplicidade dos pequenos gestos e momentos, que a vida vai oportunizando, aqui e acolá.

É na liberdade que as pessoas também aprendem a lidar com seu lado sombrio, sem fugas e sem falsas justificativas. Já não mais se envergonham de si mesmas, mas permitem ser vistas como realmente são, naquilo que é virtude e naquilo que é limite.

E a humildade ensina a lição final: a de que é preciso, sempre, buscar ser feliz sem medo, no reconhecimento daquilo que se é, com muito amor, assumindo a beleza que se manifesta, e também as sombras que carecem de luz. Esta é a aventura das mulheres e homens livres, pessoas que não tem medo de viver, pois já não podem ser mais aprisionadas.

Tiago de França

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