segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O amor de Deus e o amor humano

         


        A fé em Jesus nos leva a conhecer o amor de Deus. Este amor é o que nos faz feliz, porque eterno e fiel. Muitas vezes, em nossas comunidades cristãs, progressivamente, vamos esquecendo esta verdade: Deus nos ama! Há até os que ainda não descobriram este amor. Parece ainda não tê-lo experimentado. A missão da Igreja é levar as pessoas a experimentar o amor de Deus, no cotidiano de suas vidas, profundamente marcado pelo sofrimento, nestes tempos tão difíceis. Muito se pode dizer a respeito do amor de Deus. Nestas breves linhas ousaremos algumas afirmações à luz da experiência de Jesus de Nazaré. Ele é o modelo, por excelência, de homem amoroso, revelador sublime do amor divino. Olhemos para Jesus, que nos ensina como é o amor de Deus, bem como ensina a amar como Deus nos ama.

        Em sua passagem por este mundo, sendo igual a nós em tudo, menos no pecado, como nos ensina o apóstolo Paulo, Jesus viveu plenamente e revelou como é o amor de Deus. Sendo perfeitamente humano, com toda a liberdade dada por Deus ao criar o ser humano, Jesus amou. Desse modo, amar é uma questão de humanidade. Para ser verdadeiramente humano, é necessário amar de verdade. Aqui percebemos o grande mal que assola o mundo inteiro: a falta de amor no coração de tanta gente. 

        Há muita gente ocupada com tantas coisas, menos com o amor. Facilmente, as pessoas se ocupam com inúmeras coisas: dinheiro, vaidade, poder, prestígio etc., mas se esquecem do amor. Não se dedicam a amar, mas ao ter, aparecer, triunfar, brilhar, ganhar, ter vantagem em tudo. Perde-se com tantas coisas, que nada preenchem. As pessoas estão ocupadas com as alegrias passageiras. Não sabem o que é felicidade, pois experimentam migalhas de alegria. Passada a alegria, proporcionada pelos inúmeros prazeres que este mundo pode oferecer, caem na tristeza, no vazio, no tédio, no desespero. Este vazio deixa a pessoa sem rumo, perdida na vida, fazendo surgir a vontade de morrer. Mas isso não ocorre de uma só vez. O vazio é uma construção diária. A pessoa finge viver e, de repente, está morta!

        Em Jesus, o amor liberta. Mas esta não é uma ideia. Jesus não era um filósofo, guru ou mago. Jesus é o Filho de Deus, que revelou o amor de Deus amando as pessoas. Dedicou toda a sua vida aos outros. E aqui está o segredo do amor divino: o amor de Deus acontece quando as pessoas se abrem às outras. Quando alguém decide amar o outro, então aí se manifesta o divino, a presença amorosa de Deus. O amor de Deus se manifesta no amor humano, mas o ultrapassa. Somente Jesus amou com toda perfeição. Toda pessoa que esteve com Ele foi alcançada pelo seu amor. E seu evangelho revela que Ele tinha certa predileção ou preferência: dedicou-se às pessoas que mais precisavam do seu amor. Quem eram estas pessoas? Todos os que eram excluídos: os pobres e pecadores. O evangelho diz que Ele era incansável; não perdia tempo. 

        O pecador ama outro pecador. Esta afirmação precisa ser pensada. Geralmente, as pessoas não refletem sobre isso. Toda pessoa deseja amar e ser amada, com a mais alta perfeição. Por isso, criam expectativas, idealizam, exigem, brigam... e se frustram! Há um esforço constante, um desejo profundo de ser feliz. Isso é justo e necessário. Mas como é pecador, então não consegue amar com perfeição, mas ama segundo as possibilidades, fazendo o que é possível. O ser humano não está no nível do impossível. Somente Deus realiza o impossível, porque é o puro Amor, detentor de um poder imenso. 

        Porque não ama com perfeição, as pessoas são contaminadas pelas fraquezas que tendem a acabar com o amor que descobrem em si mesmas e nos outros. Há sentimentos negativos, bem como algumas condicionantes que integram a condição humana, que vão minando o amor: insegurança, medo, mania de perfeição, mania de superioridade, ciúme, espírito de posse e controle, ignorância, satisfação de desejos, descontrole emocional, rotina, cobranças excessivas, desejo de recompensa, obsessões, ira, rancor, manipulação, dissimulação, e tantos outros males afetam o amor. Muitas pessoas desistem de amar, porque não conseguem lidar com tais questões. O amor enfraquece e tende a morrer. Cresce cada vez mais o número daqueles que abraçaram a ilusão de que podem ser felizes sozinhos. Outros se dedicam às plantas e aos animais, ou a alguma outra coisa, frustradas com o amor humano.

        Apesar dos dilemas da vida, dos desencontros e de todo o mal que tende a prosperar, abafar e matar o amor, é necessário dizer com todas as letras: O amor é a força mais poderosa do mundo, e fora dele não há saída possível para a humanidade. Ninguém é feliz sem o amor. Não adianta fugir. Sem ele, a vida perde o seu sentido. A vocação primeira da pessoa humana é o amor. O amor liberta de todos os males acima mencionados e de todos os outros. Como me liberto do medo? Amando. Como me torno mais sereno e seguro de mim mesmo? Amando. Como me liberto do rancor? Amando. Enfim, o amor é a via mestra da liberdade: é caminho para a verdadeira liberdade. Há muita gente infeliz, porque não insiste em amar, apesar de tudo. O amor é uma escola: quanto mais amo, mais aprendo a amar. É algo diário, que exige perseverança, humildade e muita fé. Sem acreditar no amor não é possível amar. Ninguém se dedica ao amor sem acreditar que é o caminho para a verdadeira felicidade.

        A religião existe para recordar isso: Dizer às pessoas que o amor é a saída para a erradicação dos males da vida. Há tanta gente doente e morrendo por falta de amor! A carência maior do ser humano é a carência de amor. Quando ama, encontra a paz, a serenidade, a alegria de viver, a coragem para enfrentar as dificuldades da vida. Amando de verdade, nenhuma pessoa se sentirá sozinha. Sentindo-se acompanhado e amado, a vida se torna menos pesada e possível. Com o outro enxergo uma saída. Sozinho, por mais forte que seja, não se vai muito longe. Sozinho não se ama a ninguém. 

        É preciso vencer o egoísmo, saindo de si mesmo, na direção do outro, para amá-lo do jeito que ele é: virtuoso e limitado, um poço de liberdade, um encanto permanente, imagem e semelhança de Deus. Por mais desastrosa que seja uma pessoa, há nela uma centelha do amor divino. Amando, as pessoas aprendem a descobrir o que de melhor existe no outro. Muitas vezes, este precisa aprender a se descobrir e se amar, e isto só é possível quando é amado. No amor as pessoas se descobrem e, juntas, superam suas dificuldades, fraquezas e sombras. O amor une os imperfeitos para que se chegue à perfeição. Exige atitude corajosa. Tem que ter audácia para amar as pessoas. É uma aventura exigente, que vale a pena quando existe um querer profundo, uma vontade impregnada de um desejo de ver o outro feliz. 

        Carregando sua cruz para o calvário, Jesus caiu com a cruz, foi ajudado pelo Cirineu, ouviu o choro das mulheres de Jerusalém, olhou as pessoas nos olhos... Para amar, Jesus sofreu. Sofreu por amor. Assim revelou o amor de Deus; um amor sofrido, atribulado. Olhando para Ele descobrimos que o amor caminha junto com o sofrimento. Quem não quer sofrer não invente de amar. O amor não livra a ninguém das dificuldades e fraquezas, mas encoraja e dá força para que ao final de tudo, cada um possa dizer como Jesus: "Eu venci o mundo!" Só vence quem ama. 

        Todo tempo é tempo de amar. Nunca é tarde para se decidir pelo amor. As pessoas estão aí, carentes de amor. Se olharmos ao nosso redor veremos os olhos daqueles que suplicam o nosso amor. Não sejamos egoístas! O pecado está no egoísmo. Um pecado que leva à morte. O amor nos transporta para a eternidade. É passagem certa! Quem ama será salvo. Quem ama já experimenta um pouco do que é a vida feliz e eterna, porque conhece a Deus e por Ele é habitado. O amor é belo, fecundo, libertador e poderoso. Não percamos tempo. Cuidemos em salvar o mundo, amando-nos uns aos outros!

Pe. Tiago de França

        

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Os riscos provocados pelas redes sociais

        

            Entre as sugestões de temas para o nosso artigo semanal, o que intitula estas breves considerações merece a nossa atenção. As redes sociais constituem espaços virtuais importantes, que tem ajudado muita gente a notar e ser notada. Nelas, as pessoas expressam gostos, preferências, ideias, imagens; falam de si mesmas, dos outros, do mundo e da vida. As redes sociais ganharam um espaço tão grande na sociedade atual, que aqueles que não as utilizam são considerados "invisíveis". Muitas vezes, a impressão que se tem é que não existem! Esta é uma constatação assustadora, mas real. Grande parcela da humanidade está presente no mundo virtual, utilizando as redes sociais, que tomam boa parte do tempo de milhões de pessoas em todo o mundo.

       Facebook, Instagram, Twitter, TikTok, Telegram e WhatsApp estão entre as principais redes, que possuem a sua importância e seus limites. Por um lado, as pessoas se beneficiam destes meios; por outro lado, prejudicam-se quando utilizam sem o necessário discernimento. O que é positivo é a facilidade com que se pode comunicar, trocar ideias e conhecer muitas situações, pessoas e visões de mundo. As redes sociais ampliam as possibilidades de comunicação. Tudo é muito vasto e nada uniforme. Há muitos elementos repetitivos, que cansam, mas é uma diversidade de estilos e modos de ser e de pensar, que são mostrados e que podem ser "curtidos" e compartilhados pelos navegantes.

      Podemos elencar, sem dificuldade, cinco pontos negativos, que podem ser considerados "riscos" para a saúde mental das pessoas, quando elas fazem uso das redes sociais, sem o necessário discernimento. O uso irracional destes meios gera prejuízo às pessoas, e muitas delas não percebem. Vamos aos riscos.

      1. O tempo gasto no uso das redes sociais. Adolescentes e jovens são os que mais utilizam. Passam horas e horas no mundo virtual. Desse modo, perdem a oportunidade de se ocupar com outras coisas no mundo real. Quando não conseguem controlar o uso, aí temos o vício. Quando se ocupam com o mundo real, estão pensando no que está acontecendo no mundo virtual. Dois outros problemas decorrem do uso exagerado das redes sociais: problema na visão e dores na coluna e pescoço. Um terceiro problema mais grave é o isolamento das pessoas. Quem muito vive no mundo virtual não quer muito contato com as pessoas no mundo real, pois este passa a ser considerado tedioso, estranho e sem sentido.

        2. O cultivo da ilusão. Desconectada do mundo real, ou fugindo dele, refugiando-se no mundo virtual, a pessoa passa a viver na ilusão. Passa a imaginar que a vida é do jeito que enxerga no mundo virtual. A frustração é o resultado de uma vida pautada na ilusão. No mundo virtual tudo é mais fácil, belo e colorido; no mundo real, a vida é mais difícil, dura e dolorosa. Neste sentido, as redes sociais podem funcionar como anestesia, ou seja, para não enxergar a dureza da vida, a pessoa se refugia no mundo virtual e passa a viver se imaginando numa realidade que só existe na cabeça dela. É a ilusão na sua forma mais cruel e desumanizadora.

        3. Perda do senso crítico. Quem nunca teve senso crítico não tem o que perder. Por isso, as redes sociais não afetam tais pessoas. Pelo contrário, nas redes elas se sentem em casa. É um ambiente confortável, que não exige reflexão. As redes sociais não foram pensadas para levar as pessoas a refletir sobre a vida. Nelas não há grandes narrativas, mas frases de efeito, para serem reproduzidas segundo o gosto e a subjetividade de cada pessoa. Não se pode negar a veracidade e utilidade de muitas ideologias e pensamentos que aparecem nas redes sociais; mas é verdade que tudo aparece pronto e acabado, para ser "degustado": as pessoas se identificam, quase que cegamente, curtem e compartilham. Há quem compartilhe sem saber ao certo o que estão compartilhando! Os que dependem do que encontram nas redes sociais, geralmente não possuem opinião própria. São apenas reprodutores. Não gastam tempo, nem se esforçam para refletir sobre o que encontram, nem sobre o que acontece no mundo real. Assim, temos a pessoa alienada.

          4. Estímulo à mentira e ofensas. Nas redes sociais, muitas pessoas que gostam de mentir e ofender pessoas e instituições encontram espaço fecundo. No mundo virtual as pessoas tendem a falar o que não tem coragem de falar pessoalmente. Há certa coragem que só aparece no mundo virtual. Dois tipos de mentiras mais comuns se proliferam: a mentira sobre os outros e a mentira sobre si mesmas. Geralmente, as pessoas não são do mesmo jeito que se apresentam nas redes sociais. Nestas aparecem de um jeito; no mundo real, de outro. Toda pessoa é movida por interesses bons, ou ruins. Quando se trata de mentira virtual, o mentiroso quer convencer as pessoas que a sua índole é a que ele apresenta no mundo virtual, bem trabalhada e aparentemente saudável. Portanto, não é seguro conhecer, nem é correto afirmar que se conhece bem uma pessoa somente por aquilo que se vê nas redes sociais. Assim como facilita a vida do mentiroso, as redes sociais também oferecem campo fértil para quem gosta de ofender. As fake news (notícias falsas) são as formas mais famosas de ofensas virtuais, que tem causado muito estrago.

         5. Culto à aparência. Há quem goste de viver de aparência. Tais pessoas adoram as redes sociais, porque nelas podem aparentar uma vida que não levam e uma personalidade que não tem. Há uma falsa felicidade estampada no semblante de milhões que se utilizam das redes sociais. Pessoas que aparentam alegria, segurança, serenidade, muito amor e ternura; mas na vida real são tristes, inseguras, agitadas e perturbadas, amargas, cheias de veneno e mal intencionadas. Há um culto à aparência e um desprezo à verdadeira essência da pessoa, que nunca se apresenta do que jeito que verdadeiramente é, mas do jeito que deseja que as pessoas a vejam e tratem. Para esconder seus reais interesses e intenções, a pessoa se utiliza da estética, de palavras e ideias que não são suas, mas que servem para dissimular. As redes sociais possuem instrumentos eficientes para quem gosta de manipular e aparentar o que não existe. Também por este motivo são muito procuradas e viciantes.

            Por fim, posso dizer por experiência própria, que estes limites das redes sociais são facilmente verificáveis. Como observador atento, que faz uso das redes sociais, verifico o quanto mal tais meios têm ocasionado na vida de muita gente. Curiosamente, as pessoas não se dão conta disso. Pelo contrário, perdem cada vez mais o contato com o mundo real, sendo vítimas de certa frustração constante. O sentimento que invade a vida de muitos é o de um vazio assustador. Aliás, o cansaço provocado pelo uso das redes gera este vazio; que tem levado muita gente a abandoná-las. Vez e outra é necessário fazer uma "desintoxicação", abstendo-se de tais meios, em vista de uma vida mais saudável. O uso exagerado das redes sociais gera inúmeros prejuízos à saúde mental das pessoas, e não são muitas que tem percebido isso. 

Pe. Tiago de França

           

        





    
 

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Opinar

    


        Semanalmente, publicarei um breve artigo de opinião sobre algum tema. O padre é um formador de opinião e não posso fugir disso. Neste primeiro texto desta série que passo a denominar "artigo semanal", desejo discorrer sobre o ato de opinar. 

    Opinião todo mundo tem, com ou sem fundamento. Há opiniões relevantes e irrelevantes, dependendo da subjetividade de quem a recebe. Não somos obrigados a aceitar a opinião alheia, mas é atitude civilizada respeitá-la. Respeitar a opinião dos outros é um ato de solidariedade com o que o outro pensa. Valorizar a opinião dos outros é da índole de quem aprendeu a conviver. Concordando ou não, o respeito ao outro revela grandeza de alma.

    Há opiniões que possuem fundamento na realidade, e há aquelas que são formadas a partir da fantasia da pessoa, que imagina que a realidade é do jeito que pensa ou deseja. As mais aceitáveis são as que possuem conexão com a realidade, porque podem ser facilmente verificadas. Opiniões sofisticadas são as que conseguem descrever, com certa precisão, o que ocorre no mundo real, revelando o pensamento do seu autor, seu posicionamento. Toda opinião é uma posição sobre alguma questão, ou situação. Quem não opina, não se posiciona. 

    Quem opina deve estar preparado para ser avaliado na sua opinião, positiva ou negativamente. Há os que acolhem e avaliam positivamente a opinião, e há aqueles que rejeitam e até depreciam. Quando quem opina é livre em relação à avaliação daquilo que opinou, então segue seu caminho com certa tranquilidade, por saber que o outro é livre para reagir como quiser. Não se pode descer ao nível dos depreciadores, sob pena de se tornar um deles. Com depreciadores não se pode perder tempo, pois o tempo é uma preciosidade.

    Nenhuma opinião consegue abarcar a totalidade do sentido das coisas. Portanto, ninguém pode pretender dar uma opinião que encerre, definitivamente, uma questão. Toda questão permanece aberta. Não reconhecer isto revela uma grande limitação, bem como falta de humildade. Nenhuma opinião é definitiva. As pessoas podem mudar de opinião. Trata-se de uma atitude inteligente. A flexibilidade é uma virtude. Opiniões engessadas são próprias de uma mente curta ou limitada. 

    Há situações sobre as quais a prudência manda opinar, há outras que recomenda fazer o contrário. Há opiniões que acrescentam, porque iluminam mentes e corações, como também pode ocorrer o contrário. Sábia é a pessoa que sabe o momento de opinar e o de calar. Há circunstâncias que não pedem a nossa opinião. O discernimento ensina que o silêncio é a opinião louvável e aceitável. Também pelo silêncio podemos opinar. A ausência de comunicação verbal ou escrita também transmite uma opinião, uma resposta. A ausência opina no sentido de dizer que a palavra não é bem-vinda nem ajuda a construir sentido. Toda ausência, assim como todo discurso, pode e deve ser lida e compreendida. 

    A sociedade dita pós-moderna e líquida é profundamente marcada pelo excesso de palavras, sons e imagens. Há um barulho que, muitas vezes, nada comunica. No excesso está a falta. Este excesso gera cansaço e tédio nas pessoas. Gera também certa indisposição interior, revelada na falta de paciência e de escuta. As pessoas parecem cansadas, e já não querem mais ouvir. Estão desiludidas com o excesso de palavras que não comunicam paz e tranquilidade, mas causam agitação, porque carregadas de violência e ilusão. A palavra está perdendo a credibilidade, apesar de necessária, porque o ser humano é um ser de palavra, de comunicação. Precisamos recuperar a credibilidade da palavra, e isto acontece quando investimos verdade nas palavras.

    Opinar com base na verdade, sem perder a caridade e a ternura. A verdade não pode ser dita de forma violenta. A forma como opino pode causar rejeição ou acolhida. Opinar com mansidão e amor, com respeito e verdade. Assim, é mais fácil para a opinião encontrar mentes e corações abertos. Do contrário, ninguém suporta. Cada pessoa que ousa opinar, deveria se perguntar: Minha opinião realmente vai acrescentar alguma coisa? Tenho me esforçado para fazer valer a minha opinião? Como tenho exercido o meu direito de opinar? Nesta dada situação, devo opinar, ou calar? Sou intolerante e desrespeitoso quando opino? Opinar é importante, mas não podemos fazê-lo de qualquer jeito. Mas tudo é processual. Ninguém nasce pronto. Assim como aprendemos a falar, andar, comer, escovar os dentes, dirigir etc., também é possível aprender a opinar.

Pe. Tiago de França