Sabemos que a desigualdade social é uma
das características marcantes do Brasil. Estamos entre os países mais desiguais
do mundo. Entre ricos e pobres há um abismo escandaloso. Esta não é uma
novidade, pois desde a chegada dos portugueses em terras brasileiras, o País é
marcado pela escravidão. Esta explica a desigualdade presente no Brasil.
Hoje, podemos dizer que há quatro
classes de pessoas no Brasil: os miseráveis, que vivem abaixo da linha da
pobreza; os pobres; a classe média, que pensa ser rica; e os ricos. Miseráveis,
pobres e classe média são os que sentem os efeitos da crise econômica que
assola o País. Os ricos só conhecem a crise pelas páginas dos jornais. A classe
média, em relação aos miseráveis e aos pobres, sente menos a crise, mas não
está excluída do número dos que sentem seus efeitos.
A classe média pretende aparecer como
os ricos, mas não adianta: o pessoal da classe média não é rico. Há duas
características que mostram isso: primeiro, trabalham para viver. Ricos não
trabalham, porque são donos dos meios de produção. Assim como os pobres, a
classe média trabalha para os ricos. Segundo, porque os membros da classe média
constituem o grupo social produtor da cultura, tendo em vista servir melhor os
ricos. Os intelectuais, de modo geral, são da classe média. São os produtores
das ideologias que legitimam o poder econômico controlado pelos ricos.
Os ricos são os grandes empresários, os
banqueiros e todos aqueles que possuem capital suficiente para manipular e
controlar o mercado financeiro. Entre os ricos há os super-ricos, que, do ponto
de vista financeiro, são as pessoas mais ricas do mundo. No Brasil há alguns
que figuram na lista dos mais ricos do mundo. São pessoas metidas no mundo dos
negócios, que fazem o dinheiro se multiplicar com muita facilidade. Estes
afortunados do capitalismo selvagem estão livres de impostos e, geralmente, não
se sujeitam às leis.
No Brasil, os ricos tem muito interesse
na política. Além de exercerem o controle do mercado financeiro, também querem
dominar o Estado. Isso explica as grandes somas de dinheiro que investem nas
campanhas eleitorais de muitos candidatos. Não são doações, mas empréstimos a
serem pagos de alguma forma. Os ricos lutam para eleger o maior número de
membros no Legislativo e no Executivo, para que estes mantenham seus
privilégios. Dentre os vários privilégios está o não pagamento, ou o pagamento
de valor irrisório de tributos, principalmente impostos.
Este é o motivo de o Imposto sobre
Grandes Fortunas (IGF), previsto na Constituição (artigo 153, inciso VII),
nunca ter sido regulamentado. Só existe na Constituição, mas na realidade, os
afortunados não pagam nenhum imposto sobre suas grandes fortunas. O mesmo
ocorre com os dividendos (lucros) das empresas: não há um imposto sobre os
lucros empresariais. A carga tributária brasileira está concentrada no consumo
e na renda. Os ricos consomem, mas proporcionalmente pagam menos impostos. Eles
não são assalariados, então não pagam imposto de renda na condição de
empregados.
Isso explica a preferência dos ricos
por Bolsonaro. Este candidato pretende continuar livrando os ricos dos impostos
que deveriam pagar. A reforma tributária do Paulo Guedes, o guru de Bolsonaro,
prevê a manutenção do peso da carga tributária sobre as costas dos pobres e da
classe média.
Por isso, todas as pesquisas de
intenção de votos mostram que Bolsonaro é o candidato dos ricos, que representa
muito bem os interesses dos que tem muito dinheiro, e que desejam ter cada vez
mais à custa do suor e lágrimas dos pobres e da classe média.
E você, que acabou de ler este artigo:
é pobre, pertence à classe média, ou é membro da classe dos ricos e
afortunados? Se você é pobre ou da classe média, por que quer votar em
Bolsonaro? Ou você ainda não entendeu que o plano de governo deste candidato
não contempla a sua vida? Reflita, e não seja masoquista. Um pouco de amor próprio
e ao País faz muito bem.
Você sabia que uma das propostas do
Fernando Haddad é taxar os ricos? Ele não tem medo de anunciar isso, pois sabe
que o pobre e a classe média estão cansados de pagar impostos. Dê uma lida no
plano de governo de Haddad, e compare com o plano do Bolsonaro, principalmente
no quesito Imposto de Renda. Eleitor consciente é eleitor bem informado. Informe-se.
Não se deixe enganar.
Tiago
de França
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