Mas o Pe. Vicente de Paulo, após inúmeros insucessos, percebeu que Deus
o chamava para ser aquilo que todo padre é chamado a ser: Servidor. Diante do
estado humilhante e deplorável em que se encontravam os pobres na França
daquela época, o Pe. Vicente de Paulo logo se deu conta de que Deus o chamava
para servir aos pobres.
Em 1625, fundou a Congregação da Missão (Padres e
Irmãos Lazaristas), com a missão de evangelizar os pobres. Esta é a destinação
especial e exclusiva da Congregação. Com a valiosa colaboração de Santa Luísa
de Marillac, em 1633, fundou a Companhia das Filhas da Caridade, com a mesma
finalidade: Evangelizar os pobres.
O Pe. Vicente de Paulo foi canonizado em 1737, pelo
Papa Clemente XII. Posteriormente, em 1885, foi declarado Patrono universal de
toda as obras de caridade. São Vicente passou toda a sua vida fazendo o que
Jesus fez: Com palavras e obras, evangelizou os pobres. Pela primeira vez na
história da Igreja, uma Congregação religiosa de padres e irmãos nasceu para
evangelizar, somente, os pobres. O mesmo se diga da Companhia das Filhas da
Caridade, formada por mulheres simples, inicialmente camponesas, para o cuidado
dos pobres.
O carisma vicentino tem na pessoa de Jesus o seu
centro. São Vicente era profundamente cristológico. Muito preocupado em formar
padres que cuidassem dos pobres, incluiu no carisma da Congregação o empenho na
formação do clero. Desde a sua época até os dias atuais, especialmente no
período que vai da fundação da Congregação até a realização do Concílio
Vaticano II, os Padres e Irmãos Lazaristas atenderam ao apelo de São Vicente, e
contribuíram com a formação de milhares de padres diocesanos em muitas partes
do mundo.
A celebração da memória de São Vicente é uma feliz
oportunidade para recordar o lugar dos pobres na vida e missão da Igreja.
Infelizmente, no seio da Igreja tem surgido inúmeros grupos e comunidades que
se ocupam muito com a oração e pouco com a ação. A caridade exige serviço
organizado e proximidade com os pobres. Não se trata de oferecer esmolas aos
pobres, mas de se envolver com seus dilemas, ajudando-os a resolvê-los. Não se
trata, também, de substituir os pobres em suas lutas por uma vida digna, mas de
oferecer apoio, orientação, formação; ajudá-los a serem sujeitos da própria
libertação. Foi isso que São Vicente ensinou a fazer.
Que o Espírito do Senhor nos torne sensíveis ao
sofrimento dos mais pobres, pois, dizia São Vicente: "Os pobres são nossos
mestres e senhores". Precisamos unir oração e ação, sendo, desse modo,
contemplativos na ação. Do contrário, seremos uma Igreja de muita reza e pouca
caridade.
São Vicente de Paulo, rogai por nós!
Tiago de França