domingo, 9 de agosto de 2009

O Pai e os pais


Neste dia 9 de agosto, celebra-se o Dia dos Pais. Deus concedeu ao homem a graça de ser fecundo e se tornar pai. Ser pai é um dom de Deus. Pensei em escrever brevemente sobre a paternidade, mesmo não sendo pai, porque alguns aspectos da paternidade em nossos dias me chamam a atenção. A Palavra, desde o Gênesis, ensina que unido à mulher, o homem torna-se pai. É importante frisar a unidade com a mulher, porque sem ela, o homem não pode ser pai. O leitor pode até dizer: “Não vejo novidade nisso, pois é claro e evidente que sem a mulher, o homem não pode ser pai!”, pois bem, mas em nossa realidade, temos muitos homens, pais de família, que não vivem com suas esposas. São vários os motivos: viuvez, separação etc. Uma vez destituída a estrutura familiar comum: pai, mãe e filhos, o homem fica só e sente dificuldade de exercer a missão de pai. Por isso, o Gênesis vai dizer: “E Deus viu que o homem estava só”. Deus criou para o homem um ser que lhe é semelhante, a mulher, e esta para ser sua companheira e dar-lhe a graça da paternidade. Falar da vocação paterna exige-nos falar da materna, pois homem e mulher tornam-se uma só carne. Se são uma só carne não podem ser divididos, porque uma vez unidos, unificaram-se num só corpo para a felicidade na realização humana.

É muito belo, bom e agradável a Deus ver um casal unido no amor. Na relação homem e mulher manifesta-se o amor de Deus. O amor entre o homem e a mulher revela a face de Deus, pois Deus é amor. Sendo Deus o amor por excelência, também se torna para todo pai de família a referência maior da paternidade. Deus é Pai de bondade e ensina ao homem a bem viver sua paternidade. Amando a Deus sobre todas as coisas, encontrando Nele o sentido da vida, o pai de família encontrará força e coragem para assumir a sublime missão de ser pai. É Deus mesmo que ensina a cada homem que se dispôs a ser pai, a exercer, no cotidiano da vida, tão linda vocação. Deus é a fonte da vocação paterna e Ele mesmo capacita o homem a bem viver tal vocação. Por isso, a comunhão com Deus é muito necessária para termos pais de famílias maduros, responsáveis e realizados na paternidade. Quando Deus é a referência excelente, a missão de ser pai torna-se mais leve e mais fácil de ser entendida e vivida.

Ser pai em nossos dias é um desafio. Aliás, sempre o foi, mas principalmente nos dias de hoje, a paternidade enfrenta uma terrível crise. Há uma idéia de que se pode ser pai de todo jeito! São muitos os filhos que não têm a presença constante de seus pais no cotidiano da vida, pois muitos pais fogem de suas responsabilidades e se recusam a assumir seus filhos. Diante disto, é importante perguntarmo-nos: Pode ser chamado verdadeiramente de pai o homem que não assume seus filhos? É uma interrogação curiosa. Quando alguém se afirma pai, perguntamos logo pelos filhos. Para muitos pais podemos perguntar: Onde estão os seus filhos?! Certamente, muitos têm dificuldades de responder a tal questão. O pai é assim chamado porque possui filhos e estes também são assim chamados porque têm pai. Há uma íntima relação entre pai e filhos, relação esta que não pode ser quebrada, porque quando isto acontece, ambos se prejudicam. Não temos filhos saudáveis sem estarem com seus pais e nem pais sem o estar com seus filhos. Este permanecer com seus filhos dá ao pai a dignidade e a felicidade de se sentir e se tornar, de fato, pai de família. Assim, pais sem filhos e filhos sem pais é uma triste realidade que afeta a estrutura familiar de nossos dias. Temos muitos “órfãos” de pais vivos! Deus, certamente, anda muito triste em ver tantos filhos abandonados por seus pais.

A vivência precoce da sexualidade entre adolescentes e jovens leva a muitos a assumirem precocemente a paternidade. Trata-se de um dilema! Muitos não têm maturidade para serem pais de família, outros não têm estrutura (casa, trabalho etc.), e os filhos terminam por serem criados pelo avô ou avó. Estes, muitas vezes, são obrigados a acolher e criar, para evitar maiores sofrimentos. Encontramos aqui a grande responsabilidade dos pais e mães de famílias, que devem educar os filhos para a paternidade. Educar através da palavra e do exemplo, mais deste do que daquela. Se tivermos pais e mães responsáveis, a tendência é termos futuras famílias bem estruturadas. Um dos fatores que explicam o mal na sociedade é o grande número de famílias desestruturadas.

A fidelidade ao compromisso assumido deve levar os pais a serem felizes e fazerem suas famílias felizes. A fidelidade à esposa e aos filhos deve ser vivida harmoniosa, afetiva e amorosamente. A fé aparece como elemento importante na vivência do amor, pois a fé nos une a Deus, que é amor e fonte do amor. Roguemos, pois, ao Pai dos pais, para que nossos pais busquem cada vez mais se espelhar na bondade divina e serem em nossas casas exemplos de fidelidade, honestidade, seriedade, responsabilidade e respeito. Que Deus ajude aos pais desempregados a encontrarem uma fonte de renda que seja suficiente para o sustento necessário de seus filhos. Demos graças a Deus pela vida e pelo testemunho de nossos pais!

Tiago de França

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