Como católico, tenho
profunda admiração pela história de alguns santos e santas da Igreja. Uma das
santas que mais me chama a atenção é Santa Teresinha do Menino Jesus. Conheci a
história desta grande mulher através de um grande amigo já falecido, Pe. Cristiano
Muffler, que também era devoto desta grande santa.
Sempre que disponho de
tempo, retomo a leitura dos escritos espirituais de Santa Teresinha. Ela nasceu
na França, em 1873, e morreu em 1897, portanto, muito jovem. Aos 15 anos de
idade, Teresinha entrou no Carmelo, tornando-se carmelita. Deus a chamou à
santidade, e ela sabia disso.
Respondeu ao chamado com muito
amor, alegria e humildade. Na Igreja, recebeu o título de Doutora, devido ao
seu testemunho de vida e à profundidade espiritual de seus escritos. É considerada
mística porque viveu mergulhada no mistério de Deus. Também é a patrona
universal das missões católicas.
Há um pensamento de Santa
Teresinha que sempre me chamou a atenção, pela verdade e simplicidade das suas palavras,
que diz: “Viver de amor é dissipar o medo e a recordação das faltas passadas”.
Em sintonia com a misticismo de sua obra, ouso traduzir o significado deste seu
pensamento.
O que significa viver de
amor, segundo o pensamento de Santa Teresinha? Primeiro, significa dissipar o medo. Dissipar é afastar,
livrar-se, libertar-se. No Evangelho, Jesus repete inúmeras vezes: “Não tenhais medo!” Santa Teresinha
sabia que o medo é um grande obstáculo à fé em Jesus. A fé não convive com o
medo. Este tende a paralisar a pessoa, transformando a sua vida numa experiência
de morte.
Quem é dominado pelo medo já
conhece a morte. No lugar do medo, Santa Teresinha propõe o amor. Ela descobriu
que a sua vocação era o amor. Esta é a vocação de toda pessoa de fé. Para afastar
o medo é preciso ter fé e muito amor. No amor e na fé está a confiança; uma
confiança plena. Uma pessoa amorosa e de fé inabalável confia plenamente na
ação amorosa de Deus.
No mundo em que vivemos,
marcado pelas inúmeras formas de violência e desespero, o medo tem tomado conta
das pessoas. As crises geram insegurança, ansiedade, angústia etc. As pessoas sentem
medo do futuro imprevisível ao observarem a confusão do presente. Mulheres e
homens que vivem de amor podem até sentir medo, mas não se deixam dominar por
ele.
Em segundo lugar, viver de
amor significa dissipar a recordação das
faltas passadas. Recordar o passado não faz mal, quando estamos
reconciliados com ele. Ficar “remoendo” o passado não faz bem à saúde da mente
e do espírito.
No que se refere às faltas
passadas, é necessário deixá-las no passado. Reconciliar-se com essas faltas
significa assumi-las, reconhecendo-as com humildade de coração.
Manter viva a recordação
destas faltas é atitude inútil, que torna a vida triste e pesarosa. Trata-se de
uma recordação que não torna a vida presente leve, livre e feliz.
Por fim, consideremos uma
constatação oriunda do testemunho de Santa Teresinha: quem quiser ter paz de
espírito, dissipe o medo e a recordação das faltas passadas. A paz de espírito
é uma riqueza sem a qual nenhum ser humano consegue viver bem.
Em um mundo cheio de gente
perturbada, feliz aquele que consegue experimentar a paz de espírito; paz que o
mundo não consegue dar, mas somente se pode alcançar vivendo de amor. Esta é a
lição de Santa Teresinha do Menino Jesus. Uma lição sempre atual e necessária
para uma vida saudável e outro mundo possível.
Tiago de França
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