No cotidiano
da academia te conheci melhor, senhora Justiça
Mas já
bem antes, lá no nordeste
Conheci
a tua ausência, a tua omissão, o teu desnudamento
Pobre povo
Sempre
desconfiaram te di, da tua parcialidade, da tua cumplicidade
Foste sempre
afeita ao gabinete, aos jantares, aos uísques caros
Teus amigos
são terríveis
Vergonhosos
Tens
uma mania de te rejuvenesceres,
Te remodelares.
Teu linguajar é tão lindo, tens um palavreado enganador
Tu passas
a impressão de honradez, de sublimidade, cordialidade
Ilusão
Enquanto
estás aí, bem sentada com venda nos olhos
Com esta
aparência de cega e justa, os portões dos enjaulados
Dia e
noite, se abrem e se fecham
Na despedida
e na acolhida nos corpos dos injustiçados
Até quando,
nobre senhora, serás também tu, vítima da manipulação?
Há séculos
és cortejada pelos doutos e endinheirados
Estas criaturas
ricas e bem vestidas, prepotentes
Que são
a desgraça da nação
E quando
chega os de botas pretas, gente que quer apitar o jogo da falsa democracia
Teus guardiões
falam manso, bem pagos
Lá de
cima do grandioso Tribunal, com as vaidosas togas
Diz o
mestre-sala: É hora de se retrair!
Ah,
senhora Justiça!
Quanto
medo, quanta injustiça!
Quanto
açoite, quanta ameaça!
Des-graça
Tiago
de França
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