terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Senhora Justiça, até quando?


No cotidiano da academia te conheci melhor, senhora Justiça
Mas já bem antes, lá no nordeste
Conheci a tua ausência, a tua omissão, o teu desnudamento
Pobre povo

Sempre desconfiaram te di, da tua parcialidade, da tua cumplicidade
Foste sempre afeita ao gabinete, aos jantares, aos uísques caros
Teus amigos são terríveis
Vergonhosos

Tens uma mania de te rejuvenesceres,
Te remodelares. Teu linguajar é tão lindo, tens um palavreado enganador
Tu passas a impressão de honradez, de sublimidade, cordialidade
Ilusão

Enquanto estás aí, bem sentada com venda nos olhos
Com esta aparência de cega e justa, os portões dos enjaulados
Dia e noite, se abrem e se fecham
Na despedida e na acolhida nos corpos dos injustiçados

Até quando, nobre senhora, serás também tu, vítima da manipulação?
Há séculos és cortejada pelos doutos e endinheirados
Estas criaturas ricas e bem vestidas, prepotentes
Que são a desgraça da nação

E quando chega os de botas pretas, gente que quer apitar o jogo da falsa democracia
Teus guardiões falam manso, bem pagos
Lá de cima do grandioso Tribunal, com as vaidosas togas
Diz o mestre-sala: É hora de se retrair!


Ah, senhora Justiça!
Quanto medo, quanta injustiça!
Quanto açoite, quanta ameaça!
Des-graça

Tiago de França

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