Quem viveu a ditadura e
escapou da morte nunca pensava que haveria sequer a hipótese daqueles anos de
horrores se repetirem no Brasil. Essa quase certeza é a que sai da boca dos que
sobreviveram.
Nasci em 1984 e não me recordo da ditadura, porque um ano
após ela chegou ao seu fim, oficialmente. O povo foi às ruas e reconquistou a
democracia. Dizer que os militares se cansaram do poder e resolveram devolvê-lo
aos civis é uma mentira mal contada. A democracia foi reconquistada à custa de
muita perseguição e sangue.
Como não vivi este período, restou-me ler bastante sobre este
tempo vergonhoso da nossa história. Os militares tomaram o poder, prometendo
colocar o Brasil em ordem. Diziam também que iriam promover o progresso. Quando
isto já não bastava para enganar as pessoas, então inventaram a ameaça do
comunismo. Em nome do combate ao comunismo muita gente foi perseguida, presa,
torturada e morta. Até hoje há gente desaparecida. Ninguém sabe do paradeiro.
A ditadura militar, período que vai de 1964 a 1985,
representa uma pausa demorada e sangrenta da nossa história. Tudo pode ser
devidamente estudado. O material é farto. Os livros de história registram os
horrores da ditadura. Somente uma pessoa muito preguiçosa e desinteressada pela
história é capaz de negar que a ditadura existiu.
Nas eleições deste ano, temos um capitão da reserva do
exército, que se aventurou no mundo da política nacional. Depois de ter sido
praticamente expulso do exército, resolveu ingressar na política. A sua sorte é
que encontrou um número significativo de eleitores pouco informados, que caíram
na sua lábia. Este capitão virou deputado, e há 28 anos vive à custa do Estado,
sem ter feito praticamente nada.
Sempre foi um político insignificante. Na Câmara dos
deputados sempre foi motivo de piada. Nunca liderou nada, nem nunca fez nada
sequer pelo seu estado, o Rio de Janeiro. Simpatizante das armas e da bandeira
da segurança pública, qualquer pessoa pode pesquisar sobre alguma coisa que ele
tenha feito pela segurança pública, e nada encontrará. Literalmente, não fez
nada.
Quando este capitão, mal-educado e de espírito exaltado,
percebeu que a maioria dos brasileiros caiu no desespero, então ele entrou em
cena. Começou a pensar frases de efeito para impressionar as pessoas. Como a
violência é um dos grandes problemas que afligem os brasileiros, então ele
resolveu investir em frases de efeito com o tema da violência: “Bandido bom é
bandido morto!”, “Lugar de bandido é na cadeia!”, “Vamos meter bala nos
vagabundos!”, “O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!” etc.
Qualquer eleitor poderá perguntar: Qual a proposta do capitão
para resolver o problema da violência? Como esta proposta será implementada? A
resposta é muito simples: Não há proposta, e não havendo, não se sabe como ele
resolveria o problema da violência. Qualquer pessoa de bom senso sabe que não
se resolve o problema da violência matando pessoas. Matar pessoas é crime
tipificado na lei penal.
O desespero aliado à ignorância de grande parcela da
população são elementos que ajudam o capitão a gozar da simpatia de muitos
eleitores. A alienação chegou em um grau tão acentuado, que as pessoas já não
querem nem saber se ele tem ou não propostas. Ter projeto claro e bem explicado
deixou de ser critério. Portanto, a candidatura do capitão é vazia de ideias e
propostas, e repleta de jargões e ameaças.
As falas e gestos do candidato do PSL são provas cabais de
antidemocracia. Ele não aceita o regime democrático, mas quer ser eleito
Presidente. Trata-se de uma aberração possível. Pública e explicitamente, o
capitão fala que a maioria tem que se sobrepor às minorias, massacrando-as. Ele
é contra a regra democrática de que o Brasil deve ser um País de todos. Defensor
da ditadura militar, prega o ódio e a perseguição aos fracos e empobrecidos.
Um Presidente da República é eleito para governar para todos
e para o bem-estar de todos. Não seria o caso do capitão, porque os negros, as
mulheres, os índios, os homossexuais, os pobres e os demais opositores devem
ser perseguidos e excluídos. Esta é a visão do candidato Bolsonaro. Ele sempre
maltratou estas pessoas. E o pior é que muitas delas se identificam com ele, e
declaram que vão votar novamente nele. Essas pessoas aderiram a uma espécie de
suicídio coletivo.
Outra novidade que apareceu com força nas eleições deste ano,
que favorece o capitão, é o apoio maciço de protestantes e católicos que se
identificam com o discurso da violência. São pessoas que, ignorando o Evangelho
de Jesus, que prega a justiça e a paz, resolveram defender a tortura praticada
na ditadura militar, entre outras bandeiras contrárias ao que ensina Jesus,
defendidas pelo candidato Bolsonaro. Este se declara cristão, mas os fatos
comprovam que ele é cristão só de nome. A sua prática, fundamentada no discurso
da eliminação dos outros é totalmente contrária aos ensinamentos bíblicos e
cristãos.
É neste sentido que Fernando Haddad representa a única saída
para que a democracia continue sobrevivendo no Brasil. Haddad não é da
extrema-esquerda e a sua biografia não consta de participação em circunstâncias
gravemente comprometedoras como as que aparecem na biografia sombria do capitão
Bolsonaro. Haddad é um democrata, conhecedor da lei e da ciência política; um advogado
e professor respeitado, defensor do estado democrático de direito.
É verdade que o Haddad integra um partido político que
cometeu muitos erros. Um partido político muito perseguido pela grande mídia
brasileira, por setores importantes do Judiciário e por opositores
antidemocráticos. Apesar dos erros do partido, ninguém, em sã consciência, pode
negar a valiosa contribuição que os governos petistas deram para o
aprimoramento da democracia brasileira, e para a melhoria de vida dos mais
pobres do povo brasileiro, de 2003 a 2016.
Quem
conhece da lei, principalmente a Lei do Impeachment, também não nega que o PT
foi expurgado do poder via golpe parlamentar. Não houve crime de
responsabilidade, e desse modo o rito de impeachment, previsto na Constituição
de 1988, foi covardemente transformado em golpe parlamentar. Isto está
devidamente registrado em nossa história republicana recente, e ninguém mudará
isso.
Nesta
hora difícil da nossa história, em que as instituições democráticas estão sendo
gravemente ameaçadas por uma candidatura que tem o apoio das Forças Armadas, do
mercado financeiro e dos grandes empresários do País, todo brasileiro de bom
senso precisa agir. Não adianta esperarmos para que o Judiciário, no
cumprimento da lei e por meio da investigação rigorosa, tome providências em
relação aos abusos que estão sendo cometidos nestas eleições. Não adianta
esperar porque não vai ocorrer.
O bom
senso pede, se quisermos preservar a democracia, que se encontra em um estado
agonizante, que elejamos Haddad Presidente da República. O PT praticou muitos
erros, mas nunca ousou ameaçar o estado democrático de direito. Nunca ameaçou
instalar o regime comunista entre nós. Se houvesse esta pretensão, já teria
feito desde 2003.
O PT
respeita as regras do jogo democrático e a elas se submete. Negar isso é uma
covardia. Se permitirmos que Jair Bolsonaro chegue ao poder, aí, sim, teremos
que suportar um governo hostil, inimigo dos direitos humanos e do meio
ambiente, covardemente agressivo e que tenderá a permanecer por muitos anos.
Eu,
com minhas críticas ao PT, me recuso, terminantemente, a me omitir nesta hora,
pois sou brasileiro, amo o meu País, e desejo que a liberdade continue sendo a
regra de nossa convivência social, apesar de ameaçada por todos os que se
colocam nas fileiras do crime. Em nome desta liberdade e do que ainda resta de
democracia, caro leitor, eu lhe peço, vote 13.
Se você
votar em Jair Bolsonaro, certamente será responsável pelo que ele pretende
fazer com o nosso pobre e sofrido povo. Não pense somente em você. Você integra
o País. Seja patriota, pense no Brasil. Seja a favor da democracia, e contra as
ameaças do faço. Vote 13 para o Brasil continuar trilhando o caminho da
esperança.
Ninguém
merece a instauração do caos e de uma nova ditadura. Ditadura é a morte da
democracia, e Jair Bolsonaro não defende outra coisa senão a violência gratuita
contra os fracos e empobrecidos. Isto é sinal evidente de uma ditadura. Nós não
temos o direito de nos omitir. Urgentemente, precisamos salvar a democracia em
nosso País.
Prof.
Tiago de França