Uma pessoa coagida e
aprisionada não se revela. Para revelar-se, as pessoas precisam da liberdade. Quanto
mais liberdade as pessoas encontram, mais elas revelam quem realmente são. Portanto,
a vocação humana é vocação para a liberdade. Aprisionadas, elas somente
conseguem simular sentimentos e impressões.
Há vários tipos de prisões
que impedem as pessoas de serem elas mesmas, de se revelarem: imposições, medos,
ameaças, excesso de timidez, preconceitos, mente fechada, angústia, ansiedade,
orgulho, fobias etc. Inúmeros são os motivos que paralisam as pessoas, transformando-as
em ilhas de difícil acesso.
Quando encontram brechas nas
prisões que as impedem de ser felizes, algumas pessoas imitam os pássaros:
ousam voar. Algumas voam para bem longe e não retornam mais para a gaiola. Apesar
da segurança que esta oferece, preferem se arriscar nos espaços da liberdade. Outras,
porém, saem da gaiola, voam, mas preferem retornar à gaiola. Estas pessoas se
acostumaram à mediocridade de uma vida aprisionada, à vida de aparência em
detrimento da essência.
As que são como pássaros que
aprenderam a voar e voaram para bem longe são aquelas pessoas que encontraram o
sentido da liberdade. Passaram a experimentar o quanto é gratificante levar uma
vida autêntica, alicerçada na verdade e na aceitação de si mesmas. São livres
porque reconciliadas, integradas, entregues ao verdadeiro amor.
Na liberdade, as pessoas
perdem o medo de olhar para dentro de si mesmas, amando-se como realmente são. Renunciam
toda forma de aparência que somente visa esconder a própria realidade. Descobrem
que a alegria da vida se encontra na simplicidade dos pequenos gestos e
momentos, que a vida vai oportunizando, aqui e acolá.
É na liberdade que as
pessoas também aprendem a lidar com seu lado sombrio, sem fugas e sem falsas
justificativas. Já não mais se envergonham de si mesmas, mas permitem ser
vistas como realmente são, naquilo que é virtude e naquilo que é limite.
E a
humildade ensina a lição final: a de que é preciso, sempre, buscar ser feliz
sem medo, no reconhecimento daquilo que se é, com muito amor, assumindo a
beleza que se manifesta, e também as sombras que carecem de luz. Esta é a
aventura das mulheres e homens livres, pessoas que não tem medo de viver, pois já
não podem ser mais aprisionadas.
Tiago de França
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