quinta-feira, 20 de junho de 2019

EUCARISTIA: sacramento da caridade


A solenidade de Corpus Christi é um grande momento da vida da Igreja católica. Celebra-se, de forma solene, a memória da última Ceia do Senhor.

Na última Ceia, além de partir o pão e o vinho com os seus discípulos, Jesus realizou o gesto do lava-pés (cf. Jo 13, 1-17). Este gesto aponta para a necessidade do serviço aos irmãos: lavando os pés dos seus discípulos, Jesus ensina a servir.

Jesus é o Pão vivo descido do céu, para alimentar o povo de Deus na sua caminhada rumo à pátria definitiva. O discípulo missionário de Jesus precisa alimentar-se dele para continuar sendo fiel em seu caminhar. Fortalecido por este divino alimento, o discípulo é chamado a servir aos outros.

Não há Eucaristia sem serviço, e não há seguimento de Jesus sem Eucaristia. Para viver em comunhão com Ele, é necessário entrar na escola do serviço, alimentados pela Eucaristia, ou seja, pelo próprio Cristo.

Hoje, o que significa comungar a Eucaristia? Há um refrão de um hino que diz: "Vamos comungar, vamos comungar./ Comungar na Igreja e na vida dos irmãos". Quem são estes irmãos? São aqueles que precisam de nós, da nossa presença, da nossa escuta e da nossa colaboração material.

Portanto, a Eucaristia nos torna próximos das pessoas, nos faz samaritanos (cf. Lc 10,25-37). Por Cristo, com Cristo e em Cristo nos tornamos pessoas eucarísticas. Uma pessoa eucarística vive totalmente aberta e disponível aos outros, porque nela está Jesus, fazendo a sua morada com o Pai e o Espírito Santo.

Vivemos em um País com quase treze milhões de pessoas desempregadas. Como estas pessoas estão ganhando o pão de cada dia? Ao redor do mundo, cerca de um bilhão de pessoas passam fome todos os dias. Trata-se de um pecado que atenta a caridade evangélica. Como as pessoas podem celebrar o Pão da vida, se falta o pão em suas mesas?

A fome é um escândalo, um crime contra a humanidade e um mal absoluto. O mundo produz alimento suficiente para alimentar a todos, mas milhões de pessoas não o tem. Isso é consequência de um egoísmo perverso, de uma sociedade marcada pela indiferença e pela ganância.

Não vive em comunhão com Jesus o cristão que enxerga com naturalidade o vergonhoso e criminoso fenômeno da fome no mundo. Trata-se de um mal presente, que está próximo a nós. O que estamos fazendo para erradicar a fome no mundo? Como agimos diante da fome dos outros? O que nossas comunidades cristãs estão fazendo para ajudar os irmãos e irmãs que passam fome?

Se em nossas comunidades há pessoas que passam fome e nada fazemos para resolver este problema, então não somos dignos do Corpo e Sangue de Cristo. É preciso comungar na Igreja e na vida dos irmãos. Façamos, pois, um sério exame de consciência.

Há inúmeras formas de fome. Falamos da fome do alimento para o corpo, mas há outras fomes a serem saciadas: fome de atenção, afeto, cuidado, escuta, respeito, presença; enfim, fome de humanização. A nossa comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo é comunhão com os outros. Nestes, podemos encontrar o Corpo e o Sangue de Cristo, que sofre e que interpela a nossa humanidade.

Sem esta comunhão de vida com o próximo, Deus permanece surdo às nossas preces, e nossas liturgias, belas e solenes, não lhes agrada. Eucaristia é a vida do povo, e esta é a glória de Deus. Povos livres e saciados: eis o desejo de Deus para toda a humanidade.

Sejamos, pois, eucarísticos, e que nossas palavras e ações ajudem a construir a nova humanidade. A Trindade Santa nos quer partícipes da mesa do Reino definitivo, e a festa vai ser linda de ver e viver.
Tiago de França

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