quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Zumbi dos Palmares: herói da liberdade

Há mais de três séculos apareceu um negro no nordeste do Brasil: forte, destemido e corajoso. Formou uma comunidade denominada quilombo: lugar de gente unida, refugiada  e resistente. Gente cicatrizada pelo chicote, pelo estupro e pela exploração.

Zumbi se imortalizou na carne ensanguentada do povo negro, nas suas lutas pela terra e pela liberdade. Tornou-se um herói nacional, não celebrado pela mídia branca e racista, mas glorificado pelos negros estigmatizados da sociedade. Zumbi é símbolo da luta pela liberdade, luta das mais louváveis, experimentada somente pelos corajosos.

Brasil, 2014. Inúmeros negros continuam sendo discriminados. A lei diz que é crime a discriminação, mas não adianta. Passa-se por cima da lei e fica por isso mesmo. Por isso, a melhor forma de combater a discriminação é aderindo à consciência negra, ou seja, é necessário assumir, de uma vez por todas, uma verdade fundamental: Todos somos filhos dos negros. O sangue deles corre em nossas veias. Somos filhos da miscigenação. Nenhum filho da nação brasileira pode afirmar o contrário, inclusive os brancos racistas.

A cor da pele não indica superioridade nem inferioridade. Na espécie humana, todos são iguais. Todos nascem, crescem, se reproduzem e morrem. Com a cultura, criamos a discriminação. Esta não é natural. Ninguém nasce odiando ninguém. Aprende-se a odiar, como também se aprende a amar. A discriminação é um problema da mente, é um problema de miopia humana.

Quem discrimina está com problema na visão. É um problema de consciência. Renunciando à preguiça mental e se debruçando sobre a história, é possível alcançar a cura. A discriminação, ainda, é um problema de ignorância. Se uma cor me causa repugnância, o problema não está na cor, mas na minha mente doentia. Reconciliemo-nos, pois, com as cores! Como suportaríamos viver em um mundo sem cores?!...

Por fim, para não deixar passar despercebida a memória de Zumbi, este grande herói nacional, precisamos, ainda, afirmar três coisas fundamentais:

1) Para quem professa a fé em Jesus de Nazaré, a discriminação é um pecado grave porque, independentemente da cor da pele ou de qualquer outra diferença, todos somos, em Cristo, irmãos. Por isso, cristianismo e discriminação racial são incompatíveis. O Deus e Pai de Jesus está na missa dos católicos, no culto dos evangélicos, nos terreiros do candomblé, no silêncio da meditação budista, enfim, está em tudo e em todos;

2) Independentemente da cor da pele ou de qualquer outra diferença, todos somos capazes. Neste sentido, são válidas todas as iniciativas governamentais e sociais em prol da igualdade entre os seres humanos. Negá-las ou tentar desqualificá-las representa desconhecimento da realidade e

3) Brancos, negros, índios, estrangeiros etc.: somos todos humanos, somos pessoas. Desse modo, em nosso país não há várias raças de pessoas, mas há brasileiros, que devem ser tratados com respeito e promovidos em sua dignidade. Não formamos um povo puritano, somos juntos e misturados! Nossa religião e cultura estão alicerçadas na miscigenação.

Viva o herói da liberdade, Zumbi dos Palmares!

Viva o homem que nos ensinou que o outro não é meu inimigo, mas é outro igual!

Tiago de França


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